O sol se punha no horizonte quando Keith saiu de casa, indo em direção a garagem para pegar sua moto. A carteira veio bem a calhar, assim como a maioridade, afinal, agora não era mesmo obrigado a obedecer seu pai. Pelo menos era o que queria acreditar.
— Vai a algum lugar? — Questionou Shiro sentado em um dos bancos do jardim da frente, fumando um cigarro e acariciando um gato negro que Keith não reconheceu.
— Tem um show rolando, onde acha que eu vou? — Questionou sorrindo ladino e guardando as chaves da casa no bolso.
Shiro acenou para que fosse até ele.
— Só vai para o show? — Questionou erguendo uma sobrancelha e Keith jogou o peso para uma das pernas, cruzando os braços.
— Parece tão estranho assim? — Questionou e Shiro riu segurando a barra da jaqueta de couro de Keith.
— Cento, de um beijo na sua namorada por mim, e diga que quero conhecê-la. — Disse o homem rindo e se levantando ao olhar para a tela do telefone que vibrou com uma nova mensagem.
Keith sentiu o rosto corar com aquela observação e soltou os braços, inquieto.
— Não tenho uma namorada! — Disse ríspido desviando o rosto e se afastando.
— Bem, então está procurando uma, vestido desse jeito. — Riu-se Shiro e o rapaz revirou os olhos.
A caminhada para a garagem era um trajeto curto, apenas cinco minutos da casa, mas para Keith parecia a eternidade, agora por dois motivos.
O primeiro era o irmão estar sendo implicante com ele, e não era de agora que ele insinuava que ele estava tendo um relacionamento as escondidas. Geralmente não se importava e ria com aquilo, afinal, mal saia de casa, e os poucos amigos que tinha preferiam ir até lá para jogar ou nadar. Ele também não entendia o porquê de Shiro sempre escolher insinuar aquilo quando estava falando com Lance por mensagens no telefone, Keith sequer conseguia pensar em uma ligação entre uma coisa com a outra. Eram só mensagens, o que tinha de mais naquilo?
Mas, com Lance na cidade, ele sentia a necessidade de sair e aproveitar a vida fora daquelas paredes, e Shiro insinuar aquelas coisas, naquele momento, o deixava inquieto. Principalmente por não ter uma desculpa para dar pelo comportamento diferente do usual, fazendo o outro ter certeza que sim, ele tinha uma namorada e estava querendo esconder isso.
Mas isso era apenas uma preocupação passageira, chegando na garagem nem mesmo importava mais com o que o irmão pensava que ele fosse fazer e com quem. Pois o segundo motivo, a cada segundo que passava, parecia lhe pesar mais e o fazia bufar irritado e preocupado.
Afinal, esperava uma mensagem de Lance, que não havia respondido nenhuma das que havia lhe enviado durante o dia, o deixando com os nervos à flor da pele. Keith prometia em pensamento socar Lance, cutucar sua ferida, o beliscar na barriga... E todos os pensamentos de como se vingar desapareceram quando o celular tremeu e ele olhou a tela, percebendo que recebia uma mensagem de Lance.
Teve dificuldades para desbloquear o telefone – mesmo que só precisasse colocar o dedo no leitor – e quando abriu a conversa se deparou com imagens horrendas de ferimentos na testa. Keith sentiu o estômago afundar e sem sequer perceber já ligava procurava o número de Lance e discou clicando em desespero e com as mãos tremendo no contato que possuía uma foto que Keith havia roubado do Instagram do amigo – uma onde ele tinha uma coroa de flores na cabeça e usava uma gargantilha, coisas que Keith nunca admitiria para Lance ter achado que combinava com o ele.
— Alá, ele acreditou! Eu falei, Pid! Me deve 10 paus. — Disse o garoto do outro lado, sem sequer dizer alô.
Keith sentiu uma veia pulsar na própria têmpora e desligou o telefone irritado, ignorando as próximas três vezes que Lance tentou ligar de volta, atendendo na quarta sem dizer nada.
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Guillotine (NOVO)
RomanceLance tem uma vida dupla, um passado complicado e um futuro incerto onde apenas dez dias por ano ele tinha paz e podia realmente sentir ser ele mesmo. Ser Lance. Mas conspirações dentro da alta cúpula da rede de trafico podem tomar dele até mesmo es...