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- Ajude a garota! Ela está sangrando, não está vendo? - Gritou alguém não muito distante de mim.

E então, abri meus olhos preguiçosamente e ainda sonolenta. O ambiente já não estava tão claro como da última vez em que estive desperta e havia inúmeras vozes diferentes, não saberia distinguir pelo menos uma nem se tentasse.

Enfim, virei a cabeça para o lado aos poucos e me questionei rapidamente aonde diabos ficava o lugar onde no momento eu estava. Haviam muitas pessoas. Pessoas FERIDAS. Algumas deitadas em macas e outras sentadas no chão ou em cadeiras velhas, com ferimentos de mal à pior. Eu franzi o cenho, intrigada com tudo e muito confusa, até porque a minha cabeça estava enfaixada de modo que cobria minha testa.

Do outro lado, pude notar um rapaz completamente bagunçado que estava sentado perto de uma porta com uma placa escrito "Saída". Ele parecia preocupado, pois suas mãos sobre a cabeça baixa e os cotovelos apoiados em cima dos joelhos o entregava. Minha visão pouco embaçada não deixou que eu o enxergasse muito bem, mas só notei que ali se tratava do Nathan Price quando ouvi uma voz muito parecida com a da Melinda gritar "Price" bem alto. Ele se levantou imediatamente, quase num piscar de olhos, abriu e saiu por aquela porta ao seu lado na maior arrogância do mundo.

Acho que não estava preocupado. Estava irritado. Mas com o que?

  - Cara... olha o susto que você me dá, sua louca!

Brevemente olhei para Amora, que ficara na minha frente nesse mesmo instante.

  - Amora?

  - Não. Deus. - Gracejou.

  - Dá pra me explicar o que está acontecendo aqui? Eu estou assustada.

  - Resumidamente, rolou um ataque no colégio. Os dominadores anunciaram a volta. - Disse ela, suspirando impacientemente como se tivesse contado a mesma história inúmeras vezes.

  - Dominadores?

  - Sim, Jane, Dominadores. DO-MI-NA-DO-RES. Aqueles malucos que usam braceletes estranhos, sapatos estranhos, jaquetas estranhas e às vezes são ruivos. - Amora apontou para os seus próprios fios avermelhados.

  - E... o resto? Digo... o resto das pessoas da cidade? E meu pai, Amora? - Alterei minha voz num tom árduo de preocupação assim que me lembrei de fazer a última pergunta.

  - Calma, Jane. Eu falei com seu pai mais cedo, ele teve de ir para um lugar mais seguro junto com a maioria das pessoas, só que consequentemente é meio longe daqui, não se apavore, ele está mais seguro que você. - Amora se aproximou um pouco mais e se sentou ao meu lado. - Bem, você ficou, pois já estava aqui no colégio e aqui há suporte para proteger todos os alunos. Mas os dominadores estão revoltados e muito mais perto do que imagina.

  - O que você está fazendo aqui então? Não deveria estar organizando um ataque ultra rebelde e perigoso? - Franzi o cenho, erguendo os olhos para buscar expressões do seu rosto.

No mesmo instante Amora se fechou. Ela fechou os olhos por SEGUNDOS e respirou suavemente.

  - Quando eu disse que seria sua dominadora, eu quis dizer que não só lhe vigiaria como também lhe ajudaria. Eu não estou aqui para pegar informações sobre você e usar isso como base para organizar truques de ataque. Infelizmente eu não escolhi ser dominadora, mas eu estou fazendo o possível para não agir da forma que aprendi durante toda a minha vida. Então, Jane, se você puder me deixar te ajudar, eu vou agradecer, caso contrário, vou ter que ser obrigada a lhe entregar para os meus parceiros de ataque, que bem provavelmente lhe tratarão como lixo. - Enquanto ela emitia sua voz num sussurro quase imperceptível, dizendo cada palavra com tranquilidade, não lançou os olhos para mim nem por um segundo sequer.

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