Capítulo VI

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Atenção, esse capítulo contém partes pesadas e que podem causar um desconforto ao leitor, se não se sentir a vontade com a leitura, abandone-a imediatamente, a cena foi real, e continua acontecendo diariamente com milhares de pessoas. Atenciosamente, Eremnos.

Estávamos deitados juntos, eu em seu peito. Sentia ele subir e descer. 4 segundos. Subia, 4 segundos, descia. Não queria sair dali, nunca. Encarava a escuridão e processava tudo que tinha acontecido. Como ele podia dizer que éramos apenas amigos? Isso era impossível. Era realmente impossível.

- PATRICK! - Scott gritava, já abrindo a porta. Levantamos rápido, Scott não tampou os olhos enquanto nos vestimos, provavelmente por conta da intimidade já existente. - Patrick, a Lisa, ela desmaiou do nada, acho que foi coma alcoólico.

- Merda. - Patrick se trocou mais rápido, pegou a chave da moto que estava no criado-mudo e foi correndo. - Scott, você não está em condições de dirigir um carro, vá com a moto, leva a Amy com você. Sara, vem comigo no banco da frente, Lisa vai deitada atrás. E Bob - Ele me encarou, desesperado. - Merda, não tem lugar. Tudo bem se você fic...

- Sim, claro, tudo bem, vão logo, vou arrumando um pouco aqui. - Ele falou um "obrigado" somente com os lábios e deu um sorriso fraco. E saíram correndo, Scott com Sara nos braços.

Após eles saírem, me joguei no sofá e respirei fundo. Estava sozinho. Num sítio. A quilômetros de distância da cidade. 12,5 Km, para ser exato. O sítio mais perto estava a 1 Km daqui. O medo tomou conta do meu corpo. Me arrepiei. Sozinho. Estava sozinho. falei para mim mesmo que estava tudo bem, que nada ia acontecer, mas o mal pressentimento não saia do meu peito.

Track. Dei um salto. Fui andando em direção a cozinha, porta somente com uma fresta, dando abertura ao vento gelado da madrugada. Peguei meu celular. 3:47 AM. Respirei fundo, peguei uma faca de cortar carne nas gavetas. Fui em direção a porta e a abri um pouco. Logo após, a arreganhei. Um gelo tomou conta do meu peito. Dei um suspiro de alívio. Um cachorro. Apenas um cachorro revirando o lixo atrás de algo para comer. Ri de nervoso e de mim mesmo da situação que me encontrava. Com o corpo enrijecido e com uma faca na mão. Fechei a porta, joguei a faca na pia e fui para o sofá novamente. Me deitei, iria dormir um pouco, estava exausto. Meus olhos fechados escutei outro barulho, vindo do portão. Ignorei, provavelmente era o cachorro saindo. Mas então, ouvi passos.

- Patrick? - Falei na esperança de ser ele, mas não ouve resposta. O medo voltou, eles demorariam e muito. Tinha passado no mínimo 10 minutos, ainda demoraria 2 horas e talvez mais. Ouvi a porta se abrir, fingi estar dormindo. Escutei os passos e senti alguém se aproximar, ficar em pé na minha frente. "Que seja um sonho", repeti diversas vezes, sentia meu corpo suando frio, tentava abrir os olhos um pouco, para conseguir enxergar, mas estava com muito medo para isso.

- Shh. - Ele tampou a minha boca com as mãos, comecei a me debater, mas ele foi para cima de mim com seu corpo, ele tinha o dobro do meu tamanho, e consequentemente o dobro da minha força. Ele me levantou e me jogou no chão, urrando com a força.

Me deu uma bicuda no estômago, e outra na cara. E depois distribuiu socos por todo o meu corpo, tentava em vão me defender dele, mas tudo doía, senti o gosto metálico do sangue em minha boca. Sangue escorria da minha sobrancelha e da minha boca. Elas se misturavam com as lágrimas que continuavam a descer. Eu lembrava daquela sensação, eu sabia o que ia acontecer, já passei por aquilo diversas vezes. Tentei olhar para o cara, mas na minha mente só vinha o rosto do meu padrasto, minha visão turva por conta das lágrimas que desciam sem controle. Escutei-o tirar o cinto e abrir sua calça. Estava imóvel, não conseguia mexer um milímetro do meu corpo.
 A partir do momento que eu senti ele dentro de mim, não senti como se fôssemos um só. A partir do momento que ele enfiava, cada vez mais forte, eu senti nojo do meu corpo. Não queria me mexer, não conseguia gritar. As lágrimas saiam dos meus olhos sem eu emitir nenhum som, em nenhum momento.
  Eu só conseguia pensar no Patrick e como agora pouco tinha sido a melhor noite da minha vida, ele tinha esse poder, criar os melhores dias da minha vida. Mas agora esse sempre vai ser assombrado por esse momento.
Ele havia terminado o seu "serviço". Saiu de dentro de mim cambaleando para trás. Havia me sujado nas coxas e nádegas. Depositou em meu rosto um beijo molhado e nojento.

- Obrigado. - Ele saiu andando, fechou a porta indicando sua saída. O que eu deveria dizer? "De nada"? Continuei deitado, chorando, sem me mexer. Desejei que ele tivesse me matado, desejei ter sido morto por ele. Não conseguia me mexer, então preferi continuar deitado ali, até que alguém chegasse. Até que alguém me salvasse.

O Que Meu Coração Me DizOnde histórias criam vida. Descubra agora