A partir desse dia Liana passou a sentir-se mais fraca. Norberto, que a
princípio ficara
aliviado com o rompimento do noivado, preocupou-se mais.
Tentou conversar com ela, aproveitando um momento em que Eulália se
ocupava com o
banho dos filhos.
- Liana, você precisa reagir. Não pode ficar desse jeito. Mário já se foi e
você agora é livre.
Pode viver sua vida em paz.
- Eu preciso sair desta casa. Agora, sem o casamento, ficou mais difícil.
- Não tem de fazer isso. Escute, eu a amo muito. Quero que me perdoe pelo
mal que lhe fiz.
Eu estava louco. Não pude controlar-me. Por favor, não me castigue dessa
forma.
- Você não é culpado. Eu é quem devia ter me contido.
- Trate de esquecer. Juro que nunca mais a incomodarei com meu amor. Só
peço que
continue aqui. Eulália ama-a muito, as crianças adoram-na. Por favor, reaja.
Estou disposto
a cuidar melhor de minha família, esse é meu dever. Sossegue seu coração e
esqueça o
passado. Não se atormente com o que já aconteceu. Não podemos voltar
atrás e mudar os
fatos.
- Ah, se eu pudesse fazer isso!
- Mas não pode. De que adianta se atormentar? Não suporto vê-Ia se
acabando desse jeito.
Prometa que vai reagir, voltar a ser a mesma de antes, para a alegria de toda
a nossa
família.
Ele tinha lágrimas nos olhos, e Liana tentou sorrir:
- Farei o possível. Você vai ver. Vou melhorar.
Entretanto isso não aconteceu. Apesar de se esforçar, Liana sentia imensa
fraqueza e muitas
vezes um sono incontrolável. Tinha enjôos com. freqüência e mal-estar.
Duas semanas depois do rompimento do noivado de Liana, Alberto foi a
reunião em casa
do Dr. Marcílio e eles receberam a visita do espírito interessado em ajudar
Liana.
Depois de identificar-se com o nome de Anita, ela chamou por Alberto:
- Precisamos tomar algumas providências com urgência. A cada dia que
passa Firmino
consegue mais ascendência sobre Liana.
Temos de impedi-lo. Alberto, você tem de tirar Liana daquela casa
imediatamente. Não
podemos mais esperar. Se demorar, poderá ser tarde demais.
- Como fazer isso? Eulália não aceita sequer falar sobre espiritualidade
naquela casa.
- Dê um jeito. Faça qualquer coisa, mas tire-a de lá.
- Vou pensar em uma solução. Espero que me ajudem.
- Estamos ajudando. Só precisamos que a tire daquela casa.
- Vou ver o que posso fazer.
- Que seja o quanto antes.
- Amanhã mesmo tentarei uma solução.
Depois que terminou a reunião, eles ficaram conversando, tentando encontrar
uma saída.
Alberto, depois de muito pensar, propôs:
- Amanhã à noite, quando a casa estiver silenciosa, eu entro e retiro Liana de
lá. Levo-a
para minha casa.
- Vai ser um escândalo - disse Adélia. - No dia seguinte, toda a cidade vai
comentar. Eulália
vai buscá-Ia e levá-Ia para casa. Não vai adiantar.
- Vai, sim. Você, Marcílio, vai me ajudar. É amigo do juiz. Basta convencê-Io
a realizar
nosso casamento e pronto. Quando Eulália aparecer, estaremos casados. Não
haverá
nenhum escândalo e tudo estará resolvido. Poderemos fazer todo o
tratamento de Liana
livremente.
- Você está disposto a casar-se com ela? Não está indo longe demais? - Não.
Será a única
forma de fazer com que ela saia de lá e sua família deixe de intervir
diretamente na vida
dela. Só precisamos do juiz.
- Só há um problema. Casamento não se faz assim, de um dia para o outro.
Há que ter certo
tempo para os papéis.
- Não se você convencer o juiz e garantir que somos ambos livres. Tenho
documentos em ordem. Sou viúvo. Liana é muito conhecida e é solteira. Acho que será a
única forma de a
retirarmos daquela casa.
- O professor tem razão - concordou Adélia. - Otaviano é seu amigo de longa
data. Se você
pedir, contar por quê, ele faz.
- Posso tentar. Mas pode demorar. Anita disse que é urgente.
- Precisamos fazer isso. Ameu ver, é o único caminho - tornou Alberto.
- Amanhã cedo vou procurá-lo. Assim que tiver alguma notícia, eu aviso.
Eles se despediram e Alberto custou a dormir, imaginando como faria para
tirar Liana
daquela casa sem que os outros soubessem.
No dia seguinte, Alberto esperou ansiosamente notícias do médico. Ele passou
em sua casa
ao meio-dia. Depois de fazê-Io entrar, Alberto perguntou:
- E então?
- Bem, ele a princípio recusou. Tem amizade com Norberto e receia que ele
não aprove o
casamento. Contei-lhe uma história que me ocorreu na hora. Deus vai me
perdoar a
mentira.
Alberto sorriu:
- O que foi que disse?
- Que vocês estão apaixonados. Como Liana rompeu o noivado para se casar
com você, a
família dela é contra porque Mário os ameaçou de morte. Esse é o motivo
pelo qual vocês
desejam casar-se à noite, às escondidas, para evitar a ira do engenheiro.
Vendo o caso
consumado, ele terá de se conformar.
- Puxa, você é bom nisso! Eu sou o escritor e você é quem tem a melhor
história.
- Bom, aí ele concordou. Conheço Otaviano. É um romântico. Até há pouco
tempo fazia
serenatas no meio da noite. Depois, eu não podia dizer que estávamos fazendo
tudo isso por
causa dos espíritos. Ele é descrente. Ia pensar que estamos loucos e se
recusar.
- Fez muito bem.
- Só que não dá para ser hoje à noite. Temos de apanhar os documentos e
levar para ele preparar tudo. Terei de assinar como testemunha de que vocês são livres e
podem se casar.
- Meus documentos posso dar já. Os de Liana tenho de conseguir. - Como
pensa convencê-
Ia a participar? Acha que ela vai concordar com isso?
- Creio que sim.
Alberto apanhou todos os seus documentos e entregou-os ao médico. - Vou
para a mansão
daqui a pouco. Hoje à tarde mesmo levarei os documentos dela em sua casa.
- Estarei esperando.
Enquanto Alberto se dirigia à mansão, ia pensando numa forma de conseguir
o que
pretendia. Não sabia onde Eulália guardava os documentos de que precisava.
Talvez as
crianças pudessem ajudar a descobrir.
Uma vez reunido com eles na sala de aula, Alberto começou:
- Nós somos amigos e sei que posso contar com vocês. Eu e o Dr. Marcílio
estamos
empenhados em ajudar Liana. Ela está pior a cada dia.
- É a alma do coronel que a está perturbando - disse Nico.
- Ele garantiu que vai levá-Ia com ele - interveio Eurico. - Você acha que ele
tem esse
poder?
- Eu não quero que ele leve tia Liana embora! - lamentou-se Amelinha com
voz chorosa.
- O Dr. Marcílio sabe lidar com esses casos. Faz sessões em sua casa e tem a
ajuda de
alguns espíritos bons. Nós fizemos uma consulta para Liana e eles nos
disseram que
precisamos tirá-Ia desta casa o quanto antes.
- Ela não quer ir - disse Amelinha.
- O coronel não deixa - ajuntou Eurico.
- Foi isso mesmo que disseram na sessão. Mas eles vão nos ajudar para
conseguir isso.
Alberto contou seu plano, finalizando:
- O juiz concordou em fazer os papéis, mas preciso levar os documentos de
Liana.
- Mamãe guarda todos os documentos na gaveta da escrivaninha - disse
Amelinha.
- Tia Liana já sabe que você quer se casar com ela?- perguntou Eurico.
- Ainda não. Pretendo conversar com ela ainda hoje.
E se ela disser não? - ponderou Amelinha.
- Ela deseja melhorar. Vai dizer sim - contrapôs Alberto.
- Mamãe vai ficar furiosa! - disse Amelinha.
- Ela não vai poder fazer nada quando descobrir que já estão casados. O
difícil vai ser tirar
tia Liana daqui. Se vocês vissem a cara do coronel quando diz que não vai
deixar.
