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L U C A S

Acordei sentindo Manoela me balançar, eu resmunguei algumas palavras, mas continuei de olhos fechados, eu estava tão cansado..

- Lucas, a bolsa estourou!

- Manoela, depois compramos ela, por favor, estou morrendo de sono.

- Lucas, o bebê vai nascer!

- Que?

- Lucas, vai nascer, vai nascer!

- Pelo amor de Deus, pelo amor de Deus! - Me levantei correndo e a sentei na beira da cama. - Respira de vagar, conta até dez, faz respiração de cachorrinho!

Minha respiração estava acelerada, assim como meu coração e eu precisava manter a calma, para conseguir acalma-la.

- Eu preciso que você pegue minha bolsa e a bolsa da neném! Eu vou tomar banho.

- Tomar banho Manoela? Você está louca? O bebê está nascendo e você está querendo tomar banho?

- Lucas, ele não vai nascer agora, pelo amor de Deus, se acalme! Respira comigo.

Ela começou a respirar fundo e eu fui acompanhando ela, tentando me acalmar.. Ajudei Manoela se levantar e a passos lentos, fomos em direção ao banheiro, ajudei a mesma a se despir e liguei o chuveiro para ela.

- Você consegue ficar sozinha?

- Sim! Por favor, vá buscar as bolsas.

- Tudo bem! Vou ligar para minha mãe também.

- Tá bom!

Fui em direção ao quarto da Heloísa e peguei sua bolsa e a bolsa da Manoela que ficava dentro do berço voltei pro quarto.

- Filho, o que houve?

- A bolsa estourou, mãe!

- Meu Deus, então vai nascer!

- Sim, vai nascer! - Respirei fundo. - Ela está tomando banho agora e depois vamos pro hospital, ela disse que iria dar tempo, como pode dar tempo se a bolsa já estourou mãe?

- Filho, é o primeiro bebê, ele deve nascer daqui a umas doze horas!

- Sério?

- Sim! Manoela ainda irá se sentir muita dor.

- Está tentando me acalmar ou me deixar ainda mais nervoso?

- Filho, estou tentando te acalmar! Tomar banho vai ser até bom para ela! Tente se acalmar, tudo bem?

- Tudo bem! - Respirei fundo. - Quando eu estiver saindo te mando uma mensagem.

- Tudo bem! Vou acordar seu pai.

- Obrigado!

Encerrei a ligação e fui em direção a Manoela, que já estava vestida com o roupão, ajudei ela sair do banheiro, a mesma se secou e depois se vestiu com um vestido que ia até a metade de suas cochas, prendeu o cabelo com um coque mal feito.

- Conferiu se estava tudo aí?

- Sim! - Confirmei mesmo sem ter conferido! Manoela havia arrumado essas bolsas a algumas semanas atrás e todos os dias ela mexia na da Heloísa, então com certeza está tudo aí.

Essa calma dela estava me deixando do aflito, por Deus, Manoa está quase dando a luz e está tranquila desse jeito!

- Mande uma mensagem para minha tia e a Rita por favor.

- Tudo bem, eu mando mensagem pra quem você quiser, só por favor, vamos logo pra esse hospital!

- Calma, você precisa se acalmar, se não me deixa nervosa!

- Desculpa! Podemos ir?

- Sim! Mas você vai assim Lucas? De cueca?

Olhei pra abaixo e neguei com a cabeça, com o meu desespero eu nem percebi que ainda não havia colocado roupa!

Vesti uma calça de moletom e uma blusa fina de frio e peguei as bolsas, passei meu braço pela cintura da Manoela, caminhando lentamente com ela.

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M A N O E L A

Eu já estava em trabalho de parto a algumas horas, já chorei, já gritei, já soquei o Lucas, já mandei ele sair do quarto, já pedi que ele voltasse..  A dor que eu estou sentindo agora nem se compara com a dor que os livros de mãe de primeira viagem que eu li, não chega nem perto! Eu só queria que minha filha nascesse logo e eu parasse de sentir essa dor que está me matando! Lucas estava mais desesperado do que eu, o que me fazia rir por algumas vezes.

- O que acha de dançar? - A enfermeira sugeriu. - Ajuda na dilatação.

- Eu não consigo, não vai machucar o bebê?

- Não, não se preocupe, vamos de vagar tudo bem?

- Tudo bem!

A enfermeira ligou o pequeno som que estava no canto do quarto e me levou para o meio, começou a fazer alguns passos na qual eu ia imitando de vagar.

Lucas entrou no quarto e sua cara de assustado me fez sorrir.

- O que você está fazendo?

- Dançando!

- Mas isso pode? Não vai fazer mal para ela e para o bebê?

- Não! Isso vai ajudar na dilatação dela!

A enfermeira disse e o Lucas concordou com a cabeça.

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Eu já estava sem forças, já fazia algumas horas que eu fazia forças para conseguir colocar minha filha pra fora, mas estava difícil, ela parecia não querer sair! Lucas estava ao meu lado, segurando minha mão, falando palavras de consolo, mas dava pra ver através de sua voz que ele estava mais nervoso do que eu!

Minha médica gritava força, faz força, só mais um pouco! Isso não estava me ajudando em nada, estava me deixando ainda mais nervosa e eu estava ficando fraca, perdendo minhas forças e foi quando ouvi o choro que esperei ouvir durante longos noves meses.

- Nasceu! - Lucas disse sorrindo. - Ela nasceu, princesa.

- Eu quero vê-la..

Não demorou muito pra uma das enfermeiras colocar minha filha toda insanguentada em cima de mim e eu sorri, beijando sua cabeça.

Muitas vezes escutei dizerem que quando nasce uma criança, com ela nasce uma mãe, mas apenas senti a verdade dessas palavras quando pela primeira vez olhei seu rostinho e senti sua pele macia. Nesse momento senti que explodia de alegria, e soube que jamais haverá um amor maior que o que sinto por você, filho!

Ainda não o conhecia, meu filho, mas já estava apaixonada por você. Mas quando por fim apertei você nos meus braços, todo meu mundo mudou, e eu me transformei por completo. 

Jamais existirão palavras capazes de expressar com justiça o que eu senti e sinto, mas pretendo passar minha vida inteira demonstrando meu amor por você. Sinto que recebi uma bênção maior que a própria vida e a felicidade já não me cabe no peito. Eu amo tanto você, meu adorado bebê!

As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto sentia minha filha em cima de mim, a mesma chorava o que me deixava ainda mais feliz, ela estava ali, depois de toda dor, todo choro, todo sofrimento, ali estava minha filha, pela primeira vez em meus braços e eu não conseguia achar palavras para explicar o que estava sentindo.

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Doce IlusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora