Capítulo Um

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Trent

"Obrigada, Londres!" Austin Steel grita no microfone antes que nós quatro saíamos do palco. Eu ficaria horas a mais se pudesse, mas não acho que a equipe iria gostar muito disso, então apenas sorrio para a multidão, dou uma piscadinha, e enquanto vejo algumas mulheres gritando, saio.

Dark Phoenix tem sido minha vida desde que posso me lembrar. A banda era tudo para mim, e eu não trocaria por nada. A adrenalina no palco, o grito da multidão, a música vibrando por cada célula no meu corpo... Era fodidamente fantástico.

"Agora, onde será que eu guardo isso?" Aust perguntou, sarcasmo na sua voz, quando segurava com apenas um dedo o sutiã que uma das groupies jogou em sua direção. Assim que ele tira a camisa, em quase todos os shows, as meninas ficam doidas. Austin ama isso.

"Com sua coleção, talvez?" Connor Hastings, o baixista da banda, réplica, com um sorriso maroto enquanto entrega seu baixo para Jonas, um dos caras da equipe. Ele envia ao homem um olhar que dizia que se houvesse um pequeno arranhão em seu baixo, o garoto estava morto. Eu faço o mesmo quando o menino vem pegar minha guitarra.

"Não é minha culpa se eu sou fodidamente gostoso." Austin diz, e vejo Damien O'Brien revirar os olhos enquanto eu solto uma risada.

Enquanto caminhamos de volta para o camarim, travo assim que vejo uma ruiva passar. Inútil, eu sei. A menina era bem mais alta que o pequeno anjo ruivo, mas eu não podia evitar. Balanço a cabeça e me forço a continuar andando.

"Eu acho que talvez esse tenha sido um dos melhores shows na temporada." Damien diz quando se joga no sofá do camarim, e eu sorrio. Ele dizia isso em cada um dos shows.

Tiro a maquiagem que era forçado a passar do meu rosto enquanto vejo Aust trocar de roupa.

"Vejo vocês depois..." Quando ele sai do camarim, piscando um olho para nós, sei exatamente onde vai. O cara pegava uma menina diferente toda noite, e depois dos shows era pior. Música e os shows te deixavam... Animado.

"O cara não consegue parar quieto." Connor resmunga assim que eu consigo tirar essa merda que Brad, nosso empresário, me forçava a passar antes dos shows, e eu sorrio.

"Não é como se você fosse exatamente melhor, Hastings." Dame murmura, e vejo Connor jogar o travesseiro da cadeira ao seu lado no rosto do baterista. Dame apenas ri, e Connor revira os olhos.

"Vocês são dois merdas... Estou fora daqui." Ele resmunga, e eu solto uma risada alta quando, com a cara fechada, Connor sai do camarim.

"Acha que ele vai jogar?" Dame me pergunta, e meu riso morre. Me jogo no sofá ao seu lado e ficamos em silêncio por um segundo.

Eu conhecia Damien e Connor desde a época da escola. Austin nós conhecemos na faculdade, e os três tem sido meus irmãos desde então. Posso até mesmo dizer que eles me conhecem melhor que eu mesmo às vezes. Por isso, quando Connor teve seu problema com jogo alguns anos atrás, podemos dizer que o resto de nós ficou bastante estressado.

Não era exatamente um vício, já que ele não perdeu todo seu dinheiro, e não ia toda a semana ou algo assim, mas era brabo. Eu, mais que ninguém, sei o que jogos e bebidas pode fazer com uma pessoa. Meu pai era a prova viva que isso poderia foder alguém ao extremo.

"Não sei." Respondo, depois de alguns minutos. "Mas eu não sei se tem algo que a gente pode fazer, Dame." Digo, mas dou graças a Deus quando uma batida na porta interrompe nossa conversa.

Eu realmente não queria falar sobre problemas com vício. Já tive o suficiente dessa merda na minha vida, e Connor sabia muito bem as consequências do jogo em relação a banda. Eu não me importo se ele enche a cara algumas vezes, ou não consegue transar com a mesma garota duas vezes... Mas estar viciado é outra história.

"Meus garotos!" Escuto Brad entrar gritando e suspiro. O cara era um grande pé no saco, para ser sincero. Era um bom gerente, mas não deixava de ser um babaca.

Damien e eu, ambos nos viramos para ele. Brad tinha uma revista na sua mão, e eu soube imediatamente que era uma daquelas merdas de ranking. O roqueiro mais gato do ano, a banda mais famosa... Essas merdas. Brad parecia em êxtase, e eu só faltava revirar os olhos. Não sei porque ele se anima tanto com essas bostas.

Amaldiçoo mentalmente Connor e Aust por terem saído correndo. Os filhos da puta deveriam saber que Brad vinha aqui. Eles sempre saiam depois de um show, mas normalmente demoravam mais que vinte minutos. Eles sabiam que Brad iria encher o saco e se mandaram. Típico.

Brad joga a revista na mesa que tinha na frente do sofá, e eu e Dame nos aproximamos para encarar o que quer que tenha o animado.

Estava aberto em uma página que mostrava uma foto da banda, e eu imediatamente entendi a animação. Dark Phoenix, a banda mais badalada do ano... Sem falar dos integrantes, não é meninas? Juntando a voz de Austin Steel, guitarra de Trenton Prince, baixo de Connor Hastings e a bateria de Damien O'Brien, temos um som maravilhoso! Parabéns aos envolvidos!

Não entendi porque Brad estava tão feliz. Um comentário em uma revista teen não era algo que faltava para nós. Claro, era maravilhoso que tínhamos os fãs e elogios, mas não é como se fosse algo novo. Quando a banda estourou, mais ou menos cinco anos atrás, era novidade. Hoje em dia? Não tanto.

Posso ver que Damien não achou nada demais, mas para não discutir com Brad, apenas sorrio e finjo que é o dia mais feliz da minha vida. Vejo Dame fazer o mesmo, apesar de não ser o melhor mentiroso.

Brad continua falando por um tempo, e confesso que não presto a mínima atenção. Era o de sempre. O show foi maravilhoso, nós somos a melhor banda que ele já trabalhou.

Quando seu foco muda para Damien apenas, pego meu telefone e envio uma mensagem para Connor e Austin.

T: Vocês sabiam que Brad iria falar da revista não sabiam?

C: Que revista?

A: Também não tenho a mínima ideia do que está falando ;)

Filhos da puta. Balanço a cabeça em discrença. Guardo o telefone no bolso e deixo minha mente divagar enquanto Brad não para de falar.

Penso na ruiva que vi depois do show. Ela não era a única que eu tinha, por um segundo, confundido com o anjo. Na verdade, toda a ruiva me fazia travar. Não sei porque, de verdade. Mesmo sabendo que não era ela, meu corpo imediatamente para, até que eu consiga entender que provavelmente não vou vê-la de novo.

Eu não sei porque a menina me cativou tanto. Não sei nem seu nome, e foi a malditos dois anos atrás. Mas talvez seja o mistério que me atrai. A tristeza em seus olhos era curiosa, e eu provavelmente nunca iria esquecer a sensação de seu corpo contra o meu, seu cabelo enrolado no meu punho...

Ela não tinha me reconhecido. Era estranho encontrar uma menina que não tinha a mínima ideia de quem eu era, mas também era malditamente bom. Ser apenas mais uma pessoa, e não Trenton Prince, o guitarrista de Dark Phoenix.

Talvez seja por isso que eu não pude evitar de dar em cima dela naquela noite. Não pude evitar levá-la para um quarto de hotel. Não pude evitar sentir fodidamente mal quando acordei sozinho. Não tinha seu número, não tinha seu nome. Era apenas uma lembrança.

Talvez um dia eu a visse de novo. Deus sabe que eu queria...

Dark Twin - Dark Phoenix (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora