Visões de um amanhã (Livro 2)

Capítulo 13

Estava deitada na grande cama de casal olhando para o teto. Era normal para mim, não conseguir dormir, mas desta vez estava muito mais torturante.

Ver John de novo fez minha ferida se abrir ainda mais. Pensei na possibilidade de conseguir consertar as coisas, de conseguir ajudá-los a pegar Christian e me redimir com Luke, íris e principalmente com Victor.

Senti uma dor sufocante quando me lembrei da conversa que tive com John no ano passado quando acordei do coma.

"- Não é culpa sua Stins. Todos nós fazemos coisas que nos arrependemos, mas o que nos torna melhores são o que fazemos para arrumar nossa bagunça."

Lembrava-me perfeitamente de suas palavras que agora faziam mais sentido do que nunca.

Ah John, meu velho amigo e irmão. Choraminguei para mim mesma me perguntando como fomos parar naquela situação. Ele gostando de mim a ponto de me beijar. Justo ele. Justo o John que sempre me apoiou para ficar com Victor.

Senti um aperto no peito por tentar entender.

Preocupava-me também com íris. Não podia imaginar o que ela sentiu nesse tempo e ainda sentia. Eu queria correr até ela e abraçá-la com força. Perguntei-me como ela teria se sentido com Lydia lá. Torci para que elas se dessem bem e vivessem em harmonia.

O que me fez pensar em Luke, meu irritante irmão mais velho. Nossa relação e convivência sempre foi tão maluca, mas sempre que precisamos um do outro nada mais parecia importar. Eu sabia que ele me acharia (de novo) e contava com isso no momento certo.

Lembrei-me de Luke no corpo de Christian dizendo que ainda havia humanidade nele e depois me dizendo em meio à neve que eu não deveria procurar luz em Christian.

Senti-me ainda pior, Luke teve esperança por um momento, mas ela se foi e agora eu que parecia ter esperança em algo vazio. Em alguém vazio.
Afastei esse pensamento e me foquei em Victor.

Ele havia desistido de mim como pedi, me deixado ir e mesmo assim eu me senti mal. Fazia dez meses que não o via, não podia esperar que ele me esperasse, podia? Desejei pelo menos que ele achasse alguém legal para ficar e não em boates acompanhado de drogas.

Com um suspiro dolorido fui tomada pela lembrança das palavras de Victor na noite em que dormimos juntos.

"- eu amo você Teresa. Não me importo de morrer amanhã se for pra passar meus últimos dias com você. Por favor, não me tire isso. Não me tire à única fonte de felicidade que tenho. Você."

Abracei-me rolando na cama com a dor da lembrança.

Havia tirado sua fonte de felicidade afinal? Eu teria tido uma escolha?

Perguntei-me se não tivesse caído na chantagem de Christian como as coisas estariam agora.

Toc - toc - toc.

Alguém bateu na janela devagar me fazendo sentar rapidamente na cama olhando em alerta no susto que foi ainda maior depois que o vi.

Ele estava flutuando a frente da janela grande, com uma parte da cortina a cobrindo. Fiquei sem reação por um momento olhando seu cabelo negro (que estava bem maior) balançar com o vento e seus olhos verdes estarem tão escuros que pareciam musgo. Victor me olhava com urgência o que me fez correr até a janela a abrindo sem fazer barulho.

Ele entrou levemente pousando no chão com calma silenciosa. O encarava sem fala, sem entender e sem saber se era um sonho ou alucinação.

- você pode... - ele indicou baixo claramente como um pedido para que eu entrasse em sua mente.