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— Eu não acredito nisso — Wonho disse, incrédulo — não devíamos ter deixado vocês sozinhos.

— Vocês praticamente sumiram naquela floresta, só fomos nos ver de tarde quando voltamos ao Traveler — Changkyun falou.

Kihyun, em um ato de fúria, puxou Changkyun pela gola da camisa e o fez o encarar.

— Acho bom proteger o Minhyuk direito dessa vez — entredentes, disse o de fios alaranjados.

Minhyuk observava tudo do batente da porta do escritório do pai, amedrontado e apreensivo.

— Eu vou morrer? — Minhyuk perguntou, a voz trêmula.

Kihyun largou Changkyun com brutalidade e correu para o filho, o envolvendo em um abraço.

— Ninguém vai te machucar, Minnie — Kihyun sussurrou em seu ouvido — ninguém aqui vai deixar.

— Que gritaria toda é essa? — Youngjae apareceu na escada, coçando um dos olhos, ainda com sono. Porém, assim que viu seus pais, um sorriso desabrochou em seus lábios e ele correu para um abraço caloroso.

Changkyun observou aquela cena e se pegou remoendo o passado. Não deveria ter feito tantas coisas que pudessem mudar seu presente e seu futuro com sua família. Por mais que ele soubesse que era inevitável descobrir seu futuro antes da hora, ele se culpava por tudo o que fez no passado.

Uma lágrima escorreu de seu olho, e Kihyun foi o único a ver aquilo. Fez de conta que não viu, mas mais tarde certamente conversaria com o namorado. Deu um beijo na ponta do nariz de Minhyuk e sorriu.

— Vou deixar vocês na escola, e já que estão atrasados, vão precisar de uma ótima desculpa — Kihyun disse — vão se arrumar — Youngjae bufou, não queria ir para a escola, mas Minhyuk o puxou para cima.

Quando os dois subiram e Kihyun teve a certeza de que não ouviriam a conversa, acenou com a cabeça para Changkyun, para que o seguisse até o escritório. Assim o moreno o fez, e deixaram Hyungwon e Wonho sós.

Kihyun fechou a porta atrás de si e ficou escorado na madeira.

— Você sabe que não precisa se culpar, não é? — o de fios alaranjados falou.

— Eu não estou me culpando — Changkyun rebateu. Kihyun deu uma risadinha e se aproximou do moreno. Ajeitou a gola de sua camisa social e deu-o um selinho.

— Não precisa se preocupar — disse o menor — se sobrevivemos até agora ao seu passado, dessa vez não será diferente.

Changkyun tocou o pulso de Kihyun e o acariciou carinhosamente. Passaram bons minutos de olhando.

— Kihyun, se eu morr... — Kihyun o calou com um beijo.

— Nunca mais diga isso — sua voz saiu baixa — se você morrer, eu não sei o que faço da minha vida — dessa vez, a voz de Kihyun estava falha, a amargura era audível.

— Baekhyun veio colher meus pecados. E de brinde, vai levar minha alma.

Kihyun suspirou.

— A única coisa que ele vai levar é um soco — o menor falou bravo.

— Me desculpe por isso — Changkyun sussurrou. Nesse momento, Kihyun o envolveu em um abraço — eu te amo tanto.

— Eu te amo mais, Chang — respondeu-o na mesma altura — e é por te amar demais que vou ser egoísta e não te deixar morrer.

Changkyun apertou mais o corpo do namorado contra o seu, era tão pequeno, tão magro... era tão seu.

— Nunca mais diga "se eu morrer" — Kihyun disse ao se afastar — temos que ser fortes e proteger nosso filho.

— Pai — Minhyuk abriu a porta — vamos?

Kihyun assentiu e estendeu a mão para Changkyun, que o olhou sem entender.

— O que?

— A chave do carro.

— Se você amassar meu carro, eu... — Changkyun começou mas foi interrompido pelo selinho que Kihyun o deu. Minhyuk gritou, odiava presenciar esses momentos. Aquilo serviu para que Changkyun risse e percebesse que seu pensamento precipitado não tinha motivo.

Ele protegeria qualquer um que ousasse encostar em quem amava. Não mais deixaria pensamentos como aquele o dominar.

Era guerra que Baekhyun queria? Pois ele arranjou uma. E para o azar do Byun, Changkyun tem muito ódio acumulado.

[...]

— Todos estão olhando para Kihyun — Youngjae murmurou.

— É que eu sou muito lindo — disse, convencido.

— Na verdade, você parece ter nossa idade — Youngjae respondeu-o, fazendo com que Kihyun suspirasse.

Os três se sentaram nos bancos próximo à sala do diretor e esperaram por alguns minutos, até que a mãe e um aluno deixaram a sala do homem. Ela tinha uma feição de poucos amigos, talvez o filho tivesse tirado notas baixas.

— Em que posso ajudá-los? — o homem perguntou. Arqueou a sobrancelha ao ver Kihyun ali — é novato?

Youngjae segurou o riso, e Kihyun travou o maxilar. Suspirou profundamente e estendeu a mão para o diretor.

— Sou irmão de Minhyuk — Kihyun sorriu e o diretor apertou sua mão, o cumprimentando com um sorriso também — ele se atrasou porque tivemos que ir ao hospital mais cedo.

— Ele está bem?

— Está, foi apenas um desmaio — mentia bem. Com o tempo, aprendeu direitinho a fazê-lo — Youngjae estava conosco na hora, por isso está atrasado também. Minhyuk e Youngjae podem entrar na sala ainda?

— Eu falo com o professor responsável. Estão na mesma sala? — Kihyun assentiu — vamos, garotos.

Minhyuk tinha prendido a respiração, estava apreensivo. Tinha medo que Kihyun vacilasse e deixasse escapar algo, ainda bem que não o fez. Acenou para o pai, o qual respondeu o aceno com uma piscadela. Em seguida, deixou a sala de espera.

Caminhando pelo corredor, teve tempo para apreciar uma memória que nunca teve o prazer de compartilhar com alguém: como era estudar em um local cheio de pessoas da sua idade? Nos últimos anos, Changkyun ensinou Kihyun o básico, até a dirigir o ensinou.

O de fios alaranjados se pegou sorrindo ao tocar um dos armários de metal. Ah, o Norte o roubou tantas coisas, e pensar que ainda havia pessoas como ele naquele lugar, fazia seu coração apertar.

— Kihyun — uma voz grave o chamou, e olhou na direção daquele que havia aparecido à sua frente no corredor — podemos conversar?

REISENDER: ZERO 「 Changki, 2Won, Joohyuk 」Onde histórias criam vida. Descubra agora