A chuva caía fina e Liana, desanimada, olhava pela janela da sala, sem ver a
beleza das
flores do jardim nem o verde viçoso das folhagens. Fazia seis meses que ela
ficara noiva, e
Mário insistia em marcar a data do casamento.
Ele comparecia religiosamente todos os fins de semana para vê-Ia, sempre
lhe trazendo
uma lembrança delicada: um perfume, algumas flores, um adereço. Cada
dia que passava
ele ficava mais impetuoso e estava sendo difícil controlar seus arroubos
apaixonados.
Liana não queria ficar a sós com ele, a fim de evitar que a beijasse. Alberto
observava suas
atitudes e não perdia ocasião para sugerir que acabasse com o namoro. A
princípio ela se
esforçara para gostar do noivo, mas seu beijo era-lhe desagradável e sua
proximidade
incomodava-a. Sentia vontade de empurrá-Io, mandá-Io embora, e algumas
vezes chegara a
irritar-se, pretextando indisposição a fim de que ele não se aproximasse.
Nas últimas semanas a situação ficara pior. Liana, que passava bem durante a
semana,
quando ia chegando o sábado, dia de Mário visitá-Ia, sentia-se mal, com falta
de ar, dores
no estômago.
Eulália estava assustada.
- Precisamos ver o que você tem. Esse mal-estar não é natural. Está
emagrecendo, tem a
fisionomia cansada, perdeu o apetite.
Apesar dos protestos de Liana, chamou o médico, que receitou alguns
calmantes e
fortificantes, não tendo encontrado nenhuma doença. Eulália não se
conformava e ficava
inventando pratos apetitosos para ver se ela se alimentava melhor, cuidando
que não
esquecesse o fortificante.
O carinho e a dedicação da irmã faziam-na sentir-se mais culpada pelo
deslize que
cometera e davam-lhe forças para continuar a manter o noivado como a
única forma de
deixar aquela casa sem que ela desconfiasse. .
"Se ao menos ele não viesse hoje por causa da chuva...", pensou ela. - Um
doce por seu
pensamento!
Ela se voltou e sorriu:
- Alberto! Não vi seu carro no pátio. Pensei que não tivesse vindo hoje.
- Eu precisava. As crianças vão prestar um exame na segunda-feira.
Precisam estar afiadas.
- Eles vão muito bem.
- São muito inteligentes. Trabalhar com eles é um prazer. Tenho aprendido
também.
Liana sorriu.
- Gosto de ver o interesse deles, estão sempre querendo descobrir como as
coisas
funcionam, fazendo experiências. Quando estão brincando, conversam sobre
ciências,
história, geografia, até física. Contam tantas histórias que eu me delicio
ouvindo-os.
- As crianças são naturalmente interessadas em aprender, em cooperar.
Quando você sabe
motivá-las, o conhecimento torna-se um prazer, uma necessidade. Acredito
que irão passar.
Mesmo assim, voltarei amanhã cedo para repassar algumas coisas.
- Eulália está muito contente com a melhora de Eurico. Está mais corado,
engordou
e já não se queixa como antigamente.
- Em compensação ela anda preocupada com você, que está cada dia mais
abatida. Quando
é que vai criar coragem e resolver de vez esse noivado infeliz?
Liana passou a mão pela testa, como querendo afastar os pensamentos
desagradáveis.
- Ao contrário. Acho que vou marcar a data do casamento. Mário quer casar
dentro
de dois meses.
- Se está disposta a se suicidar, faça isso.
- Não tenho outro caminho.
Liana olhou preocupada para o corredor que levava à cozinha. Temia que
alguém ouvisse.
- Não se preocupe. Dona Eulália está lá em cima com os meninos. Quando
acabei a aula, ela os levou para cima dizendo que ia fiscalizar o banho deles e a arrumação
dos quartos.
Se você não se libertar dessa opressão, vai adoecer de verdade.
- O médico disse que não tenho nada. Só estou um pouco anêmica e sem
apetite. É que meu
estômago parece que está sempre cheio, como se eu tivesse acabado de
comer. Por isso não
tenho me alimentado direito.
- Seu problema é só emocional. O estômago é o órgão da aceitação. Quando
você se obriga
a alguma coisa da qual não gosta, ele registra. Todo problema de estômago
vem da
contrariedade, da não-aceitação.
- É difícil acreditar que um órgão do corpo reaja às emoções. - Por quê? Nós
somos
espíritos, mas somos o corpo também. No momento, estamos integrados. O
corpo possui a
sabedoria da natureza, e a natureza é a essência divina.
Sempre que estamos fazendo alguma coisa contrária à nossa natureza, ele
tenta nos chamar
a atenção.
- Não estou entendendo.
- Seu estômago está avisando que esse noivado é contra sua natureza. Você
não gosta de
Mário. Está forçando uma situação que sua alma não aceita.
- De onde tirou essa teoria?
- Da vida. Observando. Faça uma experiência: acabe o noivado, e seu
estômago não lhe
dará mais problemas.
- Custo a crer. Você é contra meu noivado. Não está dizendo isso só para me
convencer?
- Estou dizendo isso porque gosto de você e desejo vê-la bem. Se insistir, vai
acabar com
uma úlcera ou coisa pior.
- Por que o estômago?
- Cada parte do corpo tem uma função definida no equilíbrio da saúde. O
estômago é a
aceitação dos alimentos; os intestinos, a seleção; os braços, o dar e receber; as
pernas, o
apoio. Seu estado emocional reflete-se diretamente no local correspondente
do corpo que começa a se ressentir.
- Em seu livro você fala que o mundo é energia e que nós somos seres
energéticos. Que
temos corpo físico e corpo astral. Que captamos e exalamos energias. É por
isso?
- De certa forma é. A energia vital é só potência. Somos nós que, conforme
nossas atitudes,
a formatamos desta ou daquela forma. Elas refletem nossas crenças,
permanecem fazendo
parte de nosso corpo astral, influenciando nossa vida, automatizando nossos
atos, criando
situações que se repetem enquanto não modificarmos as atitudes que lhes
deram origem.
- Por isso você diz que se eu não acabar o noivado não vou sarar? - É.
- Você quer dizer que a vida é inteligente?
- Claro. A vida é Deus em ação.
- Isso acontece com todas as pessoas?
- Só com as que já têm conhecimento para agir melhor e não o fazem. Em
meus estudos
tenho observado que a natureza age de forma relativa ao grau de
desenvolvimento de cada
um. Um espírito mais primitivo não somatiza as emoções com a mesma
rapidez e facilidade
do que outro que é mais evoluído.
- Isso não seria ser parcial, protegendo uns mais que outros?
- Ao contrário. Ela age como os pais com os filhos. Só protege enquanto são
incapazes de
agir por si.
Depois, deixa que cada um assuma a responsabilidade pela própria vida.
- A vida é cruel.
- Não é verdade. Ela sempre faz o melhor. Se estamos neste mundo para
amadurecer, aprender a viver melhor, temos de usar nossos re
cursos, buscar o jeito
certo de formatar as energias vitais, desenvolver nosso mundo interior, criar o
lugar e a
maneira como desejamos viver. Esse é um direito nosso. Todos somos livres e
vivemos no
mundo que criamos. Se ele não está bom, temos o recurso de mudá-Io,
revendo nossas
atitudes, observando os fatos da vida, experimentando até conseguirmos um
resultado melhor. A felicidade é conquistada assim.
- O que fazer com as emoções que não podemos controlar?
- Não se faça de fraca. O que invalida sua força é a maneira como você
interpreta os fatos.
Está iludida pela vontade de amar, pelo sonho impossível. Tenho observado e
sei que não
ama Norberto. O que a está empurrando para esse casamento é a culpa, a
necessidade de se
punir pelo ato impensado que cometeu.
- Isso não. Reconheço minha culpa, mas quero evitar uma recaída com ele e
um atrito com
Eulália. Se ela souber o que aconteceu, como terei coragem de encará-Ia?
- E por isso se atormenta, quer inutilizar sua vida, cometer um ato que vai
infelicitar não só
você mas Mário também. Pense, não é justo com ele.
- É, eu sei. Às vezes me sinto duplamente culpada.
- Pretende levar sua vida carregando esse peso? Não percebe que está se
destruindo?
- Agora é tarde. A decisão está tomada. Vou marcar a data e resolver logo.
- Lamento que pense assim. Garanto que vai arrepender-se.
- Farei qualquer coisa para deixar esta casa sem que Eulália desconfie de
nada.
- Nós poderíamos arranjar outro jeito.
- Como?
Alberto animou-se. Uma idéia louca passara-lhe pela cabeça.
- Você disse que faria qualquer coisa. Nesse caso tenho uma solução melhor.
Você acaba
esse noivado e vai morar comigo, em minha casa. Liana olhou-o assustada e
seu rosto
enrubesceu:
- Não estou entendendo.
- Você pode dizer a Eulália e a Norberto que estamos apaixona dos e vai para
minha casa.
Será apenas para que você possa se livrar do noivo indesejado e dos
problemas de família.
- Está brincando comigo?
- Absolutamente. Estou falando sério.
- Você não é casado?
- Sou separado.
- Isso iria criar muitos problemas com Eulália. Ela é conservadora. Brigaria
comigo. Além do mais, você não tem nada com meus problemas. Iria invadir sua
privacidade, atrapalhar
sua vida amorosa. Moramos em uma cidade pequena, já pensou o escândalo?
- Pensei que fosse mais corajosa e não tivesse preconceitos. Sua liberdade
não vale esse
pequeno sacrifício?
- Se isso acontecesse, você não poderia mais morar aqui. Eulália não o
deixaria mais dar
aulas para as crianças. Seria o caos. Tenho de resolver meus problemas do
meu jeito. Não
posso envolvê-Io nisso.
Alberto aproximou-se dela olhando-a nos olhos:
- Gosto muito de você, Liana. Não desejo vê-Ia infeliz.
- Obrigada pelo apoio. Na verdade, você é meu único amigo. Nem imagina o
bem que me
tem feito.
Um carro passou lá fora e Liana olhou imediatamente. Apesar da chuva,
Mário havia
chegado. Seu rosto empalideceu, mas ela procurou sorrir tentando dissimular.
Alberto
olhou-a penalizado, mas não disse nada.
Naquela mesma tarde eles marcaram o casamento para dali a três meses.
Mário estava
radiante. Havia comprado uma bela casa em São Paulo e queria que Liana a
decorasse a seu
gosto. Eulália estava feliz, mas AIberto percebeu a angústia de Norberto, que
inquieto a
custo se esforçava para esconder o desgosto.
Ele mesmo sentiu-se triste. Havia falado sério quando a convidara para
morar em sua casa.
Quando pensava nesse casamento, sentia-se angustiado, misturando sua
experiência pessoal
com os problemas que imaginava que Liana iria ter. Se fosse solteiro, não
teria hesitado em
casar-se com ela para libertá-Ia desse odioso compromisso. Gostava de
conversar com ela,
sua presença era um prazer, admirava sua inteligência, sua beleza. Poderia
usufruir de sua
companhia sem compromissos nem cobranças. Ele não pensava mais em
amar. Uma vez
fora o bastante.
De todos, só Eulália estava feliz. Casar bem a irmã sempre fora sua
preocupação. Gostava
de Mário e acreditava sinceramente que eles seriam felizes. Não duvidava
que Liana o
estivesse amando. Ela sempre lhe disse que só se casaria por amor.
Mas sentia que alguma coisa não estava bem com ela, que lhe parecia um
tanto apática
quando se tratava dos assuntos do casamento.
Eulália estava entusiasmada, queria que o casamento se realizasse em São
Paulo, com uma
grande festa. Três meses era pouco para terminar o enxoval, providenciar os
convites,
ultimar os arranjos e a cerimônia. Depois, Mário queria que Liana fosse a
São Paulo ver a
casa e determinar a decoração a seu gosto.
- Você vai para São Paulo com Norberto na próxima semana. Vai ver a casa,
o enxoval,
tudo - disse Eulália.
- Não quero ir a São Paulo agora. Mário tem muito bom gosto. O que ele fizer
está bem-
feito.
- E o casamento?
- Quero me casar aqui mesmo. Com simplicidade, sem pompa nem nada.
- Isso não pode ser. Mário é um engenheiro de família importante. Tem
muitos amigos.
Aqui não há um bom hotel, e em nossa casa não teríamos acomodações para
todos. Depois,
há o vestido de noiva. Em São Paulo você vai comprar tudo do melhor.
- Para que tudo isso? Chamamos o juiz de paz aqui em casa e pronto.
Casamo-nos e tudo
estará terminado. Para que tanta confusão?
Eulália abriu a boca, admirada. Liana sempre fora moderna, gostava do luxo,
de vestir-se na
moda, de estar em evidência. Ela não lhe parecia bem. Havia emagrecido,
estava pálida,
sem apetite. O que estaria acontecendo?
- O que há com você? Está doente?
- Não. Estou bem.
Eulália colocou a mão na testa dela.
- Febre você não tem. Mas tem emagrecido, não come, está pálida. Está
assim desde que teve aquela alucinação.
- Aquilo me fez mal.
- Precisa ficar bem para o casamento. Talvez seja melhor ir para São Paulo e
consultar o
Dr. Caldas.
- Não estou doente. Estou só um pouco cansada.
- Vou falar com Norberto para marcar uma consulta com o Dr. Caldas.
Quero que esteja
muito bem no dia de seu casamento. Será o dia mais feliz de sua vida! Vai se
casar com o
homem que ama!
- Não quero que faça isso! Não irei a São Paulo antes do casamento. Está
decidido e pronto.
Eulália olhou-a assustada. Liana sempre fora cordata, aceitava suas
determinações.
Decididamente, ela não estava bem. Naquela noite mesmo, telefonou para
Norberto,
desabafando:
- Estou preocupada com Liana.
- Por quê?
- Emagreceu, está pálida, sem apetite. Gostaria que fosse consultar o Dr.
Caldas na próxima
semana. Ela não quer, mas marque a consulta para a semana que vem.
Quero que ela volte
com você neste fim de semana e vá ao médico.
- Está bem. Farei o que me pede.
- Peça a Mário que nos ajude a convencê-Ia.
- Não o tenho visto. Estou trabalhando muito e não me sobra tempo.
- Telefone para ele e peça que nos ajude. Ela está tão indisposta que nem
quer festa de
casamento. Isso não é natural.
