"South Korea, 1831.
Os garotinhos brincavam com as bolas de gude que ganharam da freira. Mesmo morando naquele orfanato, conseguiam ser felizes — porém apenas nas horas das refeições.
Quando não era hora de comer ou dormir, eram praticamente feitos de escravos pelo dono do orfanato. Com apenas 16 anos, cada um deles aprendeu o significado de ódio e vontade de escapar das garras nojentas de Taesung.
— Baekhyun, você está me devendo uma bolinha de gude! — bradou Junmyeon. O Byun mostrou-o a língua, fazendo de conta que não ouvia, e acabou esbarrando em Yixing, o qual o olhou como se fosse o matar. Porém, o chinês apenas acariciou seus fios e sorriu com ternura, pegou a bolinha de gude que Baekhyun devia a Junmyeon e entregou ao Kim — obrigado, Yixing — deu o sorriso mais puro que já vira.
— Não sei o motivo de procurar vermes — disse Taesung, o dono do orfanato. Gordo, mal vestido e com um temperamento bipolar — mas aqui estão os nove — Taesung franziu o cenho assim que contou apenas oito crianças — cadê o outro?
Yixing olhou em volta. Era Jongdae que estava faltando.
— Jongdae deve estar no quarto — o Zhang disse. Taesung aproximou-se dre Yixing e encarou-o.
— Você é um imigrante ilegal da China, garoto. Eu não quero ouvir nada de você — Taesung cuspiu as palavras no rosto de Yixing, que abaixou a cabeça assim que o dono do orfanato afastou-se."
Kihyun e Changkyun chegaram ao Traveler em dez minutos, Mark preferiu não ficar no café, alugou um quarto e nele se instalou; não era tão longe dali, assim, facilitaria caso os Lim tivessem algum problema.
O de fios alaranjados foi até o escritório de Changkyun, mais precisamente até sua mesa cheia de whisky. Despejou o líquido em um dos copos ralos e decidiu sentar-se no sofá.
— Não beba demais — Changkyun aproximou-se ao dizer e deu um beijo no topo da cabeça de Kihyun.
— Vou esperar Minhyuk e Youngjae chegarem — Kihyun murmurou e Changkyun assentiu, deixando o escritório em seguida.
Kihyun fitou a mesinha de centro e seu reflexo nela: tão distorcido quanto seus pensamentos naquele momento. Problemas atrás de problemas, o que mais faltava naquela família?
Primeiro, Wonho e Hyungwon deixaram Youngjae no Traveler para resolverem assuntos delicados e não deram notícias por um mês até aquela noite. Segundo, o sumiço de Jooheon: aonde aquele garoto estaria? Kihyun quebraria os ossos dele se ele não voltasse com uma boa explicação.
Terceiro, as constantes brigas entre ele e Changkyun. Tudo parecia despedaçar, nada estava em seu devido lugar.— Pai? — era a quarta vez que Minhyuk chamava Kihyun, que chacoalhou a cabeça e sorriu com ternura para o filho — falei para não me esperar acordado.
Kihyun riu sem vontade e estendeu o braço para o mais novo, indicando para que ele se sentasse ao seu lado. Assim Minhyuk o fez, e foi envolvido pelo braço de Kihyun em suas costas, a acariciando, como se aquilo o protegesse dos inimigos que tinham.
— Por que está vestido assim? — Minhyuk indagou.
— Eu e seu pai fomos à uma festa.
— Não quero detalhes — Minhyuk brincou, fazendo uma cara de nojo, e isso fez com que Kihyun gargalhasse.
O de fios alaranjados acariciou carinhosamente o cabelo de Minhyuk, o qual fez menção de deitar-se no colo do pai. Kihyun, com um enorme sorriso, acomodou a cabeça do filho em suas pernas.
— Youngjae já está dormindo? — Minhyuk assentiu — você está bem?
O Lim mais novo dissentiu e fungou. Como estaria bem? Havia acabado de perder Jooheon. Um vampiro sentia tudo triplicado, Minhyuk faltava desabar.
