O Pianista

Für Elise

Temari havia sido julgada por ter contado tudo para Itachi unicamente pelo fato de que Karura e Kankuro tinham um medo extremo de que os Uchiha pudessem em algum momento fazer mal à Gaara contando sobre ele para Rasa. Bem, a família Uchiha era bem conhecida na alta sociedade japonesa assim como a própria família Sabaku, mas Temari sabia que tinha arriscado muito alto falando tudo para seu chefe – preferia pensar que Itachi era mais um amigo que um patrão -, mas ao menos agora ela tinha algo que poderia fazer por Gaara sem que precisasse de todo o dinheiro que tinha decidido juntar com Kankuro.

Além de a sorte estar a favor deles naquele momento – felizmente -. Rasa tinha voltado para casa no começo da noite quando a reunião no quarto de Kankuro já tinha sido finalizada e sem dizer muito o Sabaku muniu-se de uma mala e antes de sair novamente de casa voltou-se para Kankuro que era o único pelo qual ainda tinha algum tipo de consideração.

"- Tenho uma viagem de negócios nesse fim de semana e quero que tome conta desse lugar."

Kankuro sequer dissera qualquer coisa ao pai, apenas assentiu com um gesto firme e viu o genitor ganhar espaço porta a fora, desaparecendo com o carro algum tempo depois. Por duradouros segundos nenhum dos três resolveu dizer qualquer coisa até que seus corações se encheram de alívio e puderam respirar tranquilamente diante daquilo. Karura por si só não se importava se aquilo fora uma mentira e ele estaria indo ver uma possível amante, pois há muito tempo deixara de amar aquele homem diante do que ele tinha se tornado.

O que realmente importava, no entanto, era que a ausência dele ali era a oportunidade perfeita para que pudessem tirar Gaara daquele lugar. Temari tinha entrado em contato com Itachi que ficara esperando durante aquelas horas na clínica, deixando claro para a médica que Madara também estava ali e aquele era o momento que precisavam fazer alguma coisa pelo irmão. Quarenta e oito horas era seu prazo para tirar Gaara de casa e bolar um plano para conseguir colocar o pai atrás das grades, ou, no mínimo, muito longe de todos eles ou pelo menos longe do ruivo.

Gaara estava tão debilitado que passara toda a tarde dormindo depois de comer e quando acordou já passava das nove da noite. Era difícil se mexer sem que suas costas ardessem como ferro quente marcando a pele, mas com Temari o chamando gentilmente fora difícil não se sentar na cama para falar com a irmã. Ela o ajudou a se manter, mas sua expressão dolorida ainda causava toda uma avalanche de sentimentos ruins na Sabaku.

- Eu vou tirar você daqui hoje. – Temari lhe tomou as mãos e Gaara fitou de esguelha duas malas e as portas de seu guarda-roupa abertas mostrando que não havia mais roupa ali. – Eu sei que tá tudo acontecendo rápido demais, mas você precisa ir embora daqui e só tem essa chance.

- Mas e vocês? – A voz rouca por falta de uso quase não saíra.

- Nós vamos ficar bem Gaara. O pai saiu e vai ficar todo o final de semana fora, essa é a nossa chance de tirar você daqui, tudo bem?

Gaara parecia incerto quanto aquele plano, mas sua preocupação não era sobre seu bem-estar, mas sim de seus irmãos e de sua mãe. Se ele não estivesse ali seu pai descontaria toda a frustração de sua presença em quem sobrasse na casa e aquilo não parecia certo. O castigo não deveria ser aplicado a ele? Se ele estivesse bem então as pessoas que amava seriam alvo do algoz Sabaku. Temari, no entanto, parecia categórica em relação ao que lhe dissera.

- Você precisa ir Gaara. Nós vamos arrumar um jeito de deixar a sua vida em paz.

- Eu só tenho vocês Temari. Como posso ir embora assim?

Temari sentiu o peito se comprimir diante daquilo. As palavras de Madara estavam tão certas que ela sentia raiva em saber que o ódio do pai condicionara Gaara aquela existência medíocre onde aparentemente estava certo que sofresse por ser indigno de viver. O quanto ela naquele momento não odiava o próprio pai por conta disso? Gaara estava sofrendo e preferia continuar desde que estivesse com eles.