O legado de Diana

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     – Você parece exausta. Não quer dormir aqui essa noite? – Philip se aproximou de mim e se sentou no sofá ao meu lado, o homem que geralmente era engraçado e relaxado parecia preocupado.
     – Estou apenas um pouco cansada, não precisa se preocupar, eu prefiro ir para casa. – O príncipe suspirou frustado e olhou por cima do meu ombro, quando olhei para trás Charles estava vindo até nós.
     – Lilibeth e eu concordamos que você precisa de um tempo, mas lembre-se que essa também é sua casa minha neta. – Philip se despediu com um beijo em minha testa e no mesmo momento Charles chegou e se sentou no lugar que ele estava.
     – É tão desconfortável para você quanto para mim? – Ele perguntou depois de alguns minutos em silencio.
     –Imagino que sim. Mas acho que com o tempo vamos superar isso. – Pelo menos é o que eu espero.
     – Tenho certeza que sim, mas você está disposta a me dar esse tempo?
     – Com licença. – William nos interrompeu antes que eu pudesse responder e eu agradeci internamente por isso.
     – Will! Algum problema?
     – Na verdade não, é que eu... Eu gostaria de te levar a um lugar Lia.
     – A essa hora filho? Não é perigoso?
     – Ainda são dez horas pai e nós estaremos com seguranças, mais seguros impossível.
     – Os dois estarão com os seus seguranças William, Amélia ainda não tem os dela.
     – E nem pretendo ter!
     – Depois discutiremos isso querida, é para a sua segurança. – Charles falou educadamente no mesmo tom que ele falaria com uma criança e William riu quando eu revirei os olhos irritada, eu provavelmente estava parecendo uma criança mimada.
     – Papai é importante, Amélia estará segura e eu só posso ir lá a noite. – Os dois trocaram um rápido olhar (daqueles que eu odiava) e Charles pareceu entender o que o filho queria.
     – Tudo bem, mas não demore muito e leve sua irmã cedo para casa.
     – Entendi senhor.
     – Boa noite filha.
     – Boa noite Charles. – Nós nos despedimos com um abraço desajeitado e William me levou pela mão até o lado de fora.
     – Aqui não deveria ter um motorista ou alguns seguranças? Quem sabe os dois?
      – Está se acostumando rápido com a vida de princesa maninha, cuidado para não se tornar metida. – Harry apareceu com a chave do carro em suas mão e ele e William começaram uma pequena discussão para ver quem iria dirigir, o ruivo ganhou.
      – Não sabia que o Harry iria.
      – Se eu tivesse contado para o nosso pai ele provavelmente não teria deixado.
      – E por que?
      – Londres tem umas baladas bem interessantes, podemos passar por lá...
      – Harry! – Will repreendeu nosso irmão que que apenas riu.
      – Não se preocupe William, eu nunca levaria nossa irmã para os lugares que eu frequentava antes de conhecer Meg.
      – Que bonitinho, só lembrando que eu posso ir sozinha!
      – Não pode não! – Will e Harry falaram juntos, é estranho pensar que alguns dias atrás eu era filha única e hoje tenho dois irmãos marmanjos e superprotetores.
      Passei o resto do caminho em silêncio no carro, nós três estávamos perdidos em nossos próprios pensamentos.
      – Onde estamos? – Eu perguntei quando chegamos em um prédio alto.
      – No Centrepoint, um abrigo para sem tetos. – Will respondeu saindo do quarto e logo em seguida abrindo a porta para mim.
       Os dois me levaram pela mão para dentro do prédio, parecia ser um lugar especial para os dois.
      Assim que entramos diversas pessoas vieram falar com os dois, o que me deixou surpresa foi que não parecia ser pelo fato dos dois serem príncipes.
     – Harry, William como vão? Vejo que estão muito bem acompanhados hoje. – Um homem se aproximou de nós com um sorriso no rosto.
      – Fred! Estamos ótimos e com certeza muito bem acompanhados. – Harry abraçou o homem feliz e Will fez o mesmo.
     – Amélia. – Eu estendi minha mão para ele que dispensou gentilmente e me abraçou.
     – Eu sou Fred, você é a famosa Amélia! Ouvi muito falar de você, esses dois não pararam de repetir seu nome da última vez que vieram aqui!
     – Não nos entregue Fred!
     – Sinto muito, mas já entreguei William. Tenho que ir trabalhar, foi ótimo rever vocês! 
     – Ele é sempre assim?
     – Como?
     – Energético, animado...
     – Sim, Fred é simplesmente incrível.
     William e Harry me contaram que Fred viveu no abrigo por algum tempo e que mesmo depois de conseguir sua própria casa e um bom emprego continua voltando lá, dessa vez para apoiar os jovens que hoje passam pela mesma situação que ele.
      Meus irmãos me explicaram como nossa mãe se chocou com o número de desabrigados do Reino Unido, como ela lutou por essa causa e fez de tudo para que ainda cedo seus filhos conhecessem os problemas do mundo real, fora dos palácios e longe da monarquia.
     Conhecer um pouco mais sobre o legado da minha mãe me faz sentir que conheço um pouco mais dela, mas não quero só isso, quero me sentir mais próxima dela. Honrar a Princesa de Gales e me mostrar digna do título que foi de uma mulher tão forte com Diana.

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