Entrelinhas

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Começo a perceber o que temos que fazer para estar nas poesias.

Temos que machucar, ferir, cortar, derramar sangue, usar, humilhar e abandonar.

Presença não significa tanto quanto ausência.

O amor não consumado parece mais importante que o amor conquistado.

E continuamos a perder o que está bem diante dos olhos. Se ao menos pudéssemos parar de olhar pra trás...

Dar a mão,  carinho,  respeito, proteger, cuidar e amar não nos torna imortais na vida e na história de alguém.

         Não imortais. ..
         Jamais imortais.

Aqueles que amam podem ser lembrados vez por outra. Mas, aqueles que ferem não são jamais esquecidos. 

        Não esquecidos.
        Nunca esquecidos.

Parece-me que as melhores poesias nascem da dor.

É mais fácil escrever sobre dor e perda.

Parece que a alegria e felicidade nada tem a nos dizer. Nada de relevante, ao menos. 

Parece um hábito da maioria das pessoas usarem traumas e destes extrair sua inspiração.

               ... Eu sei...

                Já estive lá.
           Eu já o fiz também.

Aqueles que amam, sequer estão nas entrelinhas dos poemas.  Porém,  aqueles que machucam,  estão presentes na superfície da maioria deles.

Você quer merecer um poema?
Retire a bandagem.

Quer ser lembrado?
Vá embora.

Espelhos, Máscaras E Outros Fragmentos Da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora