Games And Demons - Livro 1

Capítulo 006

P.O.V's Yuma

Minha cabeça doía. Fora um sacrifício abrir meus olhos. Pareciam pregados.

Meu pescoço estava ardendo. Sinto minhas cordas vocais doloridas.

Estava deitada no chão frio. Estranho. Levanto-me. Vou até o banheiro, vendo meu reflexo no espelho. Eu estava com bolsas abaixo dos olhos, minha palidez às destacavam. Quando meu olhar desce o pescoço, vejo marcas de dedos, já arroxeadas.

Foi então que eu me lembrara do que acontecera.

Ligo meu celular, mas não consigo, pois estava descarregado.

Sobressaída, pego meu sobretudo negro, um celular antigo, jogado sobre a mesa. Corro em direção à porta do meu apartamento.

Saindo, ligo para um número familiar.

Caixa postal! Porra!

"Eu estou indo para sua casa, agora. Se prepare, Subaru-kun."

[...]

Narração

6 anos atrás...

"Qual o seu nome?" Subaru pergunta, sentando-se ao seu lado.

"Y-yang." Sua voz estava embargada, denunciando o fato de que estara chorando instantes atrás.

"Prazer. Meu nome é Subaru. Subaru Itoh." Subaru lhe estende a mão.

Mesmo receoso, Yang, com o rosto vermelho e ruborizado, a aperta.

"Hm... Por que estava chorando, Yan-san?" Ambos soltam-se das mãos.

O garoto hesita.

"E-eu... Ninguém..." O garoto de óculos se enrola nas palavras. "Não consigo... F-fazer amigos... E-eu sou estranho... Um lixo..."

"Ih, rapaz, liga não! Eu sou burro, feio, idiota, lerdo e estranho. Também sou um lixo. Ora bolas, carambolas, temos coisas em comum! Por que não víramos amigos? Hein? Eu também não tenho amigos, todos me abandonaram. Sou meio... Peculiar" Subaru dá uma risadinha, junto com uma piscadela.

"S-sério?"

"Claro! Agora, enxugue essas lágrimas! Juro nunca lhe fazer mal, Yan-san..." Promete Subaru, fazendo Yang sorrir timidamente.

Mas Subaru não cumprira sua promessa...

[...]

"Subaru!" Yuma se joga ao lado de Subaru, escorado na parede da cozinha.

Subaru não estava em sua casa; então só poderia estar em uma casa, deduziu Yuma. Na casa de Yang-san.

"E-eu... O matei..." Chorava desesperadamente.

Yuma se escora na parede também, colocando a cabeça de Subaru em seu ombro.

Ele olhava em um ponto fixo à sua frente. Yuma seguiu seu olhar, se perguntando como não notara aquilo antes.

Uma poça de sangue estava formada. Em cima dela, um corpo, com cacos de vidros e uma armação de óculos estraçalhada ao seu redor, acompanhado de alguns dentes. O corpo de Yang.

"Melhor encontrarmos um saco preto. Não poderemos deixar que descubram." Yuma disse, escondendo seu pânico.

[...]

"Subaru-kyun, por que tá assim?" a pequena Yume pergunta, percebendo o irmão visivelmente aéreo.

Sem resposta. O garoto continuava fitando o chão enquanto faziam o trajeto para casa.

"Subaru-kun!" Yume altera sua voz.

"O quê é, Yume, porra?!" Subaru grita, se arrependendo em seguida.

Yume-chan torna sua expressão um misto de decepção e tristeza.

Subaru suspira. Põe a mão na testa.

"Yume-chan, eu..."

"Eu sinto falta da vovó..." Sua voz estava embargada.

Subaru sente as lágrimas vindo.

"Eu também, Yume-chan..."

[...]

Subaru e Yuma passaram, com muita dificuldade, pelas portas do grande sanatório.

Compraram - com o dinheiro de Yuma - roupas de enfermeiros. Conseguiram um cartão de identificação falso e entraram com êxito naquele lugar um tanto hostil.

"Tem certeza de que Yume-chan está em segurança?"

"Sim, Onee-chan."

Sobem até o último andar, no último corredor, no último quarto.

"Tá trancado!" Subaru exclama quando tenta entrar no quarto e não consegue.

"Homens..." Yuma revira os olhos, e com um chute, quebra a fechadura da porta. Subaru fica boquiaberto. "Fecha a boca, idiota."

"Você é tão durona... Quando tudo isso acabar, lembre-me de te pedir em casamento."

Yuma cora levemente. Já Subaru, ruboriza completamente.

Ambos entram no quarto. Graças ao Universo, a qualidade de segurança desse sanatório era horrível, facilitando a entrada.

Subaru recua, por instinto, dois passos.

"Este é..."

"Yunno Mazuki." Yuma completa. "Uma das últimas vítimas por jogar com um demônio."