- Se ela não está bem, deveríamos mudar a data, esperar que ela se sinta
melhor. Casar sem
estar com saúde não é bom.
- Ela quer se casar o quanto antes. Parece que tem pressa. Não sei se vai
querer mudar a
data. Mas, se o médico achar que ela precisa de um tratamento, faremos isso.
- Está certo. Falarei com Caldas.
Eulália desligou, mas não disse nada a Liana. Achou melhor esperar uma
ocasião favorável.
No dia seguinte, Eulália procurou conversar com Alberto. Durante aqueles meses aprendera
a admirar o professor não só pelos resultados obtidos com as crianças mas
também por sua
postura delicada, discreta, educada. Sabia que Liana o apreciava e o tinha em
alta conta.
Estavam sempre conversando e ela algumas vezes até tomara parte nas
conversas,
aprendendo como educar os filhos ou lidar com os problemas do dia-a-dia.
Quando ele
acabou a aula e as crianças foram brincar no jardim, Eulália levou-lhe uma
xícara de café.
- Gostaria de conversar um pouco com você.
- Estou à disposição. Sente-se, por favor.
Ela se acomodou e começou:
- Estou preocupada com Liana. Está doente e recusa-se a ir ao médico.
Queria pedir-lhe que
me ajude a convencê-Ia.
- É um assunto muito pessoal.
- Eu sei. Aliás, ela sempre me ouviu, mas agora está diferente.
Não quer festa no casamento nem vestido de noiva. Está abatida, indisposta.
Como é que
pode se casar desse jeito? Precisa tratar-se.
Já telefonei a Norberto para marcar uma consulta com nosso médico para a
semana que
vem. Só que temos de convencê-Ia a ir. Pela primeira vez ela não quer
obedecer-me.
- Talvez seja o casamento que a esteja preocupando.
- Isso seria natural. Toda noiva fica nervosa à medida que a data do
casamento se aproxima.
Com ela acontece o oposto. Ela anda apática, diferente.
- Posso ser sincero?
- Faça o favor.
- Ela não ama Mário.
Eulália admirou-se:
- Isso não é possível! Ela sempre me dizia que só se casaria por amor. Depois,
ninguém a
está obrigando. Ela se casa porque quer. Você está enganado.
- Se ela amasse o noivo, estaria feliz. Não é isso que está acontecendo. Anda
triste, abatida.
Quando ele aparece, ela fica nervosa, não gosta de ficar sozinha com ele.
Nunca reparou nisso?
- Não. Ela é recatada, não gosta de demonstrar seu afeto na frente das
pessoas. Você diz
isso com tanta segurança... Ela lhe falou sobre o assunto?
- Estou comentando o que observei. Só isso. Se deseja que sua irmã seja feliz,
aconselhe-a a
desistir desse compromisso.
- Por que faria isso? Mário é um excelente rapaz. Estou certa de que a fará
muito feliz.
- Ele é ótima pessoa, mas ela não o ama. Está cometendo um engano que vai
infelicitá-Ia
pelo resto da vida.
Eulália olhou desconfiada para ele. Por que Alberto estava tão contra o
casamento? Estaria
apaixonado por Liana? Algumas vezes percebera admiração nos olhos dele
quando a fitava.
Remexeu-se na cadeira sem saber o que dizer.
- Vou pensar no assunto. Obrigada por me ouvir.
- Não acreditou no que eu disse. Mas o futuro dirá que estou sendo sincero,
que admiro
Liana e penso que ela merece uma vida melhor.
Eulália deixou a sala intrigada. Como não percebera antes o interesse do
professor por sua
irmã? Liana estava sendo ingênua, tratando-o como amigo. Ele era um
homem separado.
Ainda bem que apareceu Mário, senão ela poderia ter se deixado envolver
por Alberto.
Reconhecia que ele, além de ser um homem bonito, inteligente, simpático,
tinha um charme
especial.
Logo sua irmã estaria casada e tudo ficaria resolvido. Se dependesse dela, o
casamento se
realizaria na data marcada. Precisava convencer a irmã quanto aos
preparativos. O que
Liana desejava não tinha cabimento.
Quando Norberto chegou, no fim de semana, Eulália ficou sabendo que ele
marcara a
consulta conforme pedira. Assim que Mário chegou, conversou com ele
reservadamente,
pedindo-lhe para convencer Liana a ir ao médico fazer o exame pré-nupcial.
Ela não podia se negar. Todas as noivas faziam esse exame.
Mário não queria, mas Eulália insistiu e ele a contragosto tocou no assunto.
- Ontem fiz meu exame pré-nupcial. Está tudo em ordem comigo. Quando
vai fazer o seu?
- Comigo está tudo bem. Fiz vários exames há pouco tempo.
- Gostaria que fosse a São Paulo com Norberto amanhã. Quero levá-Ia para
ver a casa.
Temos de ultimar os preparativos para o casamento, escolher convites,
programar a
recepção. Há também alguns prospectos de viagem. Onde deseja passar a
lua-de-mel?
Liana ficou pensativa por alguns instantes, depois disse:
- Não desejo viajar antes do casamento. Você entende muito mais do que eu
de decoração.
Tenho certeza de que fará tudo muito bem. Quanto à lua-de-mel, você pode
trazer esses
prospectos na próxima semana e decidiremos. Gostaria também que nosso
casamento fosse
realizado aqui mesmo, com simplicidade, apenas para nossas famílias.
Mário olhou-a admirado. Seus pais eram pessoas de sociedade, sonhavam
fazer de seu
casamento um acontecimento.
- Meus pais ficariam decepcionados. Sou o único filho homem, e o primeiro
que se casa.
Não estou entendendo. Sempre pensei que gostasse de festas.
- Acho perda de tempo convidar pessoas que não têm nada a ver com nossa
felicidade.
- Não concordo, Liana. Até agora tenho cedido a tudo quanto você pediu, mas
desta vez
não vai ser possível. Tenho parentes, amigos, gostaria de tê-los reunidos no dia
mais feliz
de minha vida. Você precisa compreender.
- Vou pensar.
- Não temos muito tempo. Tem de resolver depressa. Eulália, que se
aproximara e ouvira
parte da conversa, interveio: - Ela irá amanhã, sim.
- Só se você for comigo.
- Pois eu vou. Hilda tomará conta das crianças. Ficaremos lá e resolveremos
tudo de uma
vez - respondeu Eulália, decidida.
Liana não teve mais argumentos. Ela esperava que Eulália recusasse. Por outro lado, se ela
fosse junto, Norberto não teria como a pressionar para desistir do casamento,
como fazia
sempre que estavam sozinhos.
Era melhor mesmo ir, para evitar desconfianças. Teria de se sacrificar até o
fim. Domingo à
noite, preparou a mala. Eles iriam viajar bem cedo na manhã seguinte.
Deitou-se pensando
desanimada nessa viagem que não sentia vontade de fazer.
Custou a dormir. No meio da noite acordou assustada. Alguém andava pelo
quarto.
Lembrava-se de haver fechado a porta à chave. Quem poderia ser? Acendeu
o abajur e não
viu ninguém.
- Acho que sonhei.
Deitou-se novamente, apagou a luz e então viu uma claridade nos pés da
cama, e o mesmo
homem daquela noite apareceu. Olhava-a admirado. Liana ficou paralisada
de medo.
Arrepios corriam-lhe pelo corpo. Tentou gritar, mas a voz não saiu.
- Você não vai sair daqui - disse ele. - Eu não vou deixar. Desta vez você não
vai escapar.
Liana sentiu a cabeça rodar e perdeu os sentidos. Quando acordou, o dia
havia amanhecido
e alguém batia na porta do quarto. Tentou levantar-se, sentiu tontura, mas fez
um esforço e
abriu a porta.
Eulália, vendo-a, disse assustada:
- Liana, você está pálida. O que aconteceu?
- Ele voltou - disse. - Ameaçou-me. Estou tonta, com medo. Eulália
amparou-a, fazendo-a
deitar-se.
- Você sonhou.
- Não foi sonho. Ele veio e me ameaçou. Eu desmaiei. Foi antes de o dia
amanhecer. Só
acordei agora. Estou tonta, enjoada.
- Nesse caso não vai dar para viajar. Vamos chamar o médico. Iremos outro
dia.
Obrigou-a a deitar-se, tentando dissimular a preocupação. Chamou Hilda,
pedindo-lhe que
ficasse com Liana enquanto tomava as providências.
Procurou Norberto para dizer-lhe que iriam outro dia.
- Liana não me parece bem - disse ele. - Eu já disse: seria melhor adiar a
data do casamento
até que ela melhore. Ela não pode se casar com a saúde desse jeito -
afirmou, tentando
ocultar sua satisfação.
- Vamos ver. Pode ser coisa sem importância.
- Você mesma pediu uma consulta com Caldas.
- Tem razão, ela não tem estado bem. Essas alucinações me preocupam.
Julga ter visto
aquele homem de novo. Acho que deveria insistir na viagem. Seria melhor
ela ficar em São
Paulo até o casamento.
- Ela não vai querer ir - disse ele pensativo.
- E eu não posso ficar lá o tempo todo.
- Nesse caso, não vejo outro remédio senão adiar o casamento para quando
ela estiver
melhor.
- Não sei o que pensar. Vamos aguardar alguns dias e ver como ela passa.
- Está certo. Se eu não tivesse uma audiência importante em São Paulo,
ficaria aqui mais
alguns dias.
- Eu sei. Agradeço seu interesse. Falarei com o Dr. Marcílio. Não confio
muito nele, é
médico da roça. Se ela pudesse levantar-se, eu a levaria até Ribeirão Preto.
