Capítulo XIV

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Já haviam se passado algumas semanas desde que descobri a doença de Giselle e desde que minha vida mudou completamente (de novo).
Faltavam 1 mês para a minha formatura e era a última coisa em que eu pensava, não me importava mais, só queria curtir ao lado de Giselle.
Nas últimas semanas eu não tinha saído de perto dela em momento algum exceto para ir a escola. Passava o dia/noite com ela, nossos programas tinham mudado por ordens medicas, então ficávamos basicamente o dia todo assistindo, comendo, conversando e transando (a nossa intensidade nesse sentido não tinha mudado).
Meus amigos me deram todo o apoio, minha mãe e meu pai também, mesmo eu não tendo apresentado Giselle a eles até aquele momento.
Naquele dia íamos ao cinema assistir os incríveis 2, depois eu levaria ela para enfim conhecer meus pais e dormiríamos na minha casa (ela nunca tinha ido lá também).

-bom dia amor -falei enquanto beijava todo o rosto dela.
-bom dia... Por que acordamos tão cedo?
-coloca um biquíni, quero te mostrar uma coisa.
-mas Eduarda...
-calma, não vamos fazer nada que o médico tenha dito pra não fazer, confia em mim.
-ok.

Ela se arrumou e então entramos no carro, levei ela a praia que nos beijamos pela primeira vez.
Mandei ela descer do quarto e então tapei os olhos dela com minhas mão e a posicionei onde eu queria, de frente para o mar com o sol surgindo no horizonte (esqueci de falar que eram 6 da manhã) e então tirei a mão dos olhos dela.

-queria te trazer ao lugar onde tudo começou.
-é muito lindo, mas não precisa me tratar como se eu já estivesse morta.
-não tem a ver com isso Giselle, por um momento eu quero que você pare de pensar no futuro e pense no passado, em como tudo começou, como nós começamos, lembra o que você me perguntou?
-é claro que sim, "você acha nossa relação apropriada?"
-eu não te dei uma resposta concreta, mas agora eu vou dar. Sim, eu acho apropriada, eu acho apropriada por que você me fez ser feliz de um jeito que nunca ninguém tinha feito antes, você me mostrou a felicidade em pequenos detalhes, você é a minha felicidade independente do que acontecer daqui para frente.
-você não cansa de me surpreender, por esses e milhões de outros motivos que eu te amo como nunca amei ninguém.

Nos beijamos e fomos nadar, depois ficamos apenas abraçadas sentindo tudo o que aquela praia nos trazia.
Voltamos para casa e fomos cumprir nosso roteiro, primeiro o cinema depois meus pais.
O filme foi muito bom, eu esperei minha infância toda por ele, mas a "pior" parte estava por vir, apresentar minha namorada com tumor para meus pais. Minha mãe eu sabia que era mais tranquila, mas meu pai não iria aliviar a tensão nem mesmo sabendo da situação de Giselle, e ela sabia disso e estava muito nervosa.
Chegamos atrasadas, mas um motivo para meu pai implicar.

-oi filha.
-oi mãe. Mãe, essa é Giselle, Giselle, essa é minha mãe.
-oi dona Victoria, tudo bem?
-oi minha queria, tudo sim. Agora eu entendo Duda, você é muito linda.
-obrigada.
-vamos, o almoço já está na mesa.

Minha mãe foi chamar meu pai que ainda estava no banho. Quando ele desceu já estávamos sentadas.

-oi filhota, desculpa não receber vocês na porta.
-eu também me atrasei então tudo bem.
-parece que faz anos que não te vejo.
-pai essa é a Giselle.
-a professora que se aproveitou das suas dificuldades escolares?
-PAIII -falei alto em tom de reprovação.
-só estava brincando, calma.

Meu pai passou o almoço inteiro encarando Giselle, enquanto minha mãe não parava de falar. Giselle tinha ficado estranha do nada, respondia o básico, não comeu tudo e assim que acabou de almoçar subiu para descansar enquanto eu ajudava minha mãe com a louça.

-como ela está filha?
-os médicos disseram que ela piorou, nem os remédios paliativos fazem mais efeito.
-e você?
-sem acreditar ainda.
-e sua formatura filha? Você precisa arrumar os preparativos.
-não vou fazer comemorações mãe, não tem nem como.

Foi ai que escutei o grito de Giselle e subir as escadas correndo, ela estava deitada no chão do quarto e me pedia socorro. Meu pai levou ela até o carro e fomos correndo para o hospital, meu coração parecia está em uma maratona de corrida e minha cabeça parecia está em câmera lenta, não conseguia me mexer, estava em transe, deixando meu pai e minha mãe resolverem tudo referente a ela enquanto eu ficava sentada na sala de espera, eu sabia o que vinha depois, só não queria acreditar, eu não conseguia, ainda não estava pronta, só precisava de mais um pouco de tempo, só mais um pouquinho meu amor.

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