Eles são pequenos, verdes, encrenqueiros, trapaceiros, ladrões e têm mais uma centena de defeitos que os fazem ser odiados por quase todas as raças com quem já se envolveram.
Mas individualmente cada um deles têm seus próprios desejos, sonhos e fant...
Scurvy Seadog vira a sombra da rocha onde estivera sentado minutos atrás se transformar. Dando um único passo para o lado, se esquivara do ataque aéreo realizado pelo Goblin que havia escalado até ali.
A criaturinha caíra bem ao seu lado portando a pequena espada. O Garou já estava pronto para chutar o inimigo quando um segundo surgira à sua esquerda. Bloqueara um golpe de adaga na altura da cintura e chutara com força. Mesmo não atingindo o oponente, o forçara a se afastar.
Um terceiro Goblin, magrelo e pouco mais alto que os dois primeiros, surgira correndo e saltara contra ele com duas adagas em punhos. Dessa vez o Garou não deixaria passar a oportunidade de revidar.
Esticando o braço, apanhara Eduh pela cintura em pleno ar, antes mesmo que o jovem Goblin estivesse perto o bastante para agredi-lo. Se aproximara da enorme rocha às margens do lago e arremessara a pequena criatura contra ela. Eduh se esborrachara como se fosse massa de bolo o lançara contra a parede. Enquanto descia escorregando pela pedra, Seadog o alcançara correndo e sem hesitar, o chutara com força.
O poderoso rival estava dando uma surra nos Goblins. Já era esperado, em noventa por cento das lutas que os irmãos cara-de-pau se metiam, terminavam fugindo. Claro que nunca contavam esses detalhes ao narrar suas aventuras.
O inimigo tinha sacado a espada e considerando os gritos que dava, já tinha perdido a paciência para conversar. Rocket lançara três granadas de fumaça em seus pés e isso o cegara brevemente. Porém, tudo que tinham conseguido fazer enquanto o poderoso rival se recuperava fora tirar o inconsciente Eduh da cena.
~ 12 ~
Poder amplificado
—Se desculpe por tentar me agarrar! – ameaçava a princesa.
Caído ao chão, Snothelm cerrava o punho. Tinha a espada na outra mão. Se a criatura assustadora diante de si não entendesse logo o que acontecia, teria que tirá-la do caminho de um jeito ou de outro.
—Você é idiota?! – berrou de volta – Acabei de salvar a porra da sua vida! Devia era estar me agradecendo! Se não os ajudarmos... – continuou apontando para os irmãos cara-de-pau e Rocket – ...assim que aquele monstro acabar com eles vai vir tirar as nossas peles também!
Fizzbang voltara o olhar na direção apontada. O lobo branco atacava Duh, enquanto o irmão do meio carregava o mais jovem para longe da briga. Rocket empunhava uma chave inglesa e tinha uma bomba redonda nas mãos, mas era impossível derrubar um adversário daquele tamanho apenas com aquilo.
Ela jamais admitiria, mas Snothelm tinha razão. Se o Garou derrubasse os outros, em seguida seria a vez dos dois.
—Vai lá ajudá-los! Eu posso fazer algo daqui por vocês! – exclamara – Anda! Corre! Vai logo, merda!
O Goblin caído se levantara ajeitando o elmo de metal. Passara ao lado da garota Goblin com a expressão de poucos amigos no olhar.
—Eu estou indo porque eles precisam da nossa ajuda e nós da ajuda deles. Não pense que estou indo por sua causa, pirralha! – bravejou cuspindo no chão.
As maçãs na face de Fizzbang enrubesceram. Quem aquele servo insolente pensava que era? Até um dia atrás, todos os Goblins eram iguais para ela. E até onde sabia, todos lhe eram submissos.
Até um dia atrás – pensara se focando nas palavras.
Agora ela conhecia cinco que lhe pareciam diferentes. Ainda eram Goblins, mas tinha algo mais neles. E o idiota pouco à frente tinha razão, eles precisavam uns dos outros para sobreviver longe de casa.
—Goburi! Daemon! Emanum! Absos! – sussurrara a garota Goblin enquanto segurava o cajado com a mão esquerda e mantinha os dedos indicador e mestre da outra mão na altura dos olhos.
Snothelm estava entre a princesa e o lobo quando sentira ser atingido pelo choque. Fora como uma lufada de ar quente vindo por trás e passando por todo seu corpo. Respirara fundo tentando entender, porém, não entendera nada. Sentia agora um estranho formigamento por toda a pele.
O mesmo acontecia com os outros Goblins e sem que percebessem naquele momento, todas as plantas próximas, de gramíneas à arbustos e árvores, tinham murchado, perdendo a energia vital que possuíam.
Uma coisa, no entanto, Snothelm percebera. Aquele calor em seu corpo era um sinal de que ele estava mais forte. Magia? Não acreditava em magia. Ainda assim não se importava caso o fosse.
Correra de encontro ao Garou e saltara. Não empunhara a espada e a adaga como pensara anteriormente. Não fora bem uma ideia própria, mas vira quando Duduh saltara agarrando o inimigo pelo braço esquerdo. Havia uma brecha para imobilizar o outro e pensara rapidamente que se o fizesse, os três Goblins livres poderiam desarmar e terminar de render a presa.
Isso sim seria uma história para ser contada – pensara ao refletir que eles, pequenos Goblins, estavam prestes a dominar uma criatura daquele tamanho.
Como normalmente acontecia, as coisas não saíram como tinha planejado. Ou seja, todos pareciam ter tido a mesma ideia de imobilizar o adversário.
Felizmente todos pareciam brevemente mais fortes, mas por quanto tempo o efeito daquela magia duraria?
—Segurem ele! Façam ficar parado! Posso colocá-lo para dormir! – berrava Fizzbang, aparentemente procurando uma posição em que pudesse tocar a face do gigantesco animal caído. Contudo, Seadog se debatia sem parar tentando se livrar das criaturinhas que o seguravam no chão.
—Eu vou matar vocês, seus desgraçados! Esperem só até eu me livrar!
—Segurem! Parem de se debater! Façam ele ficar quieto!
Em meio à gritaria, Eduh despertara. Ainda se sentia atordoado, porém, se lembrara do inimigo que o batera contra a rocha como se fosse pão sovado. Seu corpo não parecia bem, não ficaria de pé por muito tempo. Mas havia algo que tinha de fazer antes de apagar de novo.
Preocupado com os pestinhas que o seguravam, o Garou só percebera que não eram os únicos próximos quando era tarde demais. Arregalara o olho direito, aquele único olho que enxergava quando a pedra quase do tamanho de um coco viera com força na direção de sua fronte. No instante seguinte tudo apagou.
—Também sei como colocar o cachorrinho para dormir – dissera Eduh ao mesmo tempo que também tombava para o lado, novamente inconsciente.
Continua...
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