- Eu sei, Eurico. Mas nós temos fé em Deus. Depois, os bons espíritos
prometeram nos
ajudar. Só preciso que vocês peguem esses documentos ainda hoje.
- Eu vou fazer isso - propôs Amelinha.
- Quando você vai falar com tia Liana? - perguntou Eurico. - Hoje, depois de
nossa aula.
- Não vou conseguir prestar atenção em nada, com tudo isso acontecendo
aqui! - tornou
Amelinha. - Será que a alma do coronel vai aparecer de novo para ela?
- Ele que não apareça para mim! Não quero mais ver a cara dele - reclamou
Eurico.
- Pois eu queria muito o ver - disse Nico. - Não tenho medo. Se ele aparecer,
vou dizer-lhe
poucas e boas. Onde já se viu judiar da Liana, sempre tão boa?
- Não é hora de brigar, Nico. Todos precisamos agora é rezar para que dê
tudo certo. A
alma do coronel é atormentada e precisa muito de oração. Vamos ajudá-Io a
sentir o quanto
está se prejudicando.
- Agora mesmo vou ver se posso pegar esses documentos - disse Amelinha.
- Cuidado. Sua mãe não pode perceber nada. Vamos agir como sempre. Esse
é mais
um segredo nosso.
- Você vai se casar com minha tia e vai ser meu tio. Que bom! tornou
Amelinha,
alegre.
- Você a ama? - indagou Eurico.
- Eu gosto muito de Liana. Mas nosso casamento não é de amor.
Não estamos namorando, se é isso que quer saber. Só vamos nos casar no
papel, por causa
da maldade das pessoas. Se ela for morar em minha casa sem se casar,
todos, a começar por
sua mãe e seu pai, vão pensar que estamos agindo mal. Temos de casar para
que nos deixem em paz e ela possa fazer esse tratamento.
- Se a Dona Eulália aceitasse o tratamento com os espíritos, vocês não iam
precisar
se casar - disse Nico.
- Isso mesmo. Eu gosto muito de Liana e desejo que ela fique bem.
Quero levá-Ia para minha casa para poder ajudá-Ia do jeito certo.
- Mamãe vai se zangar. E se ela não deixar mais você vir aqui para dar aula?
-
perguntou Amelinha.
- Se ela fizer isso vai se arrepender - disse Eurico. - Vou ficar doente de novo.
- Você não precisa adoecer para conseguir o que quer. Pode fazer isso de
outra
forma.
- Como? Ela nunca me escuta! Nunca acreditou que eu vejo alma do outro
mundo!
- É difícil para ela. Com o tempo ela vai saber que tudo quanto você dizia era
verdade. Agora vamos estudar.
- Vai ser difícil prestar atenção. Minha cabeça está fervendo! retrucou
Amelinha.
- Aminha também - disse Eurico.
- Temos de fazer tudo como sempre. Ninguém pode desconfiar de nossos
planos.
- O professor tem razão - concordou Nico. - Temos que enganar até a alma
do
coronel.
- Será que ele não está ouvindo nossa conversa? - perguntou Amelinha.
Não o estou vendo aqui agora - garantiu Eurico.
- Vamos pedir a Deus que ele não perceba - disse Alberto.
Quando terminou a hora da aula, Alberto disse que iria conversar com Liana
e enquanto
isso Amelinha cuidaria de pegar os documentos da tia. Alberto encontrou-a
na sala
estendida no sofá, tendo nas mãos um livro que nem sequer abrira. Vendo
Alberto
aproximar-se, Liana tentou sorrir.
- Como vai? - indagou ele com interesse.
- Bem. E você?
- Vim para conversar. Onde está Eulália?
- Na copa com Hilda.
- Temos de falar a sós. É importante. Gostaria de andar um pouco pelo
jardim?
Ela suspirou desanimada:
- Estou tão cansada! Não pode ser aqui?
- A tarde está muito bonita. Um pouco de ar far-Ihe-á bem. Você tem ficado
muito dentro
de casa.
- Não tenho ânimo para sair.
- Poderemos nos sentar no caramanchão. Venha. Vou ajudá-Ia a levantar-se.
