ᴄᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 1

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                REINO DE TENCAI

― Min Yoongi! ― Ouvia-se gritar a rainha do final do corredor indo com seus passos pesados e rápidos em direção ao quarto de seu filho, que entrou esbravejante minutos antes. ― O que você acabou de fazer foi algo extremamente desonroso para a nossa família, você tem noção disso?

― A culpa não é minha, Sua Majestade. ― Falou ao final em tom de ironia, tirando dos ombros a capa preta com bordados dourados feitos a mão que compunha seu traje da realeza feito para ocasiões de encontro com o povo de seu reino e o jogando em cima de sua cama. ― Eu sempre disse que nunca faria aquilo, sempre deixei bem claro e vocês não podem me obrigar, não a isso também. Eu já estou farto. ― Grita virando-se para a mãe.

― Você desrespeitou o seu pai, o rei de Tencai, na frente de todos, na frente daqueles plebeus desprezíveis por não querer fazer algo que é seu dever, sua obrigação!

― Não é minha obrigação ter que julgá-los por coisas fúteis, ter que condená-los por infringirem leis que vocês impõem, leis essas que são inúteis. Eu não vou fazer isso nem hoje e nem nunca.

Desde criança Yoongi sente o peso da coroa mesmo nunca tendo a colocado na cabeça. Ser filho único de um reino é ser destinado desde que nasce a herdar o trono. Muitas pessoas desejam, almejam e sonham em ter essa oportunidade, mas não ele. Era uma pessoa alegre que gostava de brincar, conversar, de sair para ver as pessoas, conhecer lugares novos e se divertir fora do castelo, mas isso tudo lhe foi tirado desde cedo quando foi proibido de conversar com plebeus e criados, quando suas brincadeiras viraram aulas, quando não podia mais sair do castelo a menos que acompanhado por uma guarda e nunca podendo fazer o que queria. Nunca quis ter o destino de ser rei, mas nunca descobriu algo que quisesse ser.

― Eu estou cansado, cansado de ser mandado por vocês e por ter que fazer coisas que eu não quero. ― Disse o rapaz, indo se apoiar na janela de seu quarto, já farto também da mesma discussão, a qual ele no fundo sabia que não importasse o que dissesse ou fizesse, nunca teria chance a de mudar as coisas. Seu tormento nunca teria um fim.

― Você não tem escolha, meu filho. Esse é o seu destino, é o que você tem que fazer. Você não pode fugir do que você é.

Fugir. A palavra ecoou brevemente em sua cabeça.

― Você não pode fugir do que você nasceu para ser. ― Determinou por fim com a voz baixa e clara o suficiente para que o ouvisse. ― Kim Taehyung. ― Chamou.

― Sim, Vossa Majestade. ― Respondeu ele, que estava desde o início no canto do quarto, com suas mãos cruzadas atrás do corpo, como sempre, e até então com a cabeça baixa.

― Não permita que ele saia deste quarto até sua aula de mapeamento.

― Sim, Vossa Majestade. ― O servo assentiu enquanto a rainha saía com seus guardas, fechando a porta para evitar que mais palavras fossem proferidas.

O príncipe deitou em sua cama de qualquer jeito, sentindo-se sufocado. Nada apertava sua garganta fisicamente, mas toda aquela história tinha o mesmo efeito. Asfixiava-o. Era um sentimento que se tornava maior a cada dia que passava, e o pensamento de que talvez nunca pudesse mudar seu destino era atordoante para si. Todo aquele espaço que, certamente, era maior que uma simples casa de um plebeu, as paredes, o teto esculpido com elementos ornamentais, os móveis feitos a mão com detalhes perfeitamente elaborados e desenhados, as roupas decoradas com ouro e feitas do melhor tecido.

Tudo era sufocante.

― Ei, como você está? ― O mais novo questionou, fazendo com que Yoongi se sentasse na cama para o olhar adequadamente.

Flight of Two Kingdoms and One PrinceOnde histórias criam vida. Descubra agora