As vantagens de ser uma plebeia

Clã Spencer

        – Perdão? Acho que me confundiram com alguém, eu já estava de saída. – Eu tentei sair do campo de visão daqueles três estranhos que pareciam analisar cada gesto meu, mas William e Harry me seguraram.
       – Desculpe, isso não acontece com muita frequência, é que algo nesses olhos, nesse sorriso, em você... Me lembra alguém muito especial. – Uma das mulheres comentou enquanto me olhava parecendo emocionada, na verdade era algo nela que me lembrava Diana.
       – Não precisa pedir desculpa tia Sarah, na verdade a senhora está certa, foi por isso que chamamos vocês.
       – Tia Sarah? Por que eu sou sempre a última a saber das coisas? – Eu perguntei mostrando toda minha frustração e fui prontamente ignorada.
       – Por que não vamos para casa? Acho que podemos conversar melhor lá.
       – Claro, tio Charles.
       – Nenhum de vocês quer me levar no colo?
       – Não. – Os dois responderam simplesmente e eu revirei os olhos enquanto caminhava, estou cansada!
       Chegamos a residencia dos Spencer e quando entramos na sala diversas pessoas estavam sentadas no sofá.
       – Bom dia família Spencer! – Harry começou parecendo empolgado e todos os responderam.
       – Queremos apresentar alguém a vocês. – William disse enquanto olhava para mim e eu desejei desaparecer. – Essa é Amélia e Lia esse é o clã Spencer! Essa é Karen Gordon, companheira do tio Charles, e os filhos dele Eliza, sua xará a Amelia e o Louis. – Me surpreendi ao perceber o quanto meus irmãos e eu tínhamos características físicas do Spencer, Louis por exemplo, tinha os mesmos fios ruivos de Harry.
       – Esse é Robert, marido da tia Cynthia e seus filhos: Laura, Alexander, Robert e Eleanor...
       – E por fim, esse é Neil e os filhos dele e da tia Sarah: Emily, George e Celia.
      – Ótimo, agora que as apresentações foram feitas pode me explicar o que está acontecendo? – Cynthia perguntou impaciente.
      – Claro, vamos todos nos sentar. Pode começar... – Will fez uma pausa dramática e logo em seguida olhou para mim. O quê? Não! – Amélia!
      – Eu juro que quando sair daqui vou matar vocês! – William e Harry riram do meu desespero e eu respirei fundo antes de começar. – Tenho certeza que todos vocês sabem que o divorcio de Diana e Charles foi muito conturbado, mas tem algo que ainda não sabem...
       – E o que é? – Sarah me incentivou a continuar.
       – Mamãe estava muito abalada com tudo e com medo de perder minha guarda e a de Harry. – William completou a frase tentando me ajudar.
      – E foi por isso que Diana decidiu não levar a público o fato de que estava grávida novamente, dessa vez de uma menina, nossa irmãzinha, a Amélia! – Harry terminou de falar e dessa vez as reações vieram mais rápido do que esperava.
       – Vocês chamaram todos aqui para isso? Nos apresentar uma impostora, temos mais o que fazer príncipes! – Sarah disse exaltada e Charles concordou com ela.
      – Eu não esperava uma brincadeira desse tipo vindo de vocês garotos, vocês dois sabem mais do que ninguém que a morte de Di é um assunto delicado e insultá-la dessa forma é o cúmulo!
       – Silêncio! Podem raciocinar um pouco por favor? – Cynthia se pronunciou parecendo um pouco com a "voz da razão". – Como é seu nome querida, o adotivo?
       – Amélia Evans senhora. – Cynthia olhou os irmão vitoriosa e os dois desabaram no sofá.
       – Acho que isso quer dizer muita coisa não é? Explica porque nossa mãe deixou alguns milhares de euros em seu testamento para uma " desconhecida" e porquê ela usa o colar da nossa irmã. – Eu levei minha mão ao pescoço instintivamente, a regata que estou usando não esconde muito bem a corrente.
        – Bem vinda a família então priminha! – Louis foi o primeiro a falar algo e veio me dar um abraço, os outros primos fizeram o mesmo e estranhamente William e Harry pareciam querer atirá-los a alguns metros de mim.
       – Essa é a coisa mais estranha que já me aconteceu. – Charles comentou parecendo meio mal, será que ele é cardíaco?
       – O senhor precisa de atendimento médico?
       – Você é medica?
       – Não exatamente, mas eu assisti todas as temporadas de Grey' Anatomy.
       – Eu também querida, mas fracassei quando tentei fazer um curativo. Vocês irão passar a noite aqui? – Sarah perguntou, dessa vez estava calma.
       – Não, temos uma agenda cheia. Foi difícil vir aqui hoje.
       – E vocês só tem a manhã livre. Eu vou dar uma volta por aí e volto em instante ok? – Todos concordaram, acho que sabiam o que eu iria fazer. Depois de fazer o mesmo trajeto de antes para chegar no túmulo de Diana e finalmente poder colocar as flores lá.
       – Oi mãe, eu não sei se a senhora pode me ouvir, mas eu... Sinto sua falta, as poucas lembranças que tenho de você me fazer ter certeza de que é a melhor mãe do mundo, tenho certeza que William e Harry concordam comigo. Eu te amo mamãe. – Depois de colocar as flores no túmulo me sentei alguns momentos na grama, mas enquanto estava de olhos fechados pude escutar a brisa fraca trazer comigo as palavras que me deram a certeza de que ela nunca tinha me deixado: "Eu também te amo minha princesinha." Foi assim que eu consegui lembrar perfeitamente o som doce e melodioso da sua voz.
      
     

       " Feliz natal meus leitores e leitoras maravilhosas!! Ainda estou imaginando um bom presente que poderia dar a vocês como agradecimento por tudo, alguma sugestão? 😉❤🎄"