A Garota Dos Meus Sonhos

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Katelyn se encanta com as músicas que a banda toca na inauguração do café, ela achou que seria um lugar mais calmo, mais reservado. A ideia é que de manhã até a tarde seja apenas um café comum, onde as pessoas possam fazer suas refeições normais, a noite vira uma espécie de pub, com shows ao vivo e bebidas para quem quiser se divertir. Embora estivesse bastante cheio, o ambiente era agradável e a música era animada, mas algo além disso incomodava muito a menina sentada a mesa, ela esperava que o encontro delas não fosse daquela maneira, quando Júlio lhe mandou o endereço, ela não olhou direito, apenas respondeu com um ok e foi se aprontar, quando estavam se aproximando, foi que ela pereceu onde estava e levou um pequeno susto, mas ao entrar no local, percebeu que não era exatamente como em seu sonho, então esperava que a Pietra, não existisse de fato.
Agora ela estava confusa, a confissão de Pietra no banheiro dizendo que queria beijá-la a deixou balançada, sua única esperança em meio a todo esse caos, era de que a garota que lhe tirava o sono, não sentisse também, desejo por ela.

Pietra se entregava a música como se por ela, podesse fugir de todos os problemas que a cerca essa noite, em uma música mais lenta, de sua própria autoria, onde ela fala de amor e mudanças, uma lágrima brinca em seus olhos, mas ela se mantém firme e por diversas vezes encara a menina na mesa que também não tira os olhos dela. Pietra sabe que Katelyn gosta dela também, não queria que isso acontecesse e pensa em contar para Júlio sobre os sonhos, mas ao mesmo tempo, tem medo do que seu amigo vai pensar ao seu respeito. Ao longe ela vê seus pais abraçados e assistindo ao show, desejou por um momento que aquela cena congelasse ali, pra sempre, por que no fim da noite, ela sabe a barra que vai enfrentar quando voltar pra casa.

***

- Amiga você precisa experimentar essa batida de capim-limão, é uma delícia.
- Não obrigada.
- Vai beber energético e água a noite inteira mesmo Katy? Por favor, a gente veio se divertir.
- Eu não vou beber e ponto final, não é você quem vai me convencer.
- Chata, chata pra caramba, muito chata.
- Eu também te amo Giovanna.
- Você vai terminar com o Júlio não vai?
- Por que?
- Por que você encontrou a garota com quem sempre sonhou.
- E você acha que ela vai ficar comigo?
- Acho, mas só se você terminar com ele, por que enquanto vocês dois estiverem juntos, ela não vai se declarar.
- E se ela não gostar de mim assim?
- Vai por mim amiga, a Giovanna sempre tá certa, escuta o que estou falando.
- Eu tenho medo de você as vezes sabia?
- Ah normal, causo isso vez ou outra nas pessoas. - Brinca Giovanna dando mais um gole em sua bebida. - Mas é sério amiga, você tem que pensar no que vai fazer agora, você não pode simplesmente dizer pra ele que se apaixonou pela melhor amiga dele e que vocês vão viver uma linda história de amor.
- Eu sei Gio, mas eu não quero magoar o Júlio.
- Katy, você nem gosta dele.
- Mas tenho que respeitar independente de gostar ou não. Mas contar sobre os sonhos não vai ajudar né?
- Ele vai te achar louca.
- Eu sei que é difícil as pessoas entenderem.
- É, ele vai te achar louca.
- Eu sei.
- Eu te achei louca.
- Já entendi Giovanna.
- Brincadeira amiga, mas pensa em algo logo, um dia mais, uma dor a mais, ele merece que você seja no mínimo sincera com ele.
- Eu vou fazer isso, mas não hoje, ele tá tão animado com o show e tudo mais, amanhã, quando toda essa euforia tiver passado, eu converso com ele.

Katelyn tinha medo do que Júlio poderia pensar ao seu respeito, e mesmo terminando com ele, ela não saberia como poderia se aproximar de Pietra, afinal, ela continua sendo a melhor amiga dele.

***

A banda termina sua última música e começam a guardar seus instrumentos, agora a música vai ficar por conta de um DJ que vai usar uma play list para animar o ambiente.
Pietra vai procurar o pai para pedir alguma coisa para comer, já estava tarde e ela estava faminta.

