Capitulo IV

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Depois de um tempo, todos foram embora. Arrumamos a casa e fomos dormir.

- Tô exausto. - Disse ele se jogando na cama só de cueca box preta.

- Também. - Sentei na ponta da cama, encarando-o.

Senti vontade de me deitar, mas algo me impedia. "Ele namora" falei mentalmente.

- Merda... - Pensei alto.

- O que aconteceu? - Ele se sentou ao meu lado rapidamente. - Hey - Ele levantou meu rosto e me encarou profundamente. - Você sabe que tudo que aconteceu aqui, nunca poderá sair daqui, né? - Segurava minha vontade excessiva de chorar. - Bob... Eu não te amo Bob. Eu amo a Lucy. Eu sempre amei ela. Você... - Ele pensou no que ia falar. - Eu só queria alguém para ficar, estávamos chapados, no calor do momento, você não pode me amar, Bob.

- Acho que não podemos escolher quem iremos amar ou não. - Disse levantando e indo embora.

Desci as escadas correndo, coloquei minhas coisas dentro da mochila que estava na sala, abri a porta e a bati.

- Bob - Patrick saia atrás de mim colocando a camisa, a rua estava vazia, deveria ser umas 3 da manhã. - BOB - Ele segurou meu braço e me virou. - Bob, você tem que parar de chorar assim.

- E você tem que parar de achar que eu sou obrigado a não me apaixonar por você.

- Você acha que o que? EU NÃO TE AMO BOB, NÃO TE AMO, VOCÊ É SÓ O MEU AMIGO, E NUNCA, NUNCA VAI PASSAR DISSO. - Ele bufava de raiva. - Você acha que eu não tentei? Você acha que eu não tentei sentir algo por você? Você pode achar que está sofrendo com isso, mas eu estou mais. Porquê eu não queria te magoar, em nenhum momento eu quis.

- E você acha que eu quis te amar? O meu único amigo dessa cidade, e eu acabo me apaixonando por ele, você acha que em algum momento eu quis algo assim? Eu queria não te amar. Eu queria ser só seu amigo, mas você... - Tentei ver o seu rosto através das lágrimas. - Você é incrivelmente apaixonante. O seu sorriso, o seu jeito, as coisas que você faz. Eu queria não sentir nada. Mas cada vez que eu tento, eu lembro os motivos pelo qual te amo, eu lembro que o seu sorriso deixa o dia feliz. Deixa o meu dia feliz.

- Eu não te amo.

- Eu sei.

- Eu não te amo.

- Eu sei.

- Eu... Eu odeio você. Eu odeio porquê eu te amo.

- Me abraça, por favor?

Ele veio ao meu encontro, me abraçou. Me perdi no cheiro único de sua pele. Me lembrei de respirar, pois caso contrário já estaria com falta de ar.

- Volta para dentro, vamos se deitar. - Apenas o segui, estava cansado demais para discutir.

Deitei próximo do seu peito e ele permitiu. O respirar fundo dele tomou conta dos meus ouvidos até eu adormecer, meio desconfortável. Mas mesmo assim próximo a ele. E era isso que importava.

~••~

- PATRICK, O QUE É ISSO?! - Acordamos em um salto de um grito extremamente agudo e desconfortável. Ela me encarava com uma expressão mortal em seu rosto.

- É sua mãe? - Perguntei ao Patrick que me devolveu uma encarada do tipo "cala a boca" arregalando os olhos.

- Mãe? - Disse ela vermelha de raiva. - EU SOU A NAMORADA DELE! - Não consegui evitar, cai na gargalhada. Os dois me encaravam atônitos e eu não conseguia controlar a risada.

- Bob - Disse Patrick, em meio a minha gargalhada. - Essa é a Lucy, minha namorada. - Ela começou a bater o pé no chão e cruzou os braços, me fazendo rir mais. - Lucy, esse é o Bob, o meu...

- SEU O QUE? AMANTE? SUA PROSTITUTA? SEU OBJETO SEXUAL? - Parei de rir na hora e a encarei, desejando a sua morte de diferentes formas.

- Meu melhor amigo. - Dei um sorriso irritante para ela propositalmente, ela fervia de raiva, não era do meu fetio fazer esse tipo de coisa, mas a situação estava me forçando a isso.

- Acho melhor eu ir. - Nenhum dos dois protestaram, provando que eu realmente deveria ir. Peguei minhas coisas e sai o mais rápido possível daquela casa, sem me despedir.


Cheguei na casa da minha tia e as coisas ainda estavam no chão. Minha tia estava na cozinha, fazendo o café, e minha mãe provavelmente no quarto, dormindo.

- Sentimos sua falta. - Disse ela, com um sorriso acolhedor. - Nunca vi sua mãe dormir tão tranquila como de ontem para hoje, está dormindo desde as 22:00. - Sorri em resposta. Aqui, encontraríamos a nossa paz. Decidi não ir para a escola hoje. Fui subindo as escadas da minha tia e me deparei com um longo corredor. Andei até uma das portas e a arreganhei. Queria dormir, apenas isso. Me joguei na cama e desejei nunca mais acordar, desejei nunca mais ter que viver. Estava cansado. Como fisicamente, como psicologicamente. Virei de lado e encarei a parede mofada e descascada. Meus olhos começaram a pesar e a última coisa que eu pensei foi no seu sorriso.

~••~

- Filho? - Minha mãe me balançou devagar, até eu acordar.

- Hm.

- Patrick está aqui. - Abri os olhos instantaneamente e encarei a porta. Ele estava lá, com os dois capacetes na mão, e um casaco preto escrito "Fuck Off". Sorriu de canto de rosto para mim, me fazendo fechar os olhos e sentir no meu peito um peso desconhecido. - Vou deixar vocês a sós. - Minha mãe, ao sair do quarto, fechou a porta.

- Tá bem? - Disse ele, sentando na ponta da cama.

- uhum. - Fechei meus olhos desejando que aquilo fosse um sonho.

- Tava pensando - Abri meu olhos, ele encarava a parede. - Que tal sairmos esse final de semana? Vou num sítio do meu tio. Ele vai vir para cá e disse que ia liberar o sítio para mim.

- Hoje já é quinta, pretende sair amanhã?

- Sim.

- Pode ser.

- Vou falar com a sua mãe.

- Ok.

Eu só queria dormir e esquecer tudo. Fechei os olhos e senti ele se deitando do meu lado, "seja um sonho", pensei. Mas não era, ele estava ali, dizendo que eu não podia amar ele, mas ele era apaixonante. Estava perdido no seu cheiro e queria continuar perdido por um longo tempo.

O Que Meu Coração Me DizOnde histórias criam vida. Descubra agora