Capítulo 2

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Encarei atentamente o sorriso desdenhoso do meu adversário, enquanto ele passava com a BMW ao meu lado.

Era novato.

Deve ter ouvido falar sobre mim, mas mesmo assim me subestimava.

Arturo riu ao meu lado, seus braços cruzados e a cabeça meneando.

— Olha só esse cara.

— Marra de iniciante. — respondi, colocando o cigarro entre os lábios novamente.

— Você também era assim quando começou. — ele virou o rosto para me olhar, sorrindo.

Mudei meu foco para o meu adversário, que estava do lado de fora do carro, rodeado de pessoas. Estava se vangloriando de uma corrida que nem sequer havia ganhado.

— Nunca fui como esse cara. — voltei a encarar Arturo, com um sorriso repuxando o canto dos meus lábios. —  Eu era melhor.

Joguei o cigarro no chão e caminhei até meu carro. Ouvi murmúrios e alguns comentários, dizendo que o show ia começar. Entrei no Lexus e dei a partida, indo para a largada.

Homens e mulheres com copos de bebida nas mãos começaram a aparecer. Eles gritavam e faziam gestos de incentivo.

Não demorou até que a BMW chegasse. Virei lentamente a cabeça, o encarando novamente. Ele acelerava e sorria em desafio.

Neguei com a cabeça, não me deixando levar pelas provocações. Senti todos os possíveis pelos do meu corpo arrepiarem quando vi uma garota gostosa se posicionar entre nossos carros. Ela levantou um lenço vermelho e eu acelerei meu carro, pronto para começar.

A excitação do lugar sempre me deixava em pura adrenalina. A noite estrelada, junto com todas aquelas pessoas encostadas em seus carros, junto de outros corredores e pessoas que iam apenas para não morrerem de tédio em casa.

Era o cheiro de gasolina e barulho de motor rolando. Era uma ou duas garotas no final da noite. Era meu triângulo mais intenso: eu, meu carro e a estrada.

Era a adrenalina.

Era o título de mais uma corrida ganha.

Acelerei quando observei aquele lenço vermelho ser abaixado. O carro entrou em movimento e a gritaria foi absoluta.

Passei a marcha e pelo retrovisor vi meu adversário ficar para trás. Puxei o freio de mão na curva e voltei a acelerar o carro. Em poucos minutos eu estava na linha de chegada, com meu coração dando fortes batidas dentro do peito.

Uma aglomeração se formou em volta do meu carro quando saí. Assobios e elogios chegaram aos meus ouvidos e eu sorri com aquilo. Meu adversário se aproximou com o carro e saiu dele para me cumprimentar.

O descontentamento em sua expressão me fez perceber o quanto ele estava indo falar comigo a contragosto.

— Boa corrida. — ele disse, com a mão estendida para mim.

Eu o encarei e por fim apertei sua mão.

— Tranquilo.

Ele saiu, mas sendo aplaudido pelas pessoas.

Vi Arturo se aproximar sorridente, com um copo de bebida na mão.

— Você é o rei dessa merda, cara. Rodada de bebida para todos por conta do campeão aqui! — ele gritou, e mais uma vez eu quis matá-lo.

Ele gargalhou.

— Você é rico mesmo. — deu de ombros.

Caminhamos até onde Eric estava, sozinho. Coloquei uma perna em cima do capô me sentando e puxei outro cigarro do bolso.

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