- Vocês foram ótimos minha filha.
- Obrigada pai.
- E então, e a menina?
- Tá lá com a amiga dela. Eu não sei o que fazer em relação a ela.
- O que você tem em mente a princípio?
- Contar a verdade para o Júlio.
- Ele vai te achar louca meu amor.
- Eu sei, mas eu preciso tentar.
- E você acha que ele vai reagir como?
- Eu não faço ideia.
- Bom, seja como for, sabe que eu vou sempre estar aqui pra você não sabe?
- Sei sim pai, obrigada.
- E aí tio, faz um sanduíche desse aí pra mim, tô cheio de fome. - Chegou Júlio falando.
- Em cinco minutos campeão.
- E então, como tá sendo pra você.
- Complicado.
- Por que? Eu achei que essa seria a melhor noite das nossas vidas.
- Júlio... - Pietra suspira. - Você ama a sua namorada?
- Por que você tá me fazendo essa pergunta? Qual foi Pietra, você me prometeu que não daria em cima dela.
- Mas eu não dei, juro, só quero saber se você a ama.
- Não.
- Como não?
- Você me perguntou e eu estou te respondendo. Não, eu não a amo, mas gosto muito dela sabe, só que tem vezes que ela parece não ligar muito pra mim, assim como você.
- Até nisso? - Ela ri fraco.
- Pois é, esse lance dela querer estar sempre sozinha me assusta um pouco, ela é reservada de mais, eu não sei absolutamente nada sobre ela, não sei sobre os pais dela, nem de onde ela é, ela nunca fala, tá sempre na dela, e acho que só ficou comigo porque a Giovanna coloca pressão.
- O que é bem errado.
- Pois é, mas as vezes a gente faz umas loucuras pra agradar uns amigos né?
- Por que você insiste nela então?
- Não sei, talvez por que eu precise aprender a gostar de alguém pra esquecer um outro alguém.
- Isso não é certo Júlio.
- Você ficou a fim dela não ficou?
- Não é isso.
- Não mente pra mim Pietra, pode ser sincera, aposto que de alguma forma você mexeu com ela também e amanhã ela vai terminar comigo.
- Não seja bobo, ela não gosta de meninas.
- Eu não teria tanta certeza, percebi que ela ficou te olhando a noite toda.
- Claro, nós estávamos tocando.
- Você entendeu o que eu quis dizer, só confessa que você tá afim dela por favor, eu não vou ficar chateado com você.
- Lembra quando eu disse que gostava de uma garota, mas não tinha certeza se ela existia?
- Lembro sim.
- Pois é, é ela.
- Como assim, vocês se conheceram como?
- Eu sonhava com ela.
- Sonhava? Tipo, quando ia dormir?
- É, toda noite.
- Que doideira Pietra. Por que isso acontecia?
- Eu não sei te dizer, só sei que um dia eu sonhei com ela e desde então não parou mais, eu acabei me apaixonando pela feição dela sabe? Sei que parece ser idiota tudo isso que eu tô falando, mas é a pura verdade.
- É difícil de associar, mas é aceitável.
- É, mas agora eu não sei o que fazer.
- Faça o que você tiver que fazer, chame ela pra sair, conheça a garota dos seus sonhos de verdade e seja feliz, eu aposto que vocês tem muita coisa em comum.
- Você tá abrindo mão da sua namorada por mim batedor?
- São esses tipos de loucura que eu costumo fazer pelos meus amigos. Você sem dúvidas é a primeira da lista.
- Talvez você se arrependa e se ela não gostar de mim? Ela nem gosta de garotas. Aí meu Deus! Eu tô viajando aqui.
- Porque que você não vai lá fora e não pergunta tudo isso a ela? Vai deixar a oportunidade passar?
- Você ainda é namorado dela.
- A gente pode resolver isso rápido.
- Não Julio, não é assim.
- Prontinho campeão, tá aqui seu lanche.
- Obrigado tio. Me faz mais um favor?
- Claro, só falar.
- Diz pra sua filha deixar de ser turrona e ir atrás da garota dela.
- Você já sabe?
- Não sou tão burro assim.
- Eu ainda não sei o que ela tá esperando. - Diz Jeremias se sentando a mesa.
- Tô esperando a coragem chegar. - Pietra diz sem graça brincando com os próprios dedos.
- Você não vai agarrar ela e beijar Pietra, chame ela pra sair, conheça a menina, se rolar, ponto pra você. - Seu pai diz.
- Não é tão simples assim.
- É sim. - Dizem os dois com pequenos sorrisos no rosto a encorajando.

Pietra tem medo da reação da menina, mas sabe que o que sente por ela é real, já são dois pontos favoráveis, primeiro Katelyn existe, segundo também sente atração por ela, embora ela tenha tentado convencer seu amigo do contrário.

***

- Onde tá seu namorado em? Vou embora sem me despedir dele.
- Eu não sei, vamos esperar só mais um pouco, ele vai aparecer, eu vi ele indo lá para dentro.
- Eu adorei esse lugar amiga, podemos voltar mais vezes né?
- Também gostei.
- Que foi Katelyn? Parece desanimada, não gostou da festa? - Pergunta Pablo.
- Gostei sim, muito, é que eu tô com a cabeça um pouco longe hoje.
- Vai procurar por ela? - Pergunta Giovanna ao seu ouvido.
- Não.
- Por que não?
- Por que eu não devo.
- Aí meu Deus, que garota complicada Senhor, isso é o que, teste de paciência que o Senhor resolveu fazer comigo? - Giovanna pergunta olhando para o céu erguendo os braços.
- Que isso amor? Acho que você bebeu de mais em. - Pablo fala aos risos.
- Parece que alguém ficou bem animadinha essa noite em. - Pietra chega rindo.
- Estou no meu estado normal se vocês querem saber, não há no mundo, bebida alguma que me derrube. - Responde se sentando.
- Sério? Dei uma olhada no catálogo de drinks do meu pai e vi uns bem forte. - Pietra e Júlio se sentam na mesa.
- Bebi todos se você quer saber minha querida.
- Então eu tiro meu chapéu pra você, desde que você confesse que está um pouquinho zonza.
- Não preciso do seu chapéu, obrigada e não, não confessarei nada. - Fala tirando risadas de todos a mesa.
- Tá bom Gio, já que o Julio chegou, vamos embora.
- Mas você já vai? - Julio pergunta segurando sua mão.
- Tá tarde já.
- Não falei? Estraga prazeres, eu achei que quando essa garota começasse a namorar, ela iria ficar mais sociável, mais fácil de se lidar, mas não, continua a mesma velha dos gastos. Júlio, você não está fazendo um bom trabalho meu amigo, hum hum, não está, vou acabar dispensando você dos seus serviços.
- E eu sou contratado?
- Não, mas deveria, assim seria mais fácil dispensar você.
- Por que a Katy quer me dispensar?
- Tá bom, chega dessa conversa. - Katelyn fala exasperada. - Pablo por favor, dá um jeito na boca da sua namorada.
- Eu gostaria de saber onde essa conversa vai dar. - Pietra comenta querendo colocar mais lenha.
- Você vai comigo? - Katelyn ignora a todos e se direciona a Júlio.
- Não, vou ficar por aqui.
- Tem certeza?
- Absoluta, mas você não acha um pouco cedo não? Fica mais um pouco, a noite tá só começando.
- Eu quero mesmo ir pra casa.
- Estraga prazeres. - Giovanna implica.
- Você pode ficar Giovanna, eu levo sua amiga pra casa, meu pai não vai embora tão cedo mesmo, eu pego o carro dele. - Pietra diz sem muita emoção.
- Não senhora, você bebeu que eu vi, então não, preciso da minha amiga intacta amanhã, por favor. Amiga, só mais uma horinha e aí vamos todos juntos que tal?
- Ok Giovanna, uma hora, nada mais tá certo?
- Tá certo, perfeito, te amo amiga. Então Pietra, teu pai tem catálogo de vinho?
- Tem sim, vamos lá no bar que vou pegar pra você.

Pietra sai da mesa com Giovanna e Pablo, os dois continuam ali, Katelyn se sentiu um pouco incomodada e sem jeito, Júlio pensa em como dizer pra ela que quer terminar, e em meio a tudo isso, o silêncio se faz presente.