I - Os primeiros fujões

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Princesa Fizzbang

O aposento era espaçoso, escuro na maior parte e iluminado em diversos pontos estratégicos por tochas dispostas nas paredes e candelabros com velas escuras já bastante consumidas pelo tempo.

Havia uma velha mesa de madeira repleta de frascos com todas as formas e tamanhos, cheios com líquidos de todas as cores. Por toda a extensão das paredes haviam estantes com livros e mais frascos, estes contendo raízes, ervas e até mesmo animais, inteiros ou em pedaços, tudo devidamente conservado.

—Fizzbang! Fizzbang! Onde você está, sua maldita?!

A criatura que berrava tinha quase um metro e cinquenta de altura, mas pesava mais de cento e vinte quilos. Tinha a barriga enorme, ancas largas e grandes seios caídos. As pernas pequenas não conferiam grande mobilidade e ela caminhava de um lado para o outro balançando uma gigantesca colher de madeira, adornada com espinhos para bater cruelmente nos criados.

Era Grapplepot, a terrível rainha dos Goblins, mãe da princesa rebelde qual procurava. Sua maldade só era sobrepujada por sua aparência assustadora. Tinha orelhas longas e pontudas, o olhar amarelado e frio.

Os longos cabelos de fios vermelhos lhe caíam em diversas tranças pelos ombros e pelas costas até abaixo da cintura. Usava uma coroa com o crânio de algum animal – ou seria um Goblin? – em sua fronte e adorava sorrir exibindo os dentes pontiagudos e amarelos.

Sobre a pele verde do corpo todo haviam centenas de tatuagens azuis, cuja finalidade era desconhecida. Chamava a si própria de feiticeira, mas ninguém sabia se era verdade e também não eram loucos de questionar para descobrir. Considerava a si mesma uma ótima cozinheira e o prato que mais gostava de cozinhar eram os inimigos – ou aliados – de quem não gostava.

Estava sempre com a boca e os olhos carregados de maquiagens roubadas de caravanas humanas pelas estradas que circundavam Zaejin. Se vestia com uma blusa curtíssima de alças finas e uma saia curta demais para seu tamanho.

O único ser em quem a Rainha Grapplepot não inspirava medo era Zobeck, o temível Rei dos Goblins.

—Se não aparecer para as aulas de culinária nunca saberá como atrair e envenenar suas vítimas! – berrara enquanto socava a mesa – Juro que quando lhe encontrar irei trancá-la por dois meses no calabouço, sua pestinha! Ou talvez seis. Ou talvez um ano. Quem sabe para sempre!

Não muito longe dali, Fizzbang, filha única da monstruosidade que gritava, ouvia a voz da mãe e continuava seguindo seu caminho a ignorando.

Envenenar os outros? Quem disse que eu quero envenenar alguém? Eu só quer ser bonita! – pensava a garota Goblin escapando por uma passagem que saía do chão para o pátio de onde podia ver as centenas de cabanas dos demais de sua própria espécie.

Envenenar os outros? Quem disse que eu quero envenenar alguém? Eu só quer ser bonita! – pensava a garota Goblin escapando por uma passagem que saía do chão para o pátio de onde podia ver as centenas de cabanas dos demais de sua própria espécie

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~ 2 ~

Rocket

Rocket era um Goblin jovem e inteligente, talvez até mesmo inteligente demais para uma criatura daquela espécie. Vivia sozinho em uma tenda afastada das outras. Anos atrás usava uma caverna subterrânea como laboratório, mas após afundar quase metade da aldeia no chão com uma de suas experiencias, o rei o confinara em um lugar um pouco mais afastado.

—Você ainda irá matar todos nós – dizia outro Goblin dentro do espaçoso aposento coberto de lona – A rainha é adepta do uso de Magia, não sei como ela autoriza que continue com essas bobagens.

—Não é a rainha que autoriza minhas experiencias e sim o rei. E nem ela pode contestar a palavra dele – respondera o mais novo – Ele sabe o meu valor, afinal, todas as armadilhas que mantém o perímetro da aldeia seguro foram criadas em uma sala como essa.

O mais velho era o Shaman da aldeia, um Goblin com mais de cem anos e que vivia nos moldes tradicionais. Andava sempre com um gorro vermelho feito de pele de cervo, bem como um par de galhos de um jovem cervo na cabeça.

—Poderíamos simplesmente nos camuflar – argumentara ele, se apoiando no cajado que também usava como bengala – Podemos fazer isso com Magia.

Magia é apenas ciência que ainda não compreendemos – respondera o Goblin hiperativo enquanto girava uma manivela sem parar.

Rocket era baixo e magro e devido à suas atividades estava sempre com um gorro, luvas, botas e um avental de couro a fim de se proteger de pequenas explosões e leves queimaduras.

O velho Shaman já ia perguntar o que o rapaz estava fazendo quando as luzes em diversas caixas espalhadas pela tenda se acenderam.

—Certamente você leu isso em algum livro humano – protestou – Afinal de contas, Rocket, o que está fazendo? Criando luminárias? – riu debochado.

—Na verdade estou pensando mais longe. É incrível tudo o que podemos fazer usando energia elétrica para ativar. E roubei todas essas peças nos últimos meses de carregamentos que iam e vinham de Adana. Só há coisa de qualidade aqui – explicara o jovem, embora o ancião não entendesse nada do que ele dizia – Agora entra a fase de testes e quando tudo estiver concluído o rei me dará uma cadeira bem ao lado da sua na mesa de jantar.

—E o que exatamente está fazendo? – perguntara o outro com desprezo.

Rocket corria pelo aposento pressionando botões e puxando alavancas.

—Estou criando uma forma de nos fazer voar.

—Voar? Como aves e dragões? Somos Goblins. Goblins não voam – rira o mestre.

—Por enquanto... – o jovem cientista já ia dizer mais alguma coisa quando dezenas de luzes vermelhas começaram a piscar e um som estridente começara a fazer vibrar mesas, bancos e caixotes de madeira – Oh, oh... – emendara cobrindo os olhos com os óculos de proteção de lentes alaranjadas acoplados ao gorro.

O velho Shaman arregalara os olhos.

—O que você quer dizer com oh, oh?

Continua...    

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