Capítulo 8

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Nós cinco admirávamos a imensidão do lugar no pé da enorme montanha. Era irregular, mas não muito inclinada, porem havia rochas enormes e desproporcionais. Estava coberta de gelo e eu não conseguia ver o topo.

Olhei para Christian, incrédula.

- como você chegava até lá? – perguntei curiosa e ele deu nos ombros.

- eu não tinha isso, então... – ele levantou os braceletes no pulso. – talvez seu namorado possa ajudar. – ele apontou para Victor ao meu lado que franziu o cenho.

- o ar é tão forte e pesado aqui. Não sei se posso ajudar. E também só posso levar um de cada vez, demoraria. – Victor respondeu com os olhos na montanha, pensativo.

- então vamos escalar. – Luke afirmou e todos pareceram desconfortáveis, mas cederam.

Estávamos na metade do caminho, o vento frio fazia minhas pernas e mandíbula tremerem o que me deixava ainda mais irritada. Christian não parecia se importar, ele sabia exatamente aonde ir e pisar indo na frente com Luke, eu, Victor e John logo atrás.

Tentei não olhar para baixo e segurava em qualquer coisa para tentar ter uma base. A altura me enjoava, mas não por medo e sim pela tontura. Foi uma caminhada/escalada difícil, mas não era nada impossível, apenas incomodo. Tínhamos que ter cuidado demais onde pisávamos.

Chegamos a uma parte mais ampla, como uma colina no meio da montanha. Paramos para respirar. Victor e John despencaram no chão e eu apoiei nos joelhos respirando profundamente. Christian tinha um olhar acusativo, como um "fracotes".

Luke respirou fundo e foi até perto do precipício para observar abaixo, o olhei preocupada. Dei um passo para perto dele, mas travei quando senti algo se rachar no chão. O gelo.

- Luke! – gritei tarde demais.

O gelo rachou por completo e Luke despencou com ele. Corri o mais rápido que pude conseguindo pegar a mão dele, mas iria cair também se Victor não tivesse segurado a minha outra mão. Ele nos puxou com dificuldade e logo John veio para ajudar.

Agora estávamos ofegantes e caídos na rocha coberta com uma camada de gelo. Christian continuou ali parado a frente, nos olhando como se fossemos idiotas.

Depois de alguns minutos voltamos a subir a montanha. Todos estavam muito quietos e isso me deu espaço para pensar, até demais. Christian estava na frente nos guiando então procurei uma brecha para entrar na mente dele.

"eu quero te perguntar mais uma coisa." falei pra ele que me olhou de relance e deu nos ombros de leve. "Bruno. Ele era Marido de Iris? O que aconteceu?" perguntei me lembrando da cena na sala de Magnus.

"ela não contou a você?" ele perguntou um pouco surpreso, suspirei tristemente.

"eu não tive coragem de perguntar a ela e como você não tem sentimentos ou culpa prefiro saber por você ao invés de magoa-la" expliquei e ele pareceu considerar isso.

"sim, sim. Foi há muito tempo, depois de tudo, você sabe. Bruno tinha um dom bem interessante sobre controlar os sentimentos alheios. Não manipula-los, mas ele controlava sua reação. Te deixava calmo ou com raiva quando quisesse." disse parando por um momento e olhando para os lados, depois continuou a andar.

O fitei, esperando, mas ele não continuou.

"então você decidiu pegar o dom dele? Mas você não pode fazer isso, pode?" adivinhei confusa, ele respirou fundo entediado.

Visões de um amanhã (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora