Capítulo Sete

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Trent

Eu estava no meu quarto, no apartamento de quatro quartos que eu dividia com Connor, Aust e Dame. E, como todos os minutos desde ontem, o anjo ruivo não sai da minha cabeça. A ideia de fingir ser Trevor se mostra cada vez mais louca a cada segundo. Eu não poderia fazer isso. Eu não iria. Que tipo de cara finge ser seu irmão gêmeo para conseguir a sua namorada.

Eu passo a mão pelo meu cabelo bagunçado. Mesmo que eu queira a garota do meu irmão, a ideia era muito louca para sequer considerar. Mesmo que dê certo no início, o que nos infernos eu faria quando Trevor voltasse da Espanha? Eu estaria fodido, essa é a resposta.

A porta se abre com força, parando meus pensamentos, e assim que eu vejo o rosto aterrorizado de Aust, sei que esse dia está prestes a se tornar um inferno na terra.

"É Connor. Ele teve uma overdose." Eu pulo da cama, sem ligar para nada. Acho que boto meus chinelos, mas não tenho certeza. Corro pela casa, amaldiçoando por ser maior que o necessário, até chegar ao quarto de Connor. Nada, nada mesmo, teria me preparado para a visão que eu vi ali.

Connor estava caído no chão, algumas pílulas de Deus sabe o que estavam caídas ao seu redor, e Dame estava ajoelhado ao seu lado. Merda, hoje era aniversário de morte da mãe de Connor.

Eu corro para o lado do meu amigo, e alívio me enche ao perceber que ele respirava, mas pânico ainda corria em minhas veias.

Escuto vagamente Aust falando com alguém no telefone, mas meus olhos estavam totalmente focados em Connor. Eu deveria saber, porra. Era aniversário de morte de sua mãe hoje, e Connor estaria fodidamente mal, como todos os anos. Mas eu normalmente estava lá por ele. Hoje, eu estava muito focado na minha vida. Merda, caralho.

Dame tentava acordá-lo, mas eu estava congelado. Esse era meu melhor amigo. Meu maldito irmão de verdade, e eu não tinha prestado atenção. Eu deveria saber, caralho. Deveria estar lá quando isso acontecesse.

Não sei quanto tempo passou até que a ambulância chegasse. Dame e Aust tiveram que me afastar a força de Connor para que os médicos o levassem. E não foi até que eu escutei Dame sussurrar em meu ouvido que eu acordei.

"Eu sei que você se sente culpado, acredite, eu também. Mas você tem que ficar forte, Trenton. Forte por ele, caralho." Era verdade. O que diabos eu estava fazendo, congelado desse jeito? Eu tinha que ficar do lado do meu irmão. Meu irmão de verdade.

Corro para a ambulância, e quando um cara tenta me impedir de entrar, alguma besteira sobre ser da família, eu apenas o envio um olhar assassino e entro. Sento ao lado do corpo dormente de Connor.

Ficar forte. Ficar forte. Ficar fodidamente forte, caralho. Eu tentava repetir na minha mente, para me impedir de pirar. Quando estamos a caminho do hospital, meu telefone apita com uma mensagem de Josh.

J: Vou cuidar para que a notícia não espalhe, e que ninguém saiba de nada.

Honestamente, essa era a última coisa na minha cabeça. Mas mesmo assim, agradeceria se Josh realmente conseguisse que a notícia não se espalhasse. Envio um agradecimento e desligo o telefone. Eu estava totalmente focado em Connor agora. Se eu apenas fizesse isso mais cedo...

"Pare de se culpar, caralho..." Eu escuto a voz fraca de Connor, e olho para o rosto do meu amigo. Porra, ele parecia uma merda.

"Cale a boca e se concentra em ficar bem, porra." Digo, e vejo um sorrisinho puxar em seus lábios antes dele apagar. Os médicos devem ter dado algo a ele, sei lá. Contanto que ele saia dessa.

Eu não posso culpar Connor por isso. Na verdade, eu era o culpado. Deveria ter prestado atenção, sabia que esse dia era o pior dia de sua vida. Exatamente quinze anos atrás, quando Connor tinha apenas dez anos, ele encontrou sua mãe morta na banheira, com seus pulsos cortados. Ele se culpa por isso, eu sabia.

E depois, quando Connor tinha dezesseis, seu pai sofreu um acidente de moto, morreu. Na mesma época. Honestamente, agosto era um mês do caralho para Connor. Eu deveria saber. Tão fodidamente focado em mim mesmo, que não notei.

Connor tinha feito mais que muito por mim. Me ajudou a cuidar de Violet quando éramos só nos e nosso pai, que era a mesma coisa que um peso inútil. Cobriu minhas costas por todos esses anos, e eu não pude impedir uma overdose.

Assim que chegamos no hospital, eu sigo Connor até que eles passam por uma porta, que de acordo com alguns filhos da puta, eu não podia entrar. Eu tento insistir, mas vejo um segurança pronto para chutar meu traseiro para fora, então me contenho. Me forço a sentar na sala de espera, minha cabeça afundada nas minhas mãos.

Apenas noto Dame, Aust e Josh ali quando eles param quase na minha frente. Levanto a cabeça, e Josh imediatamente acena com a cabeça. O recado era claro, ele cuidou de tudo. Essa merda não estaria em todas as revistas por aí. Graças a Deus. Dou um agradecimento com a cabeça.

Dame e Aust sentam nas cadeiras ao meu lado, e eu vejo Josh conversar com alguns funcionários. Não me importo como ele vai deixar isso quieto. Apenas agradeço que ele o faça.

"Devíamos ter prestado atenção, porra. Eu deveria ter prestado atenção." Sussurro, passando a mão pelo meu cabelo, em sinal de nervosismo.

"Nós todos sabíamos que dia era hoje, Trent. Não vote a culpa apenas sob si mesmo." Dame sussurra, e Aust apenas olhava para frente, parecendo assustado como o inferno.

Nós três éramos irmãos. Não importava quem chegou antes ou depois, éramos todos irmãos. Todos nós ajudamos cada um a passar por algo específico, cada um de nós viu a parte mais obscura um do outro. Não importava o sangue ou essas merdas, éramos a família um do outro.

Deixo a minha cabeça cair novamente nas palmas das minhas mãos, que estavam apoiadas nos meus joelhos. Porra. Tem como esse dia ficar ainda mais filho da puta?

"Trevor?"

Aí está a resposta. Tem.

Dark Twin - Dark Phoenix (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora