Ficamos na cabana naquele dia. O tempo piorou e seria péssimo se tentássemos sair.
John tentava falar com alguém pelo celular e conseguir um helicóptero ou algo assim para levarmos Lydia que estava muito fraca dali, mas não parecia ter muitas respostas.
A cabana poderia parecer pequena, mas era bem espaçosa. Havia quatro quartos nela e nos dividimos entre eles. Christian com seu próprio e Lydia o dela. Luke e John em outro e eu e Victor no ultimo. Christian tentou me provocar sobre dormir com namorado, mas eu o mandei para o inferno imediatamente.
Luke realmente parecia outra pessoa como Victor havia dito. Ele estava feliz, mas preocupado. Lydia era o centro do mundo para ele agora, cuidava dela e conversava alegremente.
Eu já não consegui ser assim. Eu a amava, sabia disso, ela com certeza era minha mãe, mas eu não a conhecia.
Podia perceber Christian me sondando, me observando, analisando meu comportamento o tempo todo. E como sempre tentei ignora-lo.
Quando todos estavam dormindo e eu não conseguia, me levantei e fui até a varanda da frente. Estava frio e ventando, mas eu não me importei, até gostava do frio. Fiquei olhando a imensidão de "nada" a frente. Nuvens densas e carregadas, e o gelo sobre a montanha.
- você tem sérios problemas para dormir. – John disse ao meu lado sem me assustar, já estava acostumada com ele fazendo aquilo. – deveria procurar um medico. - concluiu.
O olhei, pensativa. Seus olhos pareciam âmbar liquido, seu cabelo loiro estava em baixo de uma touca de lã cinza escuro. O fitei sobre a luz pálida da varanda e ele me olhou de volta percebendo o que eu estava pensando, então abaixou os olhos sem jeito.
- converse comigo sobre isso. – pedi a ele sentindo-me ainda perdida e agora um pouco culpada também.
Ele sorriu sem humor.
- não há o que conversar Tess. Foi um erro, um deslize. Não deveria ter acontecido e nem vai acontecer de novo. – ele respondeu sem me olhar, me virei para ele chegando mais perto.
- John. – chamei, mas ele não me olhou. – Tavares, olhe para mim. – pedi o fazendo ceder, seu olhar parou no meu. Ele parecia dolorido e desconfortável. – desde quando você se sente assim? Por que você nunca me falou nada? Você é meu melhor amigo. – soltei sem conseguir controlar as palavras que apenas saíram da minha boca.
Ele segurou o ar por um momento e pareceu pensar em uma boa resposta, então desviou o olhar novamente para o nada escuro a nossa frente.
- eu não sei exatamente quando Tess, mas você sempre... – suspirou. - sempre foi diferente pra mim. E no hotel, quando disse que precisava de mim, eu não pude evitar. Eu sinto muito, sou um idiota e Victor é meu amigo. E você é minha amiga. Não, você é mais que isso, você é minha família. – ele soltou tudo de uma vez, parecendo nervoso.
Sempre soube que mesmo John sendo uma pessoa compreensiva ele era difícil de se abrir, de falar sobre seus sentimentos.
Meu coração doeu por ver que ele não sabia lidar com isso. Eu também não saberia, mas se fosse antes, antes de Victor, antes de tudo. Talvez John e eu déssemos certo.
Quando não o respondi ele me olhou e sorriu sem graça.
- por favor, diga algo, não tenho ideia do que você esta pensando. – disse agora se virando para mim.
- John eu... – tentei dizer disfarçando o nó em minha garganta. Minha voz saiu abafada pelo vento. – eu me sinto mal por nunca ter percebido. Sinto-me mal porque eu amo você, você sempre foi e sempre será uma das pessoas mais importantes na minha vida. Eu me sinto mal por pensar que há um tempo isso poderia... Acontecer, poderia até dar certo. Mas agora... – abaixei os olhos, me odiando por dizer tudo aquilo.
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Visões de um amanhã (Livro 2)
FantasíaA procura da mãe, Tessa e seus amigos embarcam em uma viagem com Christian que está rendido e promete leva-los até Lydia. Porem essa viagem pode ser mais complicada e surpreendente do que Tessa pode imaginar.