Prólogo

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Sexta-feira 13, Setembro, 2013, 01:00.

"Nah, é só um jogo, sua estúpida!" Seus olhos não se desviavam da tela do computador.

"M-mas, Sumaru, a vovó disse que esse jogo é demoníaco e..."

"Onee-chan, a vovó não sabe de nada!" Sumaru revira os olhos, suspirando, como resposta a mais um protesto de sua irmã, Yuma. "E eu tenho 17 anos, ao contrário de você, que só tem 13, bebêzinho."

A garota bufa, claramente insultada pelo irmão, virando-se em direção á porta do pequeno quarto.

"Eu te avisei, Sumaru-kun. Nós te avisamos..."

O rapaz cai na gargalhada após a saída de sua irmã, despachando mais insultos.

"Nha, a bebêzinha tá com medinho, né?" Sua voz torna-se infantil, imitando a um bebê. "Vá, corra para a vovó!"

Agora é a hora...

Sem mais pensar, o jovem Sumaru abre o jogo, que demoraram minutos - que mais se pareceram horas para o mesmo - para ser completado o carregamento.

A primeira coisa que o jovem, com um certo tempo de experiência em jogos de computação, percebera, foi a péssima qualidade dos gráficos.

Havia uma imagem no main menu, de cor vermelha rubro, mais era indefinível, apenas um borrão com manchas pretas. O fundo era uma vastidão negra. Mais vermelho, vermelho sangue, destacava o nome 'The Game - Play With A Demon', um tanto turva, quase ilegível.

A qualidade sonora não ficava atrás, uma música que causaria medo a qualquer sem coragem era tocada ao fundo, mas o que tomava destaque era uma densa estática.

"Que ridículo! Esse jogo não mete medo nem em uma criancinha!" Parecia indignado, sentindo-se ludibriado, enganado. "Eu vou jogar isso e esfregar na cara de Yuma o quão errada ela estava... Eles estavam..."

Sem mais delongas, Sumaru clica em Jogar, em letras também de um vermelho sangrento.

Mais minutos de carregamento. Mais uma tela, novamente a cor vermelha sangrenta. Tal cor estava começando a o deixar desconfortável, afinal a tela estava se sustentando a um certo tempo.

Um letreiro negro se inicia, com o seguinte aviso:

Aviso!:

Não recomendo que jogue este jogo.

Consequências desagradáveis podem acontecer.

Como... A morte...

Mais uma gargalhada de Sumaru ecoa pelo quarto.

"Sério? Que desenvolvedor não gostaria que jogassem seu jogo? Agora, morte? Por causa de uma simples jogatina? Humpft, ridículo!" Incrédulo, ignora o aviso.

E o jogo começa.

Pronto para jogar... Com um demônio?

Sexta-feira 13, Setembro, 2013, 03:00.

"Sumaru-kun...?" Seus pés nus adentram o quarto que tinha como única fonte de luz o PC.

Seus olhos correm pelo espaço, pousando sobre o rapaz com a cabeça repousada sobre o teclado.

"Sumaru? Por que..." Yuma para de caminhar abruptamente quando seu pé toca em algo líquido, quente, sobre o chão, lhe fazendo dar um salto.

Será urina? Não, não, não, Sumaru-kun não chegou ao seu ápice de porquice, chegou?

Força seus olhos em meio a penumbra, percebendo que pisara em... Sangue... Um rastro de sangue, que no final levara á uma poça.

"Sumaru-kun? Sumaru!" Um pânico crescente sobe em seu peito, lhe fazendo correr em direção ao irmão, gritando desesperada. "Sumaru, acorde, Sumaru! A vovó fez tatatas[1] cozidas, Sumaru! Você as adora! Sumaru!!!"

Seus olhos se enchem de lágrimas quando suas mãos tocam a extensão do pescoço do garoto. Havia um corte profundo lá. Abaixo mais 2, totalizando 3 cortes horizontais.

Suas lamentas eram angustiantes. Até que seus olhos, com a vista embaçada, encontram uma faca negra ensanguentada segurada pela mão esquerda de Sumaru.

E-ele não pôde ter cometido suicídio...

Yuma olha pela primeira vez para a tela do PC.

Game Over

You Died...


  ***

Tatatas: Um jeito mais fofo de dizer batatas.

Games And Demons - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora