As vantagens de ser uma plebeia

Sequestrada

        – Então ninguém vai falar nada? – Eu perguntei enquanto as quatro pessoas me encaravam sem esboçar qualquer reação.
       – É meio complicado querida... – Minha mãe disse parecendo pensar em como me explicaria toda a confusão que causaram.
      – Não é não Melissa, são vocês que estão complicando tudo. – O homem deitado na maca falou enquanto olhava para o teto entediado.
      – Calado Edward!
      – Já fiquei calado tempo demais Melissa.
      – Poderia ter ficado mais alguns anos. – Samuel dirigiu um olhar mortal ao irmão que apenas se calou.
      – Bem querida, Diana escreveu algumas cartas contando a verdade, não só para você, mas também para Charles. Essas cartas permaneceram em segredo por muito tempo, até Edward enviá-las. – O tom de voz usado por ela se elevou mais ao falar a última frase, que foi realmente tudo que eu consegui prestar atenção.
       – Enviá-las para quem?
       – Charles. – Os quatro disseram juntos.
       – O que exatamente tem nessas cartas?
       – Você é advogada querida? Tem um senso de investigação bem apurado e...
       – Calado Edward! – Mamãe disse brava.
       – Não sabemos exatamente, foram escritos por Diana.
       – Mas por que entregar só agora mãe? Diana morreu a tanto tempo! – O desespero já tomou conta de mim, não sei o que pensar ou o que fazer. Apenas estou brava por mais uma vez esconderem a verdade de mim.
       – Diana queria enviar essa carta assim que voltasse da viajem de Paris... Bem ela não voltou. – Edward pela primeira vez parecia realmente triste e não irônico. – Nós quatro acabamos decidindo que não seria bom enviar aquelas cartas, não imediatamente, mas isso acabou se estendendo mais tempo do que deveria. – Ele disse enquanto olhava para mamãe e papai.
       – Quando você enviou as cartas?
       – Semana passada.
       – E por que eu só fiquei sabendo agora?
       – Pergunte aos seus pais.
       – Filha, eu posso...
       – Esquece mãe, eu não preciso de mais explicações do tipo "só queríamos te proteger". Quer saber eu vou para casa,  Charles deve receber centenas se não milhares de cartas por dia. Por que ele leria justo a de Edward?
       Eu sai sem esperar que nenhum dos quatro respondessem minha afirmação, meus planos eram realmente voltar para casa, mas pelo visto a noite não estava concordando com meus planos.
       – Com licença, você é a senhorita Amélia? – Uma enfermeira perguntou com um sorriso simpático, mas na verdade ela parecia bem nervosa.
      – Sim, em que posso ajudar?
      – Estão te esperando lá fora, vamos. – Ela me levou até os fundos do hospital e a única coisa que tinha lá fora era um carro totalmente preto com dois seguranças do lado de fora. Ótimo, realmente só estava me faltando ser sequestrada!