Capítulo 23

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JAMES

Beijo sua testa mais uma vez, usando os polegares para limpar suas lágrimas.

A pouco tempo cheguei da viagem, e desde então Evelyn não parou de chorar. Se recusa sentar e aceitar o copo d'água que peguei para ela. Não quer um calmante, não quer nem mesmo as trufas recheadas que ela tanto ama — diria até mais do que eu. —

Sei que consigo alegrá-la, estou dando o meu melhor para ver um sorriso em seu rosto.

Ela me aperta forte. Parece temer alguma coisa. Viajar sem Evelyn foi uma das decisões mais erradas que já tomei, mas não poderia negar ajuda quando uma amiga estava precisando.

De repente, tenho uma ideia. Começo a fungar como ela, forçando meus olhos a arderem. Sinto agora ela erguer a cabeça e me encarar. Os olhos azuis cintilando com as lágrimas.

— O que aconteceu? — ela pergunta.

Aperto os olhos cada vez mais.

— Vou chorar com você.

Ela da uma risada nasalar, voltando a abaixar a cabeça.

— Não seja bobo. Não quero que chore comigo. — diz, brincalhona.

— Se não parar de chorar, é isso o que vai acontecer. — ergo seu rosto para que veja uma miserável lágrima forçada e descarada que possivelmente nem forma uma gota perfeita descer pela minha bochecha.

Finalmente, ela sorri.

E isso me alegra tanto, que por um momento minha cabeça dá pane e eu me vejo sem reação, apenas estudando cada parte do seu belo rosto.

Afasto algumas mechas que caem em frente ao seu olho direito. Limpo a última lágrima que ela derrama, sabendo que aquela seria a última.

— Por que você fez isso? — ela pergunta e entendo bem o que está me perguntando.

Suspiro.

— Porque eu sabia que entenderia.

Evelyn desvia o olhar, umedecendo os lábios.

— Sim, mas, não imaginava que ficaria desse jeito. — ri, voltando a me olhar. — então, como foi? Fiquei tão preocupada com você e... com todos na casa. Essa chuva foi muito forte.

Sorrio com as lembranças que vêm em minha mente.

— Você teve medo dos trovões.

Ela me lança um olhar mortal, mas fragilizado.

— Você sabe que sim, droga. E o pior, você não estava aqui para me abraçar.

Aperto os olhos, trazendo seu corpo para mais perto do meu. Suas suas mãos pequenas em minhas costas e aquilo me relaxa, mas Deus sabe o quanto estou me sentindo culpado agora.

— Me perdoe.

Suas mãos novamente se movimentam, desta vez, sob os fios do meu cabelo. Ela os acaricia, soltando um longo suspiro.

— Claro. Sempre há perdão entre nós.

Volto a olhar para os olhos azuis da loira que tanto amo, buscando nela meu conforto.

Sim, sempre há perdão.

— Juro por Deus que nunca mais me afasto de você. Eu te amo. — beijo a ponta de seu nariz, trilhando um caminho para sua boca.

Começo lento, como ela gosta. Afago seus cabelos e continuo a abraçá-la, pois Evelyn ainda está soluçando por conta do choro. A sinto tão frágil. Pelo gosto do seu beijo consigo sentir tudo. Sua angústia, seu medo, até mesmo sua raiva. O quanto chorou enquanto eu estava fora. Não consigo me imaginar em um futuro em que Evelyn não esteja ou em qualquer lugar. Não mais. Não depois de perceber o quanto é difícil pra mim ficar longe dela.

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