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  - Pare! - Gritei com voz rouca, ofegante e cansada demais para dar mais um passo sequer.

Havíamos corrido bastante. Ultrapassamos quase todos os corredores daquele Colégio no intuito de ficarmos o mais longe possível de vestígios dos rebeldes.

Eu parei, me curvei e apoiei minhas mãos sobre meus joelhos enquanto abaixava a cabeça para respirar com tranquilidade. Não dava para acreditar que estava acontecendo isso. Uma pessoa, que eu tinha visto há poucos minutos estava morta. Foi alguém que eu queria ajudar. Foi alguém que eu pude ajudar e tive tempo suficiente para ter a salvo, mas não consegui por irresponsabilidade.

Tantos pensamentos...

Poderia ter sido eu! Oh, meu Deus!

  - Vamos logo, deixe de frescura. - Disse Price. Sua voz, para mim, soou como desrespeitosa. Completamente.

Suspirei, soltando uma risada fraca pelo nariz.

  - Então você acha tudo isso frescura? - Levantei a cabeça e consertei a coluna, dando em seguida alguns passos para o lado e me encostando em um dos armários (algo que de certa forma fez um pequeno barulho pelo movimento brusco).

  - Acho! Você está bem, eu estou bem... o que mais você quer? - Ele se aproximou de mim e ficou em minha frente.

Eu apenas consegui formar uma expressão de indignação.

Qual o problema desse cara?

  - Garota, se eu tivesse deixado você descer aquelas escadas, talvez acabaria igual as pessoas que estavam no porão. Muito provavelmente morta! Era isso que você queria? - Ele se pôs em uma postura autoritária.

  - Está completamente errado! Não me impediu de descer escada alguma, pois EU parei de andar no momento em que ouvi os gritos. EU! Como consegue ser tão insolente? - Dessa vez, aumentei meu tom de voz.

  - Não importa, teria morrido do mesmo jeito se eu não a trouxesse comigo.

  - Então me diz o porquê não me deixou morrer! - Gritei.

  - Você está bem, garota, por que está agindo assim? - Nathan deu mais um passo à frente, abaixando mais o tom da voz.

  - Porque eu acabei de ouvir gritos de socorro de uma pessoa que eu basicamente prometi ajudar. E agora ela está morta por minha causa! EU poderia ter sido mais rápida e poderia ter ajudado! Se você não liga, tudo bem, Price. Pessoas igual a você, egoísta e que se acha sempre o dono da razão não deve saber o que é sentir muito por alguém, principalmente quando esse alguém acabou de morrer. - Ergui a cabeça a todo instante para alcançar seus olhos. Eu ainda estava em fúria e era muito perceptível. - Eu estou confusa, estou com medo, preocupada e amargurada de tanta culpa por uma morte que eu poderia ter evitado. Então não me pergunte porquê estou agindo assim.

O clima pesou abundantemente. Meus olhos se encheram e ao mesmo tempo ardiam. Eu não pisquei em momento algum, apenas fixei em Price, assim como o mesmo manteve seus olhos presos aos meus.

Dizem que o silêncio pode ser uma tortura, mas o que me incomodava mesmo era a forma que Nathan se portava diante de mim: sem abaixar a cabeça. Não sabia se ele me provocava ou se estava apenas pensando nas minhas últimas palavras. Sua expressão era neutra e eu pude sentir sua respiração controlada.

Era o que mais me enfurecia.

Enfim, Price desviou o olhar temporariamente para baixo, e em seguida deu poucos passos para trás e seguiu caminhando vagarosamente rumo a porta de saída do Colégio.

Leaves To Air: O domínio Onde histórias criam vida. Descubra agora