Sete anos depois.
A vista privilegiada do café lhe transmitia uma sensação de calmaria junto com o vento fresco que adentrava o local e espalhava o cheirinho do café puro pelos quatro cantos da cafeteria. Depois que voltou da França, aquele lugar era o mais calmo dentre todos que já tinha ido, como se a música calma e baixinha juntamente com o aroma da cafeína e a vista para a movimentação da rua fosse feita especialmente para si. Era naquele conforto que costumava pensar na amargura do passado e nos doces frutos do presente e futuro.
Seulgi levou a xícara de café até a boca, bebericando o gosto amargo e forte do líquido preto, sentindo-se tão bem com sua vida atual que não teve reação alguma ao ver a silhueta bem feita e conhecida da Park Dahyun caminhar tranquilamente na rua ao celular. Não sentiu medo, nem vontade de sair correndo, não sentiu vontade de chorar e nem as náuseas que antigamente era frequente.
No começo, quando passava seus dias infortunados dentro de uma cela úmida e nojenta com mais três presas, por dois anos, sentia o ódio e raiva percorrer suas veias ao ouvir, ou pensar na mulher que lhe destruiu boa parte de sua vida, mas com um tempo, ela foi amadurecendo, chegando a um ponto que nem pena sentia. Para ela, Dahyun era apenas um ser humano que conhecia de vista. Por mais que tentasse esquecer a aparecia amarga e vingativa, não conseguia, de alguma forma, Dahyun fazia parte da sua vida, principalmente daquela parte na qual foi responsável pela aprendizagem e amadurecimento.
- Pensando na Vida, Julieta, Julieta? – alguém próximo perguntou, fazendo com que despertasse de um transe que nem ao menos tinha percebido que tinha entrado – já sei, já sei! – a mesma pessoa gritou, e foi ai que percebeu que não passava da Valentina em mais um dia normal – tá pensando na morte do bode! Ou pode ser também um alienígena dançando Mc Loma. E ai DG, escama é só de peixes Uuaaaaa Cebruthius! Aquela garota é maravilhosa né, bicho. Rainha do meu país Recife, sim senhor!
Não poderia dizer que sua vida na França foi a melhor que já tivera, se dissesse, estaria mentindo. Era um país novo com uma linguagem completamente diferente e costumes que tivera que se acostumar, também. Poderia ter sido mais difícil nesse período de tempo que tivera para estudar, mas tinha conhecido alguém que tinha se tornado sua parceira para o crime. Valentina não tinha a julgado, ela apenas lhe apoiou em sua jornada, e então nasceu uma grande amizade, era como se a garota fosse uma irmã mais nova, não era como se tivesse a Sojin do seu lado, era como se tivesse outra irmã além da Sojin. Seulgi não se arrependia de ter largado a faculdade de biologia no último período para criar um blog de fotografias com uma garota louca que se denominava cupido nas horas vagas. Ela não tinha desistido de seu grande sonho. E não iria desistir do seu mais precioso.
- Eu estava pensando no passado – disse sorrindo, pousando a xícara na mesinha e suspirando – eu estava com saudades daqui.
- Massa bicho, mas me diz ai, quando tu vais atrás do amor da tua vida?
- C-como?
- Tu não se fazes de doida, Seulgi, eu posso ler pensamentos! – replicou a garota com um sorriso vitorioso no rosto, vendo Seulgi encolher seus ombros em sinal de vergonha – eu posso ser trouxa, mas burra eu não sou. Eu já te falei que eu sou a maior cupido que a Quebrada do Vale dos unicórnios já teve! Mas agora é sério, você não pode desistir, você já perdeu tempo demais na França longe da pessoa que você realmente ama.
- Okay Valentina, eu nunca desistir e nunca vou desistir, mas vamos parar de falar disso, esta bem? – pediu ainda risonha, a mais velha endireitou a postura e Valentina revirou os olhos, já sabendo que a amiga iria mudar de assunto – já descobriu alguma coisa bacana para gente fotografar? O pessoal na empresa precisa de conteúdo para atualizar a revista.
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Cidade Estrelada • Seulrene
Fanfiction(CIDADE ESTRELADA VERSÃO SEULRENE) Seulgi convivia com a culpa de algo que nunca fez, e aquilo a consumia a cada dia, chegando ao ponto de pensar em desistir várias vezes. Irene também convivia com uma culpa que nunca teve, mas mesmo assim, consegu...