Lados Opostos - Cap. 3

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Respirei fundo. Minha vontade era de sair correndo dali, encontrar o John e matá-lo por ter mentindo para mim esse tempo todo.

Voltei para casa. Havíamos combinado de jantarmos juntos naquela noite.

- Trouxe vinho, meu amor. A cada vez que ele me chama de amor, tenho vontade de esfaqueá-lo. Deveria aproveitar, já que estou segurando uma faca nesse momento. O que antes, eu amava ser chamada assim, agora estou detestando. Parece que John ironiza a cada vez que me chama por esse apelido carinhoso.

- Ah, obrigada ! Selamos nossos lábios.

John senta-se a mesa enquanto corto o frango assado que fiz para o jantar. Ele não tira os olhos da faca, parece que esta cuidando de cada movimento meu. Nos servimos e comemos. Mal conversamos, a minha vontade era de falar tudo que descobri; eu realmente me senti traída.

Depois do jantar, John foi para seu apartamento, que fica em frente ao meu.

Estou deitada na cama, porem sinto muita raiva para conseguir dormir. Como pude ser tão burra? Namoro com o tipo de pessoa que sempre abominei.

Olho para o lado e avisto um retrato de John em cima da estante que parece me fitar. Viro o mesmo ao contrário, impedindo de que eu veja. O problema é que não consigo odiá-lo. Será que terei coragem de prendê-lo? Se ele resistir, terei que matá-lo como manda o meu trabalho... Não sei se terei coragem. Se isso realmente acontecer, será ele ou eu; continuar com meu sonho que sempre foi ser agente do FBI ou o amor que sinto por ele. Acabo adormecendo em meio de pensamentos.

JHON: Não consigo ao menos fechar os olhos. Sinto que a qualquer momento Angel irá me prender. Como não percebi antes?

Eu me sinto um idiota por ter aceitado a missão. Mas se eu não cumprir, morro. Tenho certeza que meu chefe desaprovaria minha recusa, pois teria que escolher entre matar minha namorada ou me demitir. Pedir demissão no meu caso é suicídio.

***

- Irei te mostrar um pouco do esporte que pratico. - Digo levando Angel até ao octógono.

Meu pai é quem me incentivou a lutar. No início não gostava, fazia por obrigação, para agradá-lo, mas depois fui admirando o esporte. Agora eu entendo o porquê ele insistia para que eu lutasse. Ele também era assassino de aluguel como eu e sabendo dos riscos que esse trabalho corria me fez praticar para ter como me defender se algo acontecesse.

Ensino a Angel algumas posições de defesa.

- Vamos lutar. - Sorri pela sua ingenuidade. Acredito que suas mãos delicadas não sabem ao menos dar um soco. Aceito sua proposta e começamos a lutar.

- Está indo bem, Angel. - A incentivo. Estou pegando leve. Algumas vezes a deixo me golpear.

Angel me lança um olhar de desafio e golpeia-me com um chute chamado spin back kick. Fico surpreso; onde será que ela aprendeu? Continuamos a luta, ela me da vários socos, joelhadas e cotoveladas. Fico furioso, estou apanhando como uma mulherzinha. Meus colegas de luta riem. A golpeio com um mata-leão e caímos no chão. Ficamos por alguns minutos em silêncio, jamais imaginei que sentiria algo pela Angel alem de amizade. Fico admirando seus olhos azuis, os olhos mais bonitos que eu já vi. São penetrantes, parecem águas cristalinas, sinto vontade de me afogar, afogar-me em Angel. Meus olhos deslizam até chegar aos seus lábios carnudos, sexy... Imagino mil coisas do que ela poderia fazer com sua boca. Eu poderia ficar a observando por anos.

- Quer namorar comigo? Digo até mesmo sem pensar. Estou em transe pela sua beleza. Seus lábios se abrem em um sorriso e me dá um chute no meu ponto fraco. Dou um gemido e deito do seu lado colocando as mãos lá, pois devem esta esmagadas. A dor é tão grande que acho que fiquei estéril. - Era só dizer não. Ela sobe em cima de mim colocando suas pernas em volta de minha cintura.

- Eu quero! Ela me da um beijo demorado, tento me concentrar em seu beijo, mas minha dor é maior.

***

Acordo cedo, ou melhor, não consegui dormir. Vou até a cozinha e, enquanto preparo meus ovos mexidos, pego uma arma escondida dentro de um pote no armário; tenho armas espalhadas por toda a casa. Recarrego a munição da minha pistola.

- John, você viu meu... Me assustei com a presença repentina de minha namorada e disparo a arma contra ela. Por sorte pegou de raspão, fazendo um buraco na parede.

Angel me olha boquiaberta, não acreditando no que eu pude fazer.

- Me perdoe, não foi por querer... Ela estreitou os olhos.

- Foi você que pediu. Angel faz um movimento pegando sua arma e apontando para mim. Corri até meu quarto tentando fugir de seu alcance. Não quero machucá-la, ou talvez, me machucar. - Amor, cadê você? Prometo que será rápido, não vai doer! Debocha.

Rapidamente pego uma arma grande e atiro contra a parede do apartamento ao lado; apenas alguns metros de distancia. A arma lembra á tirolesa. Após um gancho prender a parede olho para Angel.

- Deveria fazer jus ao seu nome, porque de anjo, você não tem nada! Ironizei. Deslizei sobre a corda e já do outro lado do prédio avisto Angel enraivecida.

- Você teve a chance de matá-la e não fez isso? Meu amigo Thomas dizia indignado.

- Você fala como se fosse fácil... Ela é minha namorada. Fiz uma pausa - Ou ex, já não sei mais.

- O que? Eu sempre tive vontade de matar a minha mulher e nunca pude.

- Eu ouvi isso ? Disse sua mulher da cozinha.

- Será que posso dormir aqui hoje? Perguntei.

Antes que Thomas pudesse me responder, sua mulher passa pela sala e disse:

- Não.

- Sim. Retrucou Thomas !

- Eu já disse que não! Ela estreitou os olhos. Já deu pra ver quem manda na casa.

- Viu o porquê tenho vontade de matá-la? Disse baixinho.

- Eu ouvi isso também. Thomas revirou os olhos.

- Tudo bem, irei procurar um hotel.

Escuto a porta do quarto do hotel se bater. Rapidamente pego uma decoração de vidro em cima da estante e me escondo. Sem certificar-me de quem se trata, golpeio na cabeça a pessoa que adentrou ao meu quarto. É a Angel, ela esta desmaiada. Coloco-a em cima da cama, reviro sua bolsa, pego uma algema e prendo-a na cabeceira da cama.

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