O silêncio diz muito, Koda

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Novos ciclos começam assim como as estações, a primavera chega com árvores floridas em rosa, trazendo uma sensação de renovação e animação para o primeiro dia de aula. Entrar por recomendação foi uma tarefa fácil, devido ao fato de que minha família era importante no Japão, além das minhas habilidades excepcionais, que me fizeram passar sem ter a necessidade de lutar com aqueles robôs, eu certamente esmagaria todos e poucos candidatos passariam na escola, certamente a escola não quer isso.

Houve uma cerimônias de abertura muito bonita, o diretor falava o que aprenderíamos e como seria as aulas no geral, após isso cada estudante foi para sua sala. Como de costume fiquei na sala 1-A, aqueles que são naturalmente os melhores; havia cerca de vinte alunos na sala e cada um no lugar que desejava, logo o professor Aizawa, chegou na sala fazendo com que todos se calassem. Ele que aparentava estar bem cansado por causa das olheiras.

- Então turma, hoje é o primeiro dia de vocês eu sei, mas nada de moleza e vamos estudar.

Assim ele se virou e começou a passar a matéria na lousa, todos estavam copiando em seus cadernos pois certamente aquilo iria cair em alguma avaliação futura. Os minutos foram passando e de um quadro cheio de explicação, viraram dois, três, quatro; até o momento que o mais velho terminou de passar tudo que queria.

- Pronta sala é só isso, após copiar estão livres. Mas sem muito barulho, eu estarei aqui

Num piscar de olhos o mesmo se colocou dentro de um colchonete em forma de casulo e deitou no chão para dormir.

As aulas naquele dia, e nos seguintes, passaram rapidamente e cada vez mais minha vontade de me tornar uma heroína foi se fortalecendo e criando forma. Tudo era como imaginei que seria, até mesmo as panelinhas de amigos, acabei, por ficar sozinha. Os professores pediam para fazermos seis trios e uma dupla e sempre sobrava para eu fazer com um menino chamado Koda, que não era de falar muito, na verdade quase nada, todo aquele silêncio e aparente indiferença me irritava, não entendia como alguém conseguia me ignorar sem o menor receio. Os trabalhos com o menino continuavam e eu me irritava cada vez mais, "o que eu fiz para ele? " Era tudo que conseguia pensar, ele não era muito inteligente mas aprendia rápido como fazer as coisas e foi desse jeito que conseguimos nos manter juntos, teoricamente.

O tempo passou e logo o verão chegou e fomos convocados a ir para o treinamento de férias, por sorte o grandão passou e fomos juntos. Mesmo com todo o silêncio que reinava quando estávamos juntos, ele até que era legal já que quando eu precisava desabafar recorria ao mesmo e esse me olhava com todo a atenção do mundo, uma forma de atenção que era nova para mim, não que nunca tivesse recebido atenção, mas o jeito que ele se focava em mim, causava sensação antes não sentidas.

Os exercícios do treinamento foram bem pesados, levando os extremos do corpo e pensar que aquele era apenas o primeiro dia foi bem ruim, mas o que levantou o humor de todos foi o jantar feito pelas gatinhas. Nos dias seguintes os treinamentos tiveram o mesmo ritmo, eu sabia que o Koda falava, é claro já que o habilidade dele envolve falar e também que ele era muito tímido, mas não sabia que ele tinha medo de mim. Uma das meninas da sala me disse que ele tinha medo da minha pessoa, aquilo me machucou por alguma razão e fiquei triste ao saber. Eu acabei por gostar da presença dele, pois era apenas com ele que tinha paz e tudo se acalmava, eu podia ser mais eu sem todo aqueles requintes de rico, e era como se eu não gostasse de tudo a minha volta, mas alguns momentos eram demais e queria apenas sumir e ele era minha fuga, aquilo me machucou muito. Ninguém havia me machucado assim antes, será que essa é a sensação de um coração partido, poderia piorar? Não queria descobrir se pioraria iria me livrar daquele sentimento do jeito que sempre fiz, treinando muito.

No outro dia eu treinei como nunca antes, tudo em mim estava destruído. Tanto meu psicológico quando meu físico, o cansaço era muito grande e acabei por me desligar de todos e apenas existir fazendo as coisas no automático. Os dias se passaram e logo fomos despedidos, já que houve um incidente na floresta que deixou feridos e por sorte não fui uma dessas pessoas, mesmo que eu quisesse que tudo voltasse ao normal não conseguia, um dos meus colegas havia sido sequestrado e nos mandaram ficar esperando, apenas assistindo, foi isso que fiz mesmo me sentia uma completa inútil, tanto pelo Bakugo quanto pela minha família que não parava de me atormentar com muitos compromissos da empresa ou reuniões familiares/sociais ou melhor ainda, o divórcio dos meus pais.Tudo estava um caos na minha casa, já não dormia nem mesmo comer de tanto estresse e aquilo estava me fazendo muito mal, me matando por dentro, ao ponto de minha crises de ansiedade voltarem a acontecer. Tudo estava desmoronando muito rápido, e não conseguia me manter de pé, apenas agachar-me e chorar até não ter mais lágrimas para chorar.

Boku no Hero ImaginesOnde histórias criam vida. Descubra agora