Ele apanhou sua mão e ajudou-a a levantar-se.
- Estou tonta - reclamou ela, apoiando-se nele.
- Segure-se em meu braço. Vamos andar um pouco.
Ela obedeceu e saíram. Alberto acomodou-a no banco do caramanchão e
sentou-se a seu
lado, fitando-a penalizado. Liana emagrecera bastante. Seu rosto estava
pálido, olhos
encovados, lábios sem cor. Estava muito diferente da moça cheia de vida que
ele conhecera
ao chegar ali. Sentiu que não havia tempo a perder. Depois de uma ligeira
olhada para ver
se não havia ninguém por perto, foi direto ao assunto:
- Fiz uma consulta para você na sessão na casa do Dr. Marcílio. Eles
confirmaram tudo
quanto Eurico tinha dito sobre a alma do coronel. - Então é mesmo verdade?
- Claro. Ninguém lá sabia que Eurico o havia visto.
- Que horror! Eu não quero ver aquele homem horrível outra vez. Só em
pensar nisso fico
gelada.
- Calma, Liana. Os bons espíritos prometeram nos ajudar a libertá-Ia dele.
Vão ajudá-Io
também a esclarecer-se. Ele está iludido, preso no passado. Agora é hora de
resolver
problemas que vocês não conseguiram solucionar em outras vidas.
- Custo a crer! Eu nunca vi esse homem antes!
- Isso não importa agora. O importante é que ele se agarrou a você e está
sugando suas
forças e você não está conseguindo libertar-se.
- Eu não quero que ele fique perto de mim.
- Para isso é preciso que você saia desta casa o quanto antes. Uma vez fora
daqui, que seja
tratada pelo Dr. Marcílio, que conhece esse assunto, e pelos bons espíritos que
o ajudam.
- Não posso sair daqui!
Alberto apanhou a mão gelada de Liana e apertou-a com carinho:
- Pode e vai sair amanhã à noite. O Dr. Marcílio e eu temos um plano para
que você se
liberte logo. Amanhã à noite virei buscá-Ia sem ninguém saber e você irá
para minha casa.
Lá, um juiz estará com os papéis prontos e fará nosso casamento. Você ficará
morando
comigo, até ficar em condições de cuidar de sua própria vida. Será um
casamento de
aparência. Para todos, estamos apaixonados, mas na intimidade, seremos
como irmãos.
Dessa forma, você estará livre de todos os problemas que a afligem e com
sua situação
regularizada perante sua família.
- Eulália vai ficar furiosa.
- Norberto mais ainda. Apenas no princípio. Depois, com o tempo, tudo se
normalizará.
Afinal, eles desejam sua felicidade.
- Não sei... é arriscado. Não posso envolver você em meus problemas.
- Já me envolvi o suficiente. Não tolero vê-Ia definhar dessa forma. Gosto
muito de você.
Deixe-me devolver-lhe a alegria e o bem-estar que você merece.
- Só em pensar em sair daqui, me dá um medo...
- Eu sei. Mas a meu lado nada de mau vai acontecer. Não a deixarei um
minuto sequer.
Liana apertou a mão dele com força:
- Meu Deus! Estou me sentindo tão fraca!
- Você não é fraca. Ao contrário. Você é forte. Vai conseguir sair dessa, com
ajuda de
Deus.
- Não sei, não...
- Diga que sim e eu tomarei conta de tudo.
- Está bem. Irei. Quero terminar com essa situação, ainda que seja às custas
da própria vida.
- Você vai viver saudável e feliz. Amanhã depois da aula conversaremos para
acertar o
horário em que virei apanhá-Ia. É absolutamente necessário que guarde
segredo. As
crianças sabem e estão nos ajudando.
Mas não convém conversar sobre isso, alguém pode ouvir. Todo cuidado é
pouco.O que eles dizem?
- Eles a amam muito e querem vê-Ia boa.
- Nunca pensei chegar a este ponto...
- Não se lamente. Você é muito querida e tem muitos amigos.
Agora vamos voltar para a sala antes que alguém desconfie.
