Pois é. O trem passou,
Levou alguns cujas faces mal vejo,
E me deixou, as mãos vazias, suspensas
Sobre a mala, os sete palmos de algumas
Quinquilharias com que não mais me visto.
Não foram minhas, não foram eu.
Ao menos na nudez sou livre.
Mas sou lâmina a dizer o que sinto,
Perfurando a neve, o tédio do dia
Como as moscas fazem seu trajeto,
De lá para cá, até que, em vertigem,
Anestesiadas, pousem sem sinal de fadiga,
Luta ou ódio.