As vantagens de ser uma plebeia

O Grande Dia

     São dez horas da manhã do dia 19 de maio, o grande dia do casamento dos Duques de Sussex. O quarto em que Meghan estava se arrumando era uma verdadeira bagunça, cabeleireiros, maquiadores, manicures e outros profissionais que eu nem sabia que existiam se revezavam para ter o seu tão esperado momento com a noiva.
     Eu fui praticamente expulsa de lá quando Clare percebeu que eu ainda não estava arrumada, ela pegou imediatamente o vestido que tinha feito para mim e o jogou em minhas mãos, sua delicadeza me impressionou! Analisar o longo vestido branco em minhas mãos é estranho, é quase igual ao que as daminhas usarão e isso me deixa mais tranquila. É totalmente irônico se eu for pensar que até alguns dias atrás eu me imaginava "matando" qualquer mulher que fosse na minha festa de casamento de branco, mas não tenho culpa se isso não é tradição no Brasil.
     – Tudo bem Amélia! Eu quero, eu posso, eu consigo! – Dizer isso para si mesma em frente ao espelho pode parecer estranho e realmente é, mas também é uma forma de fazer com que eu me acalme então está valendo!
     – Amy você está perfeita! – Meg deu um sorriso enorme quando me viu entrando no quarto, eu posso dizer o mesmo dela.
     – Obrigada Meg e você também está simplesmente incrível! Mais incrível ainda é que resolvera te deixar sozinha por alguns instantes. – O quarto que antes era palco de uma bagunça estava vazio, acho que tem haver com o faro de Doria estar nele a pouco tempo,deram espaço para o momento mãe e filha, agora era a minha vez.
     – Acho que um certa loira tem algo haver com isso, lembro dela ter gritado algo como " pessoal vão cam calma aí por favor, nossa noiva precisa chegar a doze na capela, mas tenho certeza que de preferencia viva!". – Acho que talvez eu tenha exagerado um pouquinho nessa parte.
     – Não precisa me agradecer duquesa. Eu já estou quase saindo, temos que completar a tradição!
     – Algo antigo, algo azul, algo novo e algo emprestado. Esqueci alguma coisa?
     – A moeda de seis centavos no sapato.
     – Agora eu estou me sentindo uma péssima noiva! – Nós duas estávamos rindo, ela parecia bem mais calma que eu. Na verdade ela estava mais calma que Doria e eu juntas!
      – Tudo bem, vamos listar as coisas. Algo antigo?
      – A tiara da rainha Mary.
      – Algo azul?
      – A fita amarrada no buquê que minha mãe usou no seu casamento.
      – Algo novo?
      – Os brincos, o vestido, os sapatos. Temos esse item de sobra!
      – E algo emprestado?
      – Eu não tinha pensado nisso, vale se eu mesma me emprestar? – Meghan parecia estar realmente pensando nessa hipótese, o que era totalmente sem sentido.
     – Eu acho que não, mas como eu sou uma pessoal totalmente incrível cuidei dessa parte! – Eu tirei com cuidado a delicada corrente do meu pescoço, era estranho estar sem o meu colar, sem ele eu me sentia quase nua. Eu não o tirava do meu pescoço desde os meus doze anos, quando eu descobri que era adotada, desde então o pequeno pingente com a inicial da minha mãe era tudo que eu tinha dela, o "D" que eu nem sequer sabia de que nome era é tão especial para mim.
    – Eu não acredito Amy! Eu sei o quanto esse colar é especial para você. – Meghan estava quase chorando e eu não estava diferente, mas nesse momento isso não é importante.
    – É por isso que eu estou te emprestando ele, pode parecer estranho, mas quando eu uso esse colar sinto como se minha mãe estivesse por perto. Quero que sinta o mesmo Meg, que pense em mim segurando sua mão em cada passo que der até ao altar e em outros momentos também. Sempre e para sempre!
     – Sempre e para sempre! – Não precisávamos dizer mais nada, o nosso abraço apertado e as lágrimas de felicidade que caiam pelo nossos rostos já eram mais que os suficientes!