Ela se apoiou no braço dele e dirigiram-se para a casa exatamente no
momento em que
Eulália saía olhando atenta para todos os lados. Vendo-os, suspirou:
- Não a vi na sala e fiquei preocupada. Está bem?
- Estou melhor, obrigada.
- Liana precisa sair um pouco, respirar ar puro.
- Ele tem razão, Liana. Eu insisto, mas ela não quer.
Ele a conduziu até o sofá na sala, e quando estava se despedindo Nico
apareceu
perguntando:
- O senhor vai passar perto da casa da minha mãe?
- Vou, Nico. Quer carona até lá?
- Quero. Posso ir, Dona Eulália?
- Pode. Só não volte muito tarde. Eurico fica impossível enquanto você não
chega. Nunca
vi. Parecem irmãos siameses. Vivem um grudado no outro.
- Não demoro. Vejo a minha mãe e volto logo.
Quando estava no carro, Nico tirou um envelope do bolso e entregou-o ao
professor.
- Veja se são esses os documentos que precisa.
Ele verificou e sorriu satisfeito:
- Está tudo certo. Quem pegou?
- A Amelinha. Ela é danada de esperta. Enquanto o Eurico dava trabalho para
a Dona
Eulália na cozinha, ela subiu e pegou tudo. Ninguém percebeu.
- Ela é muito esperta.
- E a Liana, concordou?
- Relutou um pouco, mas concordou. Amanhã, quando todos estiverem
deitados, voltarei
para buscá-Ia, sem ninguém saber. Vou precisar da ajuda de vocês. Na aula
de amanhã
combinaremos tudo. Tenho de ver com o Dr. Marcílio o que é melhor fazer.
- Puxa vida! O Eurico e a Amelinha vão gostar de saber. Eles pediram que eu
perguntasse
tudo.
- Diga-Ihes que está tudo combinado. Amanhã trataremos dos detalhes.
Depois de deixar Nico em casa, Alberto dirigiu-se à casa de Marcílio.
Entregou-lhe os
documentos com satisfação.
- Está tudo combinado. Liana aceitou. As crianças estão nos ajudando.
- Como pensa tirá-Ia de lá?
- Amanhã à noite, depois que todos dormirem, irei buscá-Ia. Ficarei
esperando do lado de
fora. Vou pedir para Nico me fazer um sinal quando todos estiverem
dormindo.
- Precisa ir prevenido. Fazer prece antes. O coronel Firmino pode tentar
impedir que Liana
saia da casa.
- De que forma?
- Acordando alguém, aparecendo novamente para ela, ou mesmo fazendo-a
perder os
sentidos.
- Nesse caso seria melhor que você fosse comigo.
- Posso ir. O juiz ficou de estar em minha casa lá pelas nove horas. - É cedo.
Eulália pode
estar acordada ainda.
- Ele sabe que vocês vão fugir. Vai ficar esperando o quanto for preciso.
Aliás, Adélia já
preparou alguns quitutes e uma cervejinha gelada do jeito que ele gosta.
- Está bem. Combinado. Passarei em sua casa às nove e iremos juntos até a
mansão esperar
o sinal.
Quando Alberto chegou em casa, foi ao quarto verificar se tudo estava em
ordem. Desde
que tivera a idéia de levar Liana para sua casa, transformara o quarto de
vestir em um
quarto de hóspedes. Mandara limpar tudo com carinho. No dia seguinte
compraria flores
para colocar sobre a cômoda. Queria que Liana se sentisse confortável em
sua casa.
Deitou-se mas não conseguiu dormir. Sentia-se emocionado e inquieto. Mais
uma vez sua
vida estaria se modificando na noite seguinte. Não tinha dúvida de que
conseguiriam
libertar Liana do assédio do coronel. Mas, quanto aos problemas íntimos que
Liana
carregava dentro do coração, só ela poderia resolver. Para isso precisava deixar o passado ir
embora e retomar a alegria de viver.
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Quando Chega a Hora
SpiritualRomance espírita, psicografado pelo espírito Lucius. Os herdeiros do coronel Firmino mudam-se para o seu antigo casarão, há muito abandonado e assombrado pelo espírito do antepassado. Nico, Eurico e Amelinha são as crianças cujas brincadeiras desper...