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Abri meus olhos após um estranho barulho não muito distante e após uma noite de sono miserável. A cama era confortável, claro, mas só do meu consciente distinguir que estava em um lugar que não era a minha casa, eu automaticamente ficava incomodada.

Com certa agilidade e precisão, me impulsionei para que já estivesse de pé, apesar da minha sonolência ainda tomar conta do meu corpo, me fazendo ter pouca noção sobre quase tudo, exceto pelo barulho num lugar estranho.

Fui cambaleando e me esbarrando em alguns móveis que estavam (de acordo com os meus reflexos) na minha frente. Okay, eu sabia que era previsto algum desastre parecido acontecer, até porque eu não era muito boa em me equilibrar, ainda mais numa situação onde exigia a necessidade de acordar de supetão e me levantar imediatamente.

Apoiei a mão na testa, deslizando-a para trás e assim afastando alguns fios dos meus cabelos que no momento atrapalhava minha visão. E então eu o vi e soltei um suspiro.

Poderia ser de um alívio mais que absurdo, mas era só o Nathan.

  - Finalmente acordou. - Resmungou baixinho enquanto retirava algumas coisas de dentro de sacolas e colocava em cima do sofá.

  - Não precisa resmungar, eu já conheço sua ignorância. - Levei minha mão até a nuca e assim movimentei levemente a cabeça, no intuito de sentir uma melhora sobre o pouco incômodo que senti no local.

Nathan deu de ombros e prosseguiu com seu trabalho. Calado e um pouco sério.

Cogitei inúmeras vezes desde ontem a noite em tocar no assunto sobre o inesperado beijo que tivemos. E no momento me peguei questionando a mim mesma se deveria lhe fazer alguma pergunta sobre, porém eu dava muito valor ao orgulho que me consumia sobre o caso e decidi que, sob circunstância alguma eu deveria dar o gostinho para ele vir com comentários ignorantes acima de algo tão... enfim, acima de algo que aconteceu.

Encostei-me no batente da entrada do quarto para a salinha, cruzando os braços e observando Price organizar coisas tais como peças de roupas e botas. Assim, comecei a notar algo que ele tinha à medida do tempo.

Nathan estava, aparentemente, há um bom tempo organizando aquelas mesmas coisas. Dobrava as peças de roupas, combinava as cores para enfim empilhá-las, e então tornava a desmanchar tudo o que fizera para refazer. Eu particularmente entendi a mania, pois não era muito diferente da minha, então eu comecei a observar sua respiração e ali estava a resposta: Nathan Price estava, ou nervoso ou preocupado.

  - Posso te ajudar? - Perguntei um tanto hesitante.

  - Não.

Ele assim continuou. O clima ficou meio tenso e eu não sabia mais o que dizer ou talvez agir. Até que enfim, quando me  sobrepus e ergui a voz para tirar-te qualquer interação, finalmente Price se manifestou antes - também hesitante.

  - Saí cedo para lhe buscar trajes femininos e suprimentos. - Nathan pôs novamente tudo o que havia organizado dentro da sacola e caminhou até mim olhando para dentro da sacola. - Não soube ao certo o que lhe agradaria mais, então peguei o mais comum possível.

Nathan me entregou a sacola e eu a peguei sem demora. Eu olhei de relance para a sacola já em minhas mãos e quando tornei a laçar os olhos para ele, Nathan já me observava a procura de alguma reação que eu viesse a ter.

Pigarreei.

  - Valeu.

Price continuou com os olhos fixos em mim, talvez vasculhando em sua mente palavras para se dirigir mais uma vez. Pude perceber uma certa inquietude de sua parte, apesar dele saber muito bem esconder suas mais fortes reações.

Leaves To Air: O domínio Onde histórias criam vida. Descubra agora