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"China, 1829.

— Você trouxe alguma coisa da Coreia dessa vez? — Yixing perguntou animado, mas quando Changkyun negou, o chinês murchou.

— Quando você visitar meu país, certamente vai comprar muitas coisas — o Lim disse e sorriu — seu pai está? Preciso de uma consulta.

— Está no escritório de sempre.

Changkyun ouviu falar de um médico muito bom que morava na China. Vez ou outra aparecia e usava o homem como seu psicólogo. E, nesse dia, não foi diferente. Distorceu a história para não revelar seu segredo e recebeu conselhos que chegaram a calhar.
Mas ele não foi só para isso. Foi também porque ouviu falar de um garoto suicida, e ele sabia que esse rapaz seria bom para o Clã que estava formando."

— Nós não vamos procurar Jooheon? — Hyungwon indagou quando Minhyuk foi colocar a caixa no carro.

— Não temos como encontrá-lo. É como se ele não quisesse ser encontrado, Hyungwon. O que podemos fazer? Ele sumiu por vontade própria — Changkyun disse.

Hyungwon suspirou. Changkyun havia desistido de Jooheon ou ainda tinha um pouco de esperança que Jooheon apareceria?

[...]

Era a quinta vez que Jooheon socava a porta de metal. As correntes em seus calcanhares não o deixavam tão próximo da porta, o que dificultava seu trabalho de arrombar aquele metal.

— Merda — murmurou quando cuspiu sangue no chão. Estava apodrecendo, não bebia sangue há dias e não via a luz do sol. Perdera a noção do tempo, seu corpo estava relativamente fraco, sequer lembrava de como havia ido parar nesse lugar moribundo.

Mas sabia que devia voltar. Minhyuk estaria o esperando, não é?

— Desista. Eles não vão te procurar.

Jooheon odiava aquela voz. Socou a porta outra vez, amassando-a. Graças ao enorme impulso, a corrente lhe roeu os calcanhares e caiu de joelhos no chão sujo.

— Eles não se esqueceram de mim — Jooheon sussurrou.

— Com o tempo irão.

O Lee gritou, gritou e gritou. Mesmo sabendo que não seria ouvido.

— Pare de gastar o restante de suas energias, Jooheon. Ninguém vai te ouvir e muito menos te ajudar.

— Se você não calar a boca, eu juro pela minha vida que eu vou destroçar sua mandíbula — o Lee rosnou. Merda, estava voltando a ser a fera agressiva que era semanas depois que fora transformado. Socou o chão para acalmar-se e respirou fundo.

— Um de meus garotos viu que seus amigos estão se mudando do Traveler — riu — pelo visto, já te esqueceram.

— Por quê está fazendo isso?

— Porque é ótimo ver a tristeza deles. Eu passei décadas me lamentando pelo o que me aconteceu, e vê-los receber o que eles merecem — suspirou e sorriu — é ótimo — ouviu uma larga porta de metal ser aberta e em seguida, fechada — mas claro que eu não tenho só isso a oferecer para eles. Meus planos irão começar hoje à noite.

Silêncio.
Jooheon agora só tinha a companhia de seu coração inquieto e da nuvem de preocupação que chovia sobre sua cabeça. Precisava sair dali o mais rápido possível.
Andou até próximo da parede, onde as correntes estavam presas e tentou arrancá-las. Como já havia gastado grande parte de sua energia, estava difícil completar aquela simples tarefa. Mas não seria por isso que desistiria, continuou, mesmo que fracamente, a tentar arrancar o metal para que finalmente pudesse fugir.

[...]

— Aonde pensa que vai, Minhyuk? — Youngjae o puxou pela alça da mochila — temos treino agora, ande logo.

— Eu quero dormir, Jae — Minhyuk murmurou manhoso. Mas aquilo não funcionava com Youngjae.

— Que coincidência, eu também. Agora vá se trocar.

O Lim rolou os olhos e seguiu para o vestiário. De sua mochila, retirou o uniforme de treino e começou a desabotoar sua blusa. A dobrou, colocando ao lado da mochila e em seguida tirou a calça. Trajou-se com o uniforme e ao ajeitar o cabelo, sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha.

Molhou os lábios e olhou em volta, dando de cara com um grande nada. Estava ficando paranóico igual Kihyun?

— Minhyuk — Youngjae bateu na porta e jogou o bastão de lacrosse — vamos, Haejun vai ficar irritado.

Minhyuk correu com Youngjae até o campo onde o treino acontecia e viram que o aquecimento em volta do campo havia começado. Quando se aproximaram do capitão, receberam um apito agudo em seus ouvidos.

— Não se atrasem da próxima vez! — Haejun gritou — vão se aquecer para começarmos o jogo-treino!

Youngjae foi o primeiro a juntar-se ao campo, Minhyuk ficou para trás pois sentiu a mesma sensação de minutos atrás, e buscou quem quer que fosse que causava aquela agonia. No lugar de encontrar uma pessoa, encontrou apenas as luzes que iluminavam o campo e a arquibancada completamente vazia.

— Minhyuk, vem — Youngjae sussurrou, puxando o amigo para que corresse com ele — você está aéreo. O que houve?

— Você não está sentindo nada?

— Sim, fome, sono e... — Minhyuk interrompeu Youngjae com um empurrão.

— Uma aura assassina. Você não está sentindo?

Youngjae molhou os lábios, negando.

— Se tiver alguém aqui, quero que leve todos para os fundos.

— E você?

— Vou tentar distraí-lo.

— Minhyuk, você ficou louco?

Assim que o Lim parou de correr, as luzes que iluminavam o campo foram imediatamente apagadas. Os integrantes do time assustaram-se, parando de correr.
E foi na direção das arquibancadas que Minhyuk viu íris vermelhas destacando-se no meio da escuridão.

REISENDER: ZERO 「 Changki, 2Won, Joohyuk 」Onde histórias criam vida. Descubra agora