Capítulo 18

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M A N O E L A

1 MÊS DEPOIS

Tenho vivido no modo automático nos últimos dias.. Eu durmo, acordo, vou pra escola, durmo e assim eu vai. Eu não sinto fome, na verdade não tenho vontade de nada, tudo que eu quero é deitar na minha cama e dormir.. Na escola eu me sento no último lugar da última fileira, cubro a cabeça com o capuz da blusa e durmo, minhas notas provavelmente despencaram e mesmo meu pai me dando um sermão, eu não me importo.. Eu não consigo olhar pro Lucas sem sentir repulsa, ele não parece nem um pouco arrependido pelo que fez comigo e isso é o que mais dói! Como uma pessoa brinca com os sentimentos de outra e nem se importa? Isso é desumano de mais! Eu não consigo entender.

Nicole até tenta me animar, mas eu não quero ninguém por perto, quero ficar sozinha o tempo todo, se eu pudesse ficar em meu quarto, deitada em minha cama eu ficaria feliz, nem pra escola eu queria vir.

- Manu, vamos?

- Aonde? - Levantei a cabeça encarando a Nicole, a sala já estava vazia.

- Pro auditório, teremos palestra!

- Não quero ir..

- É obrigatório, vamos? Por favor.

Neguei com a cabeça e ela suspirou, se sentando na cadeira em minha frente.

- .. Eu sei que o que o Lucas fez te machucou, mas você precisa superar! Você não pode ficar assim pra sempre, isso não está te fazendo bem!

- Eu não me importo! Me deixa quieta, por favor ..

- Tudo bem! - Nicole suspirou. - Mas se precisar, vou estar aqui tá?

Apenas concordei com a cabeça e observei ela sair da sala, me deixando sozinha novamente.

Deitei a cabeça novamente sobre os meus braços e fechei os olhos, até ouvir o barulho da cadeira de arrastando, levantei a cabeça novamente, encontrando um Lucas sorrindo na minha frente.

- Princesinha, quanto tempo.. - Ele disse sorrindo. - Como vai?

- O que você quer Lucas? Mas uma aposta?

Ele riu.

- Não teria a mesma graça! Queria saber se está bem..

- Como se você se importasse né Lucas?

- Claro que me importo. - Encarei seus olhos tentando procurar alguma verdade em seu rosto e ele gargalhou. - Ok, eu não me importo!

- O que você quer aqui? Tudo que fez já não foi o suficiente?

- Foi!

- Então? Você já destruiu minha vida Lucas! Acabou com meus sonhos!

- Eu te fiz crescer!

- Talvez eu quisesse ainda ser uma criança!

Ele negou com a cabeça revirando os olhos.

- Tanto drama por causa de um sexo!

- Não foi só um sexo, não pra mim! Você brincou com meus sentimentos, me usou para elevar o seu ego!

- E o que qui tem? O que tem de mais nisso?

Respirei fundo e me levantei, pegando minha mochila e colocando uma das alças nas costas, comecei a andar, indo para o mais longe possível do Lucas!

- .. A verdade dói né gatinha?

- Dói! - Me virei pra ele. - Ela não só doeu, como me destruiu!

Sai da sala batendo a porta e respirei fundo para controlar as lágrimas, eu não iria chorar por causa desse babaca, não mesmo!

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Respirei fundo, lavando a boca em seguida.. já era a terceira vez que eu vomitava o que já nem tinha mais no estômago.

Sai do banheiro tentando passar a ideia de que estava tudo bem para ninguém fazer questionamentos e fui em direção ao meu quarto, me joguei em minha cama e respirei fundo.

Eu estava zonza, além de enjoada.. Talvez seja resultado da minha péssima alimentação dês do ocorrido com o Lucas.. Eu não tenho sentido fome, muito menos vontade de viver. Até hoje não entendo porque não me deixaram morrer, estaria tudo mais fácil hoje em dia para todo mundo.

- Você não foi na palestra!

Me sentei mesmo que sem vontade na cama e encarei o meu pai.

- Eu não estava me sentindo bem!

- Vai estragar ainda mais sua vida?

- Poderiam ter me deixado morrer aquele dia..

- É isso que você quer Manoela, morrer?

- Sim! Pra você não faria diferença mesmo, não é? Você nunca me quis! Não entendo porque não me largou em quqlquer lixeira quando minha mãe foi embora.

- Você é minha filha!

- Mas você não age como se fosse meu pai!

- Já deixei faltar alguma coisa para você Manoela?

- Já! - Limpei as lágrimas que escorreu e me levantei. - Você nunca me deu amor, carinho, comigo você nem sabe o que é isso! Nas festas dos dias dos pais na escola eu era a única garota que estava sozinha, porque você não se importava em ir! Os meus desenhos que eu trazia sorrindo, você jogava na mesa antes mesmo de ver! Você abraça a Daiane, e quando foi que você me abraçou? Nunca! Você não me ama, me culpa por algo que eu não sei! Eu não pedi pra nascer, eu não tenho culpa dela ter te abandonado! Eu não pedi pra ela me deixar aqui, não pedi!

Ele não falou nada, apenas saiu do quarto, me deixando sozinha! Respirei fundo tentando controlar meu choro.

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