- Obrigada por ter aceitado meu convite.
- Tô curiosa pra saber o que tanto você quer falar comigo.
- Tem tanta coisa que eu quero falar com você Katelyn.
- Pode começar então.
- Eu sonhei tanto com esse dia, literalmente.
- Seus sonhos ultimamente foi a gente se encontrando aqui?
- Foi sim.
- O meu também.
- Ao menos dessa vez foi como nós sonhamos, só eu e você.
- E o que acontece agora?
- Agora eu não sei, meu avô costuma dizer que as melhores coisas acontecem de repente, então vamos ver o que acontece de agora em diante.
- Seu avô é um homem muito inteligente
- É sim, você provavelmente vai gostar de conhecê-lo.
- Eu já conheço.
- Já? Desde quando? - Pietra arqueia uma sombrancelha.
- Teve um dia que eu vim aqui atrás de alguma resposta pra loucura toda que eu tava vivendo, tinha visto um comercial na TV sobre a inauguração do café e te vi na foto da banda, mas quando cheguei aqui ainda tava fechado e em obras, acho que seu avô era responsável pela equipe que estava trabalhando, trocamos umas poucas palavras, mas eu gostei bastante dele, ele é no mínimo muito intrigante sabe?
- Ele é sim, parece que lê pensamentos as vezes.
- Foi com essa impressão que eu fiquei. - As duas dão risada.
- Eu nunca contei pra ele dos sonhos que eu tinha com você, não literalmente.
- Mas você contou pra alguém?
- Para meu pai, ele sempre soube.
- E o que ele achou disso?
- No início ele torcia pra que você fosse real, assim como eu, depois ele começou a achar que era loucura e me pediu pra tirar você da cabeça, agora ele torce pra que a gente se entenda.
- Eu posso dizer quase a mesma coisa da Giovanna.
- Porque quase?
- Por que ela nunca acreditou até te ver.
- E seus pais? Eles sabem? Ao menos sabem que você gosta de meninas?
- Não e não. Perdi minha mãe já faz algum tempo e não tenho uma boa relação com meu pai sabe?
- E você mora com ele?
- Não, eu moro sozinha, mas ele paga todas as minhas despesas, de casa e da faculdade, acho que como uma maneira de se redimir.
- Por que ele tem que se redimir com você?
- É complicado, a gente pode falar sobre isso um outro dia?
- Claro, desculpe ter me intrometido.
- Não foi uma intromissão, tá tudo bem.
- Quer comer alguma coisa?
- Não obrigada, eu tô bem.
- Ah que isso, eu posso pedir a chefe pra fazer umas panquecas, o que me diz, me faz companhia?
- Tudo bem, panquecas são sempre bem vindas.***
- Mãe, da pra senhora fazer uma porção de panquecas por favor?
- Eu não quero você trazendo suas namoradinhas aqui Pietra, tudo tem um limite e isso eu não admito.
- Por favor mãe, aqui não.
- Aqui sim por que é aqui que você tá. Quero que você a leve embora.
- Não. - Pietra grita.
- Eu não vou discutir com você.
- Não estamos discutindo.
- Pietra vai embora e leva essa garota com você. - Anne se altera.
- O que está acontecendo aqui gente? Pelo amor de Deus, lá do balcão da pra ouvir vocês, nós temos clientes.
- Vô, da pra você pedir a minha mãe pra deixar de ser tão implicante e me deixar viver a porcaria da minha vida do meu jeito?
- Oh minha querida, eu não vou me envolver nessa briga de vocês, sua mãe tem as razões dela, assim como você tem as suas, ao seu tempo, cada coisa vai começar a se encaixar, não se preocupem.
- Ah por favor seu Genaro, isso não é hora pra filosofia barata.
- Pietra meu anjo, por que você não vai dar uma volta com a sua amiga?
- Porque eu tenho que ir embora vô? Eu não quero ir.
- Você prefere chatear mais a sua mãe?
- Mas eu não tô fazendo nada.
- Pietra, apenas chame sua amiga e vá dá uma volta por favor, peça desculpas a ela e explica que hoje não está sendo um bom dia, eu tenho certeza que ela vai entender.
- Isso não é justo.
- Vai querida, mais tarde nos falamos.***
- Você se importa se formos a outro lugar?
- Porque você tá chorando? - Katelyn se levanta preocupada.
- Me desculpa Katelyn, mas hoje não está sendo um bom dia.
- Não tudo bem, melhor eu ir pra casa, espero que você fique bem.
- Não vai embora ainda não, me faz companhia mais um pouco, eu não quero ficar sozinha, eu só não quero mais ficar aqui.
- Claro.Katelyn e Pietra saem do café sem dizerem mais nada, elas caminham em silêncio por algum tempo, Pietra se senta no banco de uma praça e fica olhando as crianças brincando, Katy apenas observa a morena que ainda tem lágrimas nos olhos.
- Me desculpe por hoje.
- Tá tudo bem Pietra.
- Não, não tá tudo bem, eu queria que a minha mãe fosse um pouco mais compreensível, só um pouquinho sabe, a ponto de não implicar tanto, de me deixar em paz, mas não, ela tem que questionar, tem que opinar, tem que fazer graça. Eu não aguento isso não sabia?
- Você aguenta sim, você aguenta tanta coisa, você nem imagina, somos capazes de fazer loucuras inimagináveis quando estamos dispostas a alguma coisa.
- Você diz isso por que não conhece a minha mãe.
- É difícil pra ela te aceitar?
- Ela diz que eu tô fazendo tudo errado.
- É que ela não entende que pra você é o certo, ela veio de uma época diferente, teve uma criação diferente, não deve ser mesmo fácil pra ela se adaptar as mudanças.
- Não Katelyn, não é tão fácil assim. É bem mais complicado que isso.
- Sabe Pietra, eu vivo dizendo isso pra Giovanna em relação ao meu pai toda vez que ela insiste que eu tenho que ligar pra ele. A verdade, é que cada um faz a escolha que lhe cabe.
- Mas eu não fiz uma escolha, eu não vou contra os meus conceitos e ponto, ela precisa entender.
- Eu não falo de você, falo dela.
- Você não mora com o seu pai pelo mesmo motivo?
- Eu não moro com o meu pai por que eu não tenho um de verdade.O celular de Pietra toca.
- Oi pai.
- Oi meu amor, onde você está? Seu avô me contou o que houve no café.
- Tô na praça, tá tudo bem, quando eu chegar em casa a gente conversa.
- Você tá sozinha?
- Não.
- Tenha juízo querida, por favor.
- Pode deixar.Pietra se aquieta outra vez e sente seus olhos marejados novamente, ela tenta disfarçar, mas acaba escondendo o rosto entre as mãos e Katelyn fica sem saber o que fazer, ela pensa em começar um assunto diferente, mas acaba ficando sem ideias, então timidamente ela segura o dedo mindinho de Pietra e aos poucos vai tomando sua mão para si, elas se olham e Katy dá um sorriso tímido e de vagar a puxa para um abraço.
- Ainda bem que você não é só mais um sonho.
- Ainda bem.Elas ficam abraçadas mais um pouco e se afastam de vagar, se olham e Pietra encara os lábios de Katelyn, mas a mesma acaba se afastando, envergonhada ela se endireita no banco e abaixa a cabeça.
- Desculpa, eu ainda não sei como lidar com tudo isso. - Pietra diz sem jeito.
- Com tudo isso o que Pietra?
- Com todo esse sentimento, eu não sei o que fazer, como fazer, como agir na sua frente.
- Eu também não.
- Mas eu quero te beijar, disso eu tenho certeza e isso, é toda vez que eu te vejo. - Ela fala baixo.
- Eu tenho medo.
- De que?
- Não sei, talvez de não gostar, nunca fiquei com uma garota antes.
- Você só vai saber quando ficar então.Elas se olham mais uma vez e Katelyn suspira fundo, ela não quer arriscar assim, não em público.
- Talvez não hoje.
- Tudo bem, provavelmente você nunca mais vai querer me ver. - Pietra cruza os braços.
- Eu não diria isso. - Katy sorri de canto.
- Então isso quer dizer que eu ainda tenho uma chance com você?
- Talvez.
- Você é difícil sabia?
- Que bom, gosto assim.
- Eu também.
- Quer ir na minha casa? - Katy pergunta meio desinteressada.
- Quando? Agora? - Pietra se anima.
- É, agora. - Katelyn diz olhando pra longe. - Eu sei que você não tá bem e ficar um pouco longe disso aqui faz bem, ao menos pra mim funciona.
- Eu agradeço a preocupação e você tá certa, gosto de fugir um pouco quando as coisas não estão indo tão bem.
- Então você vai comigo?
- Se eu não for te incomodar.
- Não, não havia feito planos pra hoje a não ser estar com você.
- Essa é a melhor coisa que eu ouvi o dia todo sabia?
- Que bom, vou chamar um Uber então.
- Enquanto esperamos, quer tomar um sorvete?
- Claro, será ótimo.As duas se encaminham a uma carrocinha na praça e pedem dois sorvetes, Pietra parece um pouco mais animada e as duas engatam em uma conversa mais solta, por um momento, Pietra esquece todos os problemas com a mãe.
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A Garota Dos Meus Sonhos
RomanceKatelyn é uma jovem que mora sozinha e faz faculdade de letras. Pietra é outra jovem que mora em outra cidade e tem uma banda. O que as duas tem em comum? Um sonho, melhor, muitos sonhos, literalmente, embora nunca tenham se visto e sequer pensam em...