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M A N O E L A

Sem velório, foi isso que eu, Rita e minha tinha decidimos! Eu não queria ver meu pai deitado dentro de um caixão totalmente sem vida! Eu preferia lembrar dele sorrindo, falando da expectativas de ser avô pela primeira vez e a oportunidade de ser pra minha filha o que ele não foi pra mim! E infelizmente ele não vai ter essa oportunidade!

Eu não tinha mais lágrimas para chorar, era como se todas elas tivessem secado, só que a dor parecia aumentar a cada minuto que se passava e só de pensar que daqui a alguns minutos eu nunca mais vou ver meu pai, isso estava me destruindo por dentro.. Eu estava me vestindo para ir para o enterro do meu pai e isso é a coisa mais difícil que eu estava fazendo em minha vida!

- Manoela, está pronta?

- Não! - Eu disse sentada na beira da cama. - Eu não consigo fazer isso Lucas, não consigo.

Limpei uma das lágrimas que estavam escorrendo.

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Eu sei que é difícil, princesa, mas você precisa ser forte.

Lucas se ajoelhou na minha frente e segurou em minhas mãos.

- Eu não posso fazer isso!

- Seu pai ia querer que você fosse se despedir dele, Rita precisa de você!

- Ele não vai ter a chance de conhecer a Heloísa, Lucas! Não vamos ter a chance de ter uma relação de pai e filha como ele havia prometido! Meu pai morreu Lucas!

- Eu sei! E sinto muito por isso! Não consigo nem imaginar a dor que você está sentindo nesse momento, mas você precisa ir lá se despedir dele!

- Eu não posso me despedir dele! Não posso!

Abracei o Lucas e segurei sua camisa com força, eu não conseguiria me despedir do meu pai, não iria!

Lucas me deixou chorar e ficou calado todo o tempo e depois me ajudou a terminar de vestir, já que estava próximo a hora de enterrar meu pai.

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Quando cheguei no cemitério, além da minha família, os pais do Lucas, havia apenas algumas pessoas mais próximas, Rita preferiu fazer assim e eu concordei! Minha tia Ellen estava abraçada a Nicole e ambas estavam de óculos escuro! Me aproximei de Rita.

- Já está quase na hora querida.

Concordei com a cabeça, sentindo as lágrimas escorrerem e fui em direção ao caixão que estava no chão, fechado, mesmo com dificuldades me senti no chão e coloquei minha mão por cima do caixão, respirei fundo e mordi o lábio com força, buscando palavras para dizer.

- Oi pai.. - Funguei. - Eu sei que nossa relação nunca foi uma das melhores, que não conseguimos ter uma relação de pai e filha, mas mesmo assim você era o meu pai, a única pessoa que não desistiu de mim! Eu não sei como vou viver sem o senhor, eu estou sentindo um buraco no meu peito que acho que nunca vai se fechar! Eu não estava pronta para te perder, não estava pronta para viver em um mundo aonde não vai ter você e infelizmente eu vou ter que me acostumar com isso! Minha Heloisa vai nascer sem avô é isso me dói tanto, mais tanto, porque você queria ela tanto quanto eu, ela seria sua redenção e agora você não terá mais essa chance! Eu estou destroçada por dentro e vou ficar eternamente porque não tenho mais você! Eu não posso viver sem você pai, não posso! - Deitei a cabeça por cima do caixão. - Por favor, volta, não me deixa sozinha, não deixa a minha filha sozinha, por favor! Eu te perdôo, pai! Perdoou por não ter sido o melhor pai do mundo, por não ter me dado carinho, demonstrado afeto, eu te perdôo por todas as vezes que precisei de ti e você não estava! Eu te perdôo por todos os seus erros e te agradeço por ter ficado comigo! Te agradeço por não ter me abandonado assim como minha mãe! Mas eu não te perdôo agora, não te perdôo por morrer e me deixar sozinha, deixar a minha filha sozinha! Eu não te perdôo por não dar a minha filha a chance de te conhecer, por favor pai, só volta, por favor, eu preciso de você, por favor ..

Fechei meus olhos e me permite chorar, gritar, pedir em voz alta para que Deus não me tirasse o meu pai, eu não estava pronta pra isso, não ainda! Ouvi passos em minha direção e levantei a cabeça, encarando o Lucas que estava a poucos metros de distância de mim.

Fechei meus olhos e me permite chorar, gritar, pedir em voz alta para que Deus não me tirasse o meu pai, eu não estava pronta pra isso, não ainda! Ouvi passos em minha direção e levantei a cabeça, encarando o Lucas que estava a poucos metros de di...

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- Manoela, querida, está na hora.

Rita se abaixou ao meu lado e colocou uma de suas mãos em cima do caixão.

- .. Eu te amo, meu amor! Me espera que em breve estaremos juntos novamente!

- Vem Manoela, eles precisam enterrar!

- Não! Eu não quero! Não quero!

- Vem!

Eu me debatia contra os braços do Lucas, enquanto o mesmo me levantava, minha tia e a Nicole já gritavam de um lado, enquanto Rita gritava do outro, ajoelhada a poucos metros do caixão! Os funcionários do cemitério após todo o preparo começaram a descer o caixão com meu pai para o buraco e em seguida começaram a jogar terra e eu tentava me soltar dos braços do Lucas, enquanto gritava para aqueles homens pararem com o que estavam fazendo, meu pai não pode estar morto, não pode!

- Por favor, não, parem, por favor, parem!

Eu me debatia nos braços do Lucas enquanto o mesmo me segurava e dizia palavras reconfortantes para mim, que não conseguia prestar atenção!

- Pai, por favor pai, não, pai, pai! Lucas, manda eles pararem, por favor, não deixa, não deixa!

- Manoela, olha pra mim! - Minha tia colocou suas mãos em meu rosto e olhou em meus olhos. - Acabou meu amor, não a mais nada que possamos fazer, seu pai se foi!

- Não tia, não!

- Eu sei que está doendo! Eu sei que vai doer por muito tempo, mas não podemos fazer mais nada!

- Ele não vai conhecer minha filha, tia, não vai!

- Eu sei, amor! Eu sei! - Ela me abraçou e eu retribui o abraço, agarrando o seu corpo contra o meu. - Eu vou cuidar de você! Eu te amo!

Foi a última coisa que eu ouvi, porque senti todo o meu corpo fraquejar e minhas vistas escurecem.

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Doce IlusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora