"Oras, vejo que ainda não desistiram." Havia um brilho obscuro em seu olhar. Uma pontada de excitação na voz. "Isso, de certa forma, é interessante. Me instiga." Dá uma leve risada, que ecoa pelo espaço exageradamente branco.
Não havia se passado nem dois minutos de jogatina, e Subaru já achava que se passara horas. Aquele Demônio não parava de tagarelar coisas triviais, sem conexão com o jog em si, como por exemplo, o êxtase que sente em relação à fome e falta de saneamento básico no mundo.
"Ah!" Após segundos de silêncio, o Demônio se pronuncia novamente: "Yunno Mazuki está me servindo, aqui no Inferno, Yuma-chan, quer dizer, Nee-sama." Tons de provocação e ironia se misturavam. "Uh, e Sumaru-kun lhe mandara lembranças, do Meu Paraíso Particular." Subaru olha de relance para Yuma, notando uma fúria incontrolável em seus olhos. Porém, externamente, não a deixava transparecer.
"Oh! Pois, diga à meu irmão, que quando nós lhe matarmos" Yuma aponta para Subaru, depois para si. ", o tiraremos de 'Seu Paraíso Particular'."
O Demônio solta uma gargalhada de divertimento, como se tudo aquilo não se passasse de um jogo.
"Não, não, não, não siga o caminho do mal, pequena." Balançou o dedo indicador, como se a repreendesse. "Sabe, sou muito incompreendido. Não sou tão cruel, como dizem." Seu tom doce fez Subaru revirar os olhos, incrédulo de tudo o que aquele ser de vestes brancas dizia. "Só por eu ser apenas um discípulo de Satã, dizem que eu sou 'algo' diabólico, que sente prazer em cinzas e destruição. É claro que umas mortes aqui, alguns litros de sangue ali, me fazem bem, mas, só quero que vocês saiam daqui tendo uma nova visão sobre mim."
Subaru e Yuma se entreolharam.
"O que quer dizer?" O garoto apoia suas mãos sobre a mesa branca, lançado um olhar fulminante para o Demônio à sua frente.
"Eu quero dizer que estou interessado em negócios, Subaru-kyun." Redireciona seu olhar para Yuma, que estava visivelmente confusa. Medo escondia-se através daquela camada de gelo. "De preferência à sós, se não se importa, Onee-chan." E em um estalar dedos, Yuma desaparece bem diante dos olhos de Subaru, que se não estivesse sentado, com certeza iria de encontro ao chão.
"O-onde ela tá? Yuma-chan? Yuma?" O rapaz olha ao seu redor, a procurando, perplexo. "O que você fez com ela?"
O Demônio gargalha.
"Como eu havia dito, sou apenas um discípulo de Satã, porém, é natural eu ter poderes sobre-humanos." Mantém um sorriso falsamente meigo em seus lábios. "Ah, como são ingénuos. Por isso que adoro vocês, humanos. Excitão minha curiosidade."
Subaru recompõe sua postura.
"Ok. Obrigado pela pequena aula de 'Demôlogia' e por compartilhar seu interesse em nós. Mas, fala aí, o quê que cê quer negociar?"
"Oh, minha nossa, Subaru! Como você fala de um jeito... Peculiar. Quem sabe mais tarde você possa me ensinar a dialogar assim também, não é mesmo?" Disse entre risadas.
"Mais tarde? Não pretende matar Yuma e eu? Nos acorrentar, chicotear, queimar, ou qualquer outra coisa que vocês, demônios, fazem?"
"Oh, não. Bah, já disse para não acreditar no quê os religiosos dizem! Eu não sou um monstro! Porém, isso faz parte da nossa negociação."
"Que negociação? Por que não me diz logo?"
"Oras, não vou lhe falar, mas sim, lhe mostrar!" Uma espécie de espelho, com uma aura negra ao redor, surge à mais um estalar de dedos, bem diante do rapaz. Nele, havia a cena de uma família reunida. A família de Subaru. "Veja. Eu posso lhe fazer um tremendo favor. Posso lhe trazer pessoas que você tanto amou - e que tanto te amaram. Sua avó, sua mãe e... Seu pai." Subaru arregala os olhos. A visão, vista através do espelho, demonstrava todos os sonhos de Subaru.
M-minha família...
Uma lágrima solitária rola.
"Tudo seria como você sempre quisera. Nada de culpa, remorso. Só a felicidade eterna. Ah, e claro, riquezas e bens materiais, já que nenhum humano sobrevive só a base de amor e alegria."
"M-mas..."
"Claro, sempre há um 'mas'..."
"O que v-você vai querer em troca?" Subaru lhe olha desconfiado, porém, com um brilho de esperança perante a escuridão que lhe fora proporcionado nos últimos dias.
"Nada de mais. Somente sua 'amiguinha', Yuma Hyugga."
"Y-Yuma?" Tal fato lhe atingi em cheio. "Mas isso... Isso seria traição!"
"De certo que sim."
"E-ela confiou em mim!"
"De fato."
"Então... Por quê?"
Pela primeira vez, a expressão doce e gentil do Demônio torna-se entediada.
"Oras, estou lhe oferecendo a chance de sair daqui com vida e sua família de volta! Não irei lhe dar essa oportunidade de graça! E, Yuma poderia ser minha maid pessoal. Você é o protagonista desta história, acho que não gostariam que você morresse. Agora... Se você quer Yuma como esposa, posso lhe dar um mulherão muito mais bonito e quente, se é que me entende, claro." No espelho, a imagem de uma linda mulher, com curvas valorizadas por um vestido branco, é refletida. Subaru cora.
Era uma oferta tentadora. Tudo como antes, talvez até melhor! Mas... Yuma... Ele gostava dela... Mais do que pensara gostar.
Então um estalo lhe ocorreu.
Sua vida não estaria completa sem... Yuma!
"Então, aceitas, jovem Subaru?"
"Não." Responde prontamente.
"Como não?" O semblante do Demônio muda.
"Não aceito."
"Oh, de fato não esperava tal resposta. Espero que esteja disposto à arcar com as consequências."
"E estou."
Mais um estalar de dedos. O espelho some, aparecendo uma Yuma com uma expressão confusa à sua frente.
"Yuma!" Subaru lhe desfere um abraço repentino, mais recebe um soco da parte da garota.
"Não me agarre de surpresa, idiota!"
Subaru não pôde evitar um sorriso de canto.
"Parece que pretendem sair vivos daqui, certo?" O clima é quebrado por aquele ser hostil, que agora estava com um sorriso indecifrável. "É a terceira noite. Então, terão que me matar... Se conseguirem."
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Games And Demons - Livro 1
Random"Agora eu realmente sei o significado do ditado 'Quem avisa, amigo é!'... Já te avisaram que não é legal... Jogar com um Demônio?"