Capítulo 18

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MIA

— Levanta, cambada! O dia já clareou.

Em tom alto, a voz de Cléo me desperta. Não só a mim, mas com toda certeza os outros também.

Eu havia dormido no carro, meio que sentada e deitada. Não pude evitar sentir a dor latejante nas costas, por mais que aquela 4x4 fosse moderadamente confortável.

Mas eu não podia reclamar. Era isso, ou dormir na traseira do carro ou na grama batida da floresta.

Do lado de fora, vejo Ethan girar de um lado para o outro com os cotovelos paralelos ao torso. Estava estalando as costas, e me pergunto se ele dormiu na traseira do carro. Estávamos todos com o rosto muito inchado e tedioso. Mas não podíamos nos dar o luxo de permanecer ali. Tínhamos que continuar.

— Tudo bem, vamos decidir o que fazer. Como vamos pegar gasolina? —  Eric é o primeiro a se manifestar. Está com os olhos presos no celular, provavelmente tentando buscar algum sinal.

— Eu não faço a menor ideia. Estamos num mato sem cachorro, literalmente.

Arturo surge em meio a algumas árvores. Está subindo o zíper da calça jeans no momento em que o olho. No mesmo instante, viro o rosto.

— Calma, Mia. Ele fica tímido quando olham demais. — Arturo me provoca e eu mostro o dedo do meio para ele, que passa por mim sorrindo.

— Talvez devêssemos andar por aí. Pode ter uma casa ou uma cabana aqui por perto. — James fala, se juntando a nós e olhando a mata fechada.

— Não sei se é uma boa ideia. — Ethan pela primeira vez se pronuncia. Seu tom indica insegurança, e percebo o quanto aquela situação toda o incomoda.

Ele quer nos proteger, mas não quer que a gente se separe. E ele estava certo, se isso acontecesse muita coisa poderia dar errado.

— Parece que estamos no começo de um filme de terror. — James diz, com as mãos na cintura e os olhos fixos no céu.

O céu cinzento e fechado nos dá essa impressão. Na verdade, tudo é um fator que contribui com a cena perfeita de um filme de terror.

Jovens perdidos na floresta que não encontram uma saída. O céu nublado, indicando uma possível tempestade e a neblina nas partes mais altas e densas da floresta. O clima úmido e uma brisa gélida que passa por nós de cinco em cinco minutos.

Era realmente desconfortável.

Uma roda se fecha à minha volta. As meninas surgem, uma em cada lado. Alicia estica o corpo e agita os cabelos loiros com os dedos. Cléo está com vergões no rosto e Milena busca esperanças no celular ainda em suas mãos.

— Estou com fome. Só trouxemos essas porcarias de balas? E o café? E os bolinhos? — Arturo reclama, revirando as diversas sacolas colocadas no porta-malas.

— Não tem o direito de reclamar de nada, foi você que nos meteu nessa.

Ele para. Fecha os olhos e os abre demoradamente, soltando o ar devagar. Arturo olha para Cléo, aparentemente tentando controlar um palavrão que quer sair da sua boca.

— Eu já pedi desculpa. — ele diz pausadamente.

Ela revira os olhos, se virando para nós.

— Preciso fazer xixi.

— Eu também. — digo.

— É, eu também.  — Milena e Alicia são as próximas a se pronunciarem.

— Ei, nós vamos fazer xixi! — Cléo grita.

Imediatamente, Alicia cora. Ela da um tapa leve no braço de Cléo, que da de ombros sem entender.

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