- O Dr. Marcílio é médico formado. Poderá socorrê-Ia até que possa ir ao Dr.
Caldas, que é
de nossa confiança.
Eulália mandou uma empregada chamar o médico e subiu para o quarto de
Liana. Mário
estava ao lado dela, segurando sua mão com carinho.
- Mandei chamar o Dr. Marcílio. Como você se sente? - perguntou Eulália.
- Mal. Não consigo respirar direito. A cabeça está tonta e o enjôo continua.
- Tentou levantar? - indagou Eulália.
- Tentei, mas fico pior. O quarto roda, e parece que vou cair. - Nesse caso é
melhor
continuar deitada. Logo o médico estará aqui. Infelizmente não vamos poder
viajar
conforme combinamos. Iremos assim que ela melhorar.
- Ficarei também até que ela melhore - disse Mário.
- De forma alguma - disse Liana. - Você tem seus negócios e não pode ficar aqui.
Ele a olhou nos olhos. Às vezes tinha a impressão de que ela o empurrava.
Estaria
enganado? Ela não vibrava de amor em seus braços, estava sempre
procurando pretextos
para não ficarem sozinhos. Seria recato ou falta de amor? Ele, no entanto, a
cada dia mais e
mais a amava e não via a hora de tê-Ia como esposa.
- Você não quer que eu fique? - perguntou.
Eulália olhou-os surpreendida e lembrou-se das palavras de Alberto. - Não se
trata disso -
respondeu ela. - Sinto-me culpada por não poder cumprir com o que
planejamos.
Sei que é um homem muito ocupado. Não gostaria de atrapalhar seus
afazeres.
- Vou esperar pelo médico e ver o que ele diz. Depois resolveremos isso.
Alberto estava dando aula para os meninos e no intervalo ficaram esperando
Maria trazer a
bandeja com refrescos e uma pequena merenda.
- Ela está demorando, vou ver se ela esqueceu - disse Amelinha, que saiu e
foi até a copa,
onde a bandeja estava arrumada. Ouviu que as duas criadas conversavam na
cozinha:
- Ela está mal. A Dona Eulália mandou chamar o Dr. Marcílio. Ela não bota
fé nele, mas se
tem alguém que pode curar a Liana é ele, que entende de alma do outro
mundo.
- Cruz credo! O que será que a alma do coronel quer com ela? Se eu visse
ele, acho que
tinha uma coisa...
- Pudera! A coitada está que faz pena. Não pode nem levantar da cama.
Amelinha esqueceu a bandeja e voltou à sala de aula para contar a novidade.
- Tia Liana viu a alma do coronel e ficou doente. Mamãe mandou chamar o
médico.
- Tem certeza? - indagou Alberto.
- Ouvi as empregadas conversando na cozinha. Elas disseram que tia Liana
viu a alma do
coronel e que está doente.
- Não seja linguaruda - disse Eurico. - Se mamãe ouve, não vai gostar. Ela
não acredita em
alma do outro mundo.
Ela não acredita, mas tia Liana viu. E a tia não mente. Eu acredito que ela
viu mesmo.
- Claro que ela viu. Eu também o tenho visto. Não é, Nico? Lembra-se do
outro dia?
- O que foi que vocês viram? - indagou Alberto com interesse.
- Ele viu o coronel e eu depois sonhei com ele - esclareceu Nico.
- Lembra, professor? Eu contei para o senhor.
A empregada entrou com a bandeja, e Alberto perguntou:
- Aconteceu alguma coisa com Liana?
- Ela não está bem. A Dona Eulália mandou chamar o médico e ele já
chegou. Está lá em
cima, no quarto.
Alberto deixou as crianças merendando e foi até a sala. Norberto e Mário
estavam lá,
calados, esperando.
- Soube que Liana não está passando bem. O que aconteceu?
- Ela está assustada. Julga ter visto outra vez aquele homem. Acho que ela
sonhou - disse
Mário.
- Ela não tem andado bem ultimamente. Emagreceu, anda nervosa, pálida -
aduziu
Norberto. Hesitou ligeiramente e concluiu: - Acho que vocês devem adiar a
data do
casamento. Pelo menos até ela melhorar.
- Se for preciso, faremos isso - respondeu Mário com voz triste. Norberto saiu
para dar
algumas ordens, e Alberto considerou:
- Não é isso que você deseja, não é?
- Não. Estou contando os dias que faltam para nosso casamento. Sabe, acho
que ela pode
estar sendo influenciada pelas crendices das pessoas daqui. Eles acreditam
que quem morre
pode voltar e aparecer aos vivos. Esta casa é tida por eles como assombrada.
Amãe de
Nico nem queria que ele entrasse aqui.
- Você não acredita em vida após a morte?
- Sei lá. De certa forma, quem morre deve ir para algum lugar. Não tenho
certeza. Nunca
pensei nisso. O que sei é que há muita ilusão, crendices, e as pessoas ficam
assustadas.
