Mesmo que se desate,
Mesmo que o fio se aporte
De mim léguas, seguirei sendo
O que sou e o que não diz respeito
A outrem além de mim.
Mesmo em minha solidão,
Mesmo que eu olhe e apenas te veja,
És tu quem estarás comigo
Para o resto do que foi ouvido-olvido.
Mesmo sem sequência, paradas, prisões:
Sou eu o teu torto, o teu roto,
Eloquência de me saber inteiro
No murmúrio baixo do pensamento.
Em clara-fulva selva, na confusão
De ser quase bicho ou pedra, coisa,
Ganho ou perda; pouco se me dá.
Fecho os olhos no meio do que digo
Entre tais vezes, preces, lembranças,
Projeções, projetos;
Para ir sendo aos poucos menos,
Até que se fira frechado ao meio
O instante que cai e adormeço.