— Ele vai voltar — foi tudo o que Kihyun conseguiu dizer antes de permitir-se chorar com Minhyuk.
E, do batente da porta, Changkyun observava os amores de sua vida. Não quis interromper o momento de ambos, apenas ficou ali, os protegendo com o olhar e um sorriso nos lábios finos. Quando Kihyun ergueu o rosto e piscou múltiplas vezes, em uma tentativa falha de afastar as lágrimas, viu, de soslaio, Changkyun. Sorriu para ele, sem mostrar os dentes e suspirou.
Changkyun sibilou um "eu te amo" antes de girar os calcanhares e voltar para o quarto. Kihyun sorriu fraco com aquilo, e continuou sendo o porto seguro de um Minhyuk entristecido.
Nem tudo estava desabando como Kihyun pensou que estivesse.
[...]
South Korea, 08:03AM.
Kihyun e Minhyuk acabaram por adormecer no sofá, e foram acordados com uma gritaria no primeiro piso do Traveler. Assim que Kihyun abriu os olhos, viu a porta fechada, provavelmente Changkyun a teria fechado na noite anterior.
— O que está acontecendo, pai? — Minhyuk indagou sonolento, e se desvencilhou do colo de Kihyun para sentar-se no sofá.
— Fique aqui, Minnie — Kihyun ditou ao se levantar. À medida que andava, com cuidado para não levantar suspeitas sobre a presença de alguém no escritório, a gritaria só ficava mais intensa. Receoso, olhou para Minhyuk, que engoliu em seco; com o olhar, disse "não saia daí", e abriu a porta.
Hyungwon e Changkyun discutiam. Kihyun não pôde ouvir o que falavam antes, mas ao ouvir uma frase completa soube do que falavam: o repentino aparecimento de Wonho e Hyungwon na festa.
— Vocês deixaram o filho de vocês conosco, Hyungwon! — Changkyun bradou — sumiram por um mês e apareceram naquela festa ontem! Estão escondendo algo de mim?
Hyungwon massageou as têmporas e suspirou.
— Nós também temos problemas, Changkyun. Nosso mundo não gira em torno de você!
— Me cite os problemas!
Wonho olhou para Hyungwon.
— O que, não pode dizer? Somos todos uma família, Chae.
Hyungwon molhou os lábios e sentou-se na cadeira almofadada.
— Fomos para a Inglaterra, ver a cidade, a antiga casa de Wonho — inspirou e espirou — eu queria que Wonho matasse a saudade que tinha de lá. Era um tempo só nosso!
— Bastava dizer que queriam um tempo para vocês, não precisava mentir sobre ter um problema para resolver — Changkyun rebateu. Kihyun apenas observava a discussão, à uns passos de distância.
— Na verdade tinha um problema sim — Wonho se pronunciou e entregou um pedaço de papel a Changkyun — essa carta estava pregada à porta da minha antiga casa.
— O que diabos uma carta tem a ver com o problema?
— Olhe a assinatura no final.
— Baekhyun — Changkyun leu — então eles nos procuravam à um mês?
— Acho que até mais que um mês — Wonho falou ao cruzar os braços — na carta ele só disse que procuraria o garoto-sol.
— Quem é o garoto-sol? — Hyungwon perguntou, curioso.
Changkyun amassou a carta e a jogou no chão com fúria. Em seguida, apoiou ambas mãos nas costas da cadeira à sua frente, e molhou os lábios.
— Baekhyun chamou Minhyuk de garoto-sol na primeira vez que nos encontramos no baile.
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REISENDER: ZERO 「 Changki, 2Won, Joohyuk 」
FanfictionO garoto do Norte nunca teve tantos problemas para resolver como agora. ⚠️ Segundo livro de Reisender ⚠️ 1ª revisão: 07/01/2019 Capa: lindíssima @ykhlips © pinkihyunnie, 2018.