Liana está com muito medo.
Ele descreveu o que se passou com ela e concluiu:
- É o medo que a faz sentir-se mal. Ela acha que se sair daqui ele a vai
perseguir.
- Esse assunto é sério. Eu acredito que quem morre pode comunicar-se com
os vivos. Há
gente séria estudando esses fenômenos. O povo fantasia muito, mas, se Liana
disse que viu
o homem, eu acredito.
Ela viu mesmo.
Mário passou a mão pelos cabelos, nervoso.
- Isso não pode ser verdade. Nesse caso, ao invés do médico deveríamos ter
chamado um
padre.
- Eles não aprenderam a lidar com isso. Seria melhor chamar um bom
curandeiro.
Mário olhou-o assustado:
- Como pode dizer uma coisa dessas? Você é um professor, um homem de
cultura.
- Minha experiência ensinou que quem resolve esses casos é um bom
médium.
- Norberto e Eulália sabem que você pensa assim?
- Se ela não melhorar, serei o primeiro a informá-Ios.
Mário não respondeu. O que ele queria mesmo é que Liana ficasse bem e
eles pudessem se
casar na data marcada.
No quarto, o médico, segurando o pulso de Liana, examinava-a.
Era um homem alto, forte, de meia-idade, cabelos grisalhos, olhos pequenos
e ágeis, rosto
corado em que o bigode escuro contrastava.
Ouviu atentamente tudo quanto Liana lhe contou sobre a aparição.
Por fim, disse calmo.
- Ele não pode fazer-lhe nenhum mal. É seu medo que está abalando sua
saúde.
- Não pude evitar. Ele é horroroso. Quando ele aparece, o pavor toma conta
de mim - disse
Liana.
- Ela sonhou, doutor - interveio Eulália. - Está se deixando levar por uma
ilusão.
- Ela viu, ele falou com ela. Eu acredito.
- Não foi sonho, eu sei que não foi. Cheguei a sentir o hálito dele em meu
rosto.
Só queria que soubesse que ele está se aproveitando de seu medo. Ele
apareceu, mas não
pode tocá-la nem lhe fazer mal. Entendeu? Vamos rezar juntos e você vai se
acalmar.
- E se ele voltar?
- Você reza, chama seu anjo da guarda e ele vai embora.
- É que fico apavorada, não consigo rezar.
- Vamos rezar juntos e logo estará melhor. Pode arranjar-me um copo com
água?
Eulália, embora não concordasse, saiu para apanhar a água. Voltou em
seguida, colocando
o copo sobre a mesa de cabeceira. O médico segurou a mão de Liana,
dizendo:
- Feche os olhos. Pense em Deus.
Ela obedeceu. Ele permaneceu em silêncio por alguns minutos. Liana
estremeceu e
começou a tossir. Ele continuou imperturbável. Ela aos poucos foi se
acalmando. Ele largou
suas mãos. Ela abriu os olhos e ele perguntou:
- Então? Sente-se melhor?
Liana suspirou fundo, depois disse:
- Sim. Estou aliviada.
- Agora tome esta: água.
Ela obedeceu.
- Mande preparar um chá de cidreira, Dona Eulália. Ela vai tomar o mais que
puder.
- Não vai receitar? - perguntou Eulália.
- Já receitei. A cidreira é um excelente remédio para quem está nervoso,
como ela. Vai lhe
fazer bem. Ela precisa descansar.
Eulália não se sentia satisfeita, mas não disse nada. Aproximou-se de Liana:
- Então, como se sente?
- Bem melhor. O enjôo passou, a tontura também. Só estou sentindo fraqueza
e vontade de
dormir.
- Descanse, minha filha - disse o médico. - Está tudo bem. Uma vez fora do
quarto, Eulália
não se conteve:
- O que acha que ela tem, doutor?
- Só medo. Ela viu um espírito e não estava preparada para isso.
Está chocada.
Não é possível que o senhor acredite nessas coisas. Um médico! - Seria
muito bom que a
senhora começasse a aprender a lidar com isso. Quando começam a
aparecer esses
fenômenos, quanto mais depressa aprender como eles funcionam, melhor.
Eulália não respondeu. Aquele homem era um simplório, da roça.
Não podia levá-lo a sério. Acompanhou-o até a porta.
- Nós pretendíamos ir a São Paulo hoje. Acha que Liana pode viajar?
- Ela deve repousar. Deixe-a dormir. Amanhã voltarei e veremos. - Obrigada,
doutor.
Depois que ele saiu, ela foi ter com Norberto na sala.
- Não vamos poder ir com você. Liana precisa repousar. Se ela melhorar,
iremos na
próxima semana.
- O que disse o médico?
- Que ela viu mesmo a alma do coronel. Que ficou doente de medo. Pode
uma coisa dessas?
Um médico?
- Talvez tenha dito isso para acalmá-Ia. Como ela está?
- Parece melhor. O mal-estar passou, mas sente-se fraca e o Dr. Marcílio
disse que ela
precisa repousar. Assim, não iremos com você.
Norberto baixou os olhos para evitar que Eulália percebesse sua satisfação.
- Nesse caso vou embora agora. Ele receitou?
Eulália meneou a cabeça inconformada e sorriu ligeiramente irônica ao
responder:
- Só um chá de cidreira. Ele mais parece um curandeiro do que um médico.
- O pessoal do interior tem seus próprios métodos. Acho melhor fazer o que
ele diz. Afinal,
a cidreira é uma erva calmante que, se não trouxer a cura, também não lhe
fará mal ao
fígado.
- Vou mandar preparar.
- Mário também vai?
- Não sei. Ele queria ficar, mas Liana não quer que ele se incomode. Tão
perto do
casamento, com tantas coisas a fazer, acha melhor que ele vá.
Mário, que entrava na sala, ouviu o que ela disse. Aproximou-se dizendo:
- Acho que vou mesmo. Liana está com sono e quer descansar.
Amanhã telefono para saber como ela está.
Norberto olhou para o engenheiro e disse sério:
Ela ficará bem. Embora Eulália não acredite no Dr. Marcílio, ele é muito
conceituado aqui
na cidade.
Mário abanou a cabeça preocupado:
- Não posso compreender. Liana era uma moça tão saudável. Tenho notado
que de algum
tempo para cá ela tem estado nervosa, indisposta, emagreceu.
- Está emocionada com o casamento. É natural - respondeu Eulália.
- Pode ser, Dona Eulália. Mas Liana sempre me pareceu uma moça
moderna, que sabe o
que quer.
Norberto olhou para os dois e não disse nada. O que ele desejava mesmo era
que aquele
casamento não se realizasse. Liana estava querendo se casar sem amor,
apenas para sair
daquela casa e impedir que Eulália percebesse o que estava acontecendo
com eles.
Várias vezes pensara em separar-se de Eulália para viver com Liana, porém
sabia que ela
jamais concordaria. Se ele deixasse a família, perdê-Ia-ia para sempre. E
isso ele não queria
que acontecesse. Liana havia se tomado uma obsessão para ele. Pensava nela
todo o tempo,
recordando os breves momentos de intimidade que haviam tido, e a paixão
fazia-o
estremecer de emoção. Só em pensar que ela poderia casar-se com Mário e
que ele privaria
de sua intimidade, ficava louco de ciúme.
Chegara até a pensar em acabar com a vida dele. Entretanto, apesar de tudo,
não tinha
coragem para cometer um crime. Ele haveria de encontrar uma forma de
impedir aquele
casamento, sem que ninguém soubesse. Enquanto colocava a mala no carro,
Mário
aproximou-se:
- Estou preocupado, Norberto. Não quis falar diante de Eulália. - Preocupado
com o quê?
- Com Liana. Ela concordou com nosso casamento, mas às vezes desconfio
que ela não me
ama. Retrai-se quando me aproximo, às vezes parece que me evita.
Estamos perto do casamento e ela não me parece feliz nem entusiasmada.
Isso está me
incomodando muito. Não consigo pensar em outra coisa. Você é meu amigo,
poderia
ajudar-me.
- De que forma?
- Conversando com sua esposa. Tentando descobrir o que está acontecendo
com ela. As
duas são muito amigas.
- Se houvesse acontecido alguma coisa com ela, Eulália teria me contado.
- Às vezes desconfio que seu mal-estar tem a ver comigo. Disseram-me que
ela passa bem a
semana inteira e que só fica ruim nos fins de semana.
- Liana está passando por um período ruim. Tem tido aquelas alucinações,
está nervosa.
- O que me aconselha?
- Ela doente, você cheio de dúvidas... O melhor seria adiar o casamento até
que ela melhore
e as coisas fiquem claras para você. Não adianta começar uma vida a dois
com tantos
problemas. Se fosse comigo, eu faria isso.
- Eu a amo tanto! Sonho com o dia em que seremos marido e mulher!
- Quem ama espera. Depois, para casar-se você precisa estar seguro de que
ela o ama. Um
casamento sem amor nunca daria certo.
Mário baixou a cabeça, triste. Ficou alguns segundos em silêncio, depois disse:
- Você tem razão. Se ela não melhorar, adiaremos.
Norberto sorriu e bateu ligeiramente nas costas de Mário, dizendo: - Assim é
que se fala!
Tenho certeza de que está tomando a melhor decisão.
Despediram-se, e cada um entrou em seu carro para começar a viagem.
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Quando Chega a Hora
SpiritualRomance espírita, psicografado pelo espírito Lucius. Os herdeiros do coronel Firmino mudam-se para o seu antigo casarão, há muito abandonado e assombrado pelo espírito do antepassado. Nico, Eurico e Amelinha são as crianças cujas brincadeiras desper...