Leaves To Air: O domínio

1°

O verão sempre foi tedioso para mim. Alguns indo viajar, outros passando dias e dias na praia... resumindo, se divertindo. Como todos poderiam notar, essa não era a forma que eu me divertia. Para mim tanto fazia se tivesse uma porção de panquecas na mesa ou uma torta de chocolate, mas nunca escolheria passar o verão com "amigos" que não tinha. Até que...

Bem, a Melinda era minha única amiga no colégio inteiro - também com inclusão do professor de música. Passaríamos para o terceiro ano, apesar d'eu ter ultrapassado um ano no colegial quando tinha 13 anos por... Ah, como dizia meu pai, "ser mais faca na caveira" que os outros da minha idade.

A Melinda não precisava ter o título de "crânio" do ano. Ela era a garota mais rica, bonita, charmosa, talentosa em todos os aspectos e a mais importante líder do grupo Big Stars de Loreta. Seu pai, além de muito importante para a cidade de Morning Tree por seguir o legado da família Triss (sendo este a contínua produção inovadora de produtos que não eram divulgados para a maioria do povo, mas que vendiam bastante para pessoas ricas e poderosas) tinha parceria com a direção do colégio. Em todos os nossos projetos, tínhamos sempre que representar sua família por ter incentivado a importância da qualidade de nosso inesquecível produto.

E eu era um pontinho no meio de todo o caos.

Em um certo período ainda no verão, tive pela primeira vez contato com as Star's, que aparentemente de longe recebiam por qualquer pessoa o título de "meninas malvadas", coisa típica de líderes de torcida. A verdade é que só pareciam, pois na primeira oportunidade que tive de conversar com o grupo, percebi o quão legais eram. Pelo menos foi o que me demonstraram.

- Jane Sullivan?

Logo a voz da diretora foi capaz de me despertar do meu profundo sono numa simples mesa da sala de aula. Eu me assustei com a mão gelada da colega Evans que tocava meu ombro, e que também mantinha-se confortavelmente sentada em sua mesa bem ao meu lado. Assim, levantei a cabeça o mais rápido que pude e fixei os olhos na diretora que me olhava um tanto zangada... ah, talvez cansada... não sei.

- Queira me desculpar, senhora Schneider... eu tive uma noite longa. - Disse num sussurro. Fiquei confusa se ela de fato conseguiu me ouvir, mas acreditei que no momento minhas explicações à ela eram totalmente inúteis, já que de imediato começou a falar por cima do meu fraco sussurro sonolento.

- Queridos alunos, é gratificante informá-los que amanhã receberemos mais um parceiro de classe em nossa Loreta. Estou aqui para comunicar não só a chegada do queridíssimo Nathan Price, como também avisá-los que nosso novo projeto não poderá ser apresentado por motivos climáticos, o que talvez para aqueles que permanecem com notas abaixo da média seja prejudicial. Então façam o possível para brilhar. Vocês são as colinas que sustentam Loreta.

Quando a diretora encerrou seu comunicado, passou a olhar por toda a classe e então olhou para a nossa professora que estava bem ao lado, daí começaram alguns cochichos, o intervalo de tempo que tive para digerir o nome "Nathan Price". Automaticamente eu olhei para Melinda, sentada no canto da primeira fileira com um sorriso de orelha à orelha. Nathan era seu primo distante (muito distante mesmo) que em pouco tempo se tornou sócio da empresa de seu próprio pai e, com isso, precisou concentrar-se em um futuro trabalhista também com o Sr. Triss. Dificilmente alguém desconheceria este nome no colégio, pois Melinda fez questão de anunciar antes a todos que o primo estaria embarcando.

Mas afinal, como poderia ser esse cara?

Sinceramente, em minha imaginação bem apurada, lá estava ele, vestido com seu smoking preto, cabelo milimetricamente penteado e abundantemente formal. Não tinha dúvidas de que ele poderia ser só mais um desses carinhas que as Star's babariam. Eu, como sempre, no banco permaneceria.

- Espero que vocês dêem as boas-vindas ao meu namorado amanhã, hein! - Gritou Valerie rindo assim que a diretora pôde sair.

Valerie Wade sim poderia ser o par perfeito para o monumento imaginário que agora estava criado.

Era inteligentíssima, elegante e sempre alegre. Sua família também era um alvo importante para a cidade, pois o avô da Val havia adquirido fontes riquíssimas para empresas há muitos anos. Está aí uma coisa em comum! Dinheiro.

Ah... tanto fazia.

Agora com o projeto cancelado, eu arranjaria um tempo para descansar das aulas que dava diariamente para alguns do primeiro ano.

Já estava confirmado. Faltaria na Feira de livros da biblioteca da escola, na organização de gremistas e outros eventos só para passar mais tempo... ah... com meu gato.