II - Mais fujões

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Snothelm

O pequeno Goblin estava sentado sobre uma pedra observando o horizonte ao longe, além dos campos, distante na imensidão azul do mar. Era sua função como vigia permanecer ali, atento a qualquer movimento que pudesse significar a presença de um intruso.

Snothelm retirou o capacete de metal e coçou a cabeça desanimado. Havia roubado aquele capacete de uma criança em uma caravana anos atrás. Ainda que os Goblins normalmente usassem gorros ou capuzes, ele preferia aquele tipo de proteção. E cá entre nós, o tamanho lhe servira perfeitamente.

O tempo passava devagar naquelas tardes castigadas pelo sol e como todo dia, o Goblin se esticava sobre a sombra de uma árvore para seu cochilo diário. Snothelm roncava alto, a boca aberta escorrendo baba e meleca escorrendo do nariz. Já havia espantado as borboletas e os pássaros próximos.

Heeeeeelm! Snotheeeeeelm!

Que diabos estava acontecendo? O som explodia dentro de sua mente. Devia estar tendo um pesadelo. Aquela era a voz de Gunner, seu melhor amigo, mas Gunner e ele davam cobertura um ao outro na vigília, enquanto um dormia o outro ficava de olho para que não fossem surpreendidos pelo Rei em um de seus passeios inoportunos.

Cuidado!

O último alerta explodira como se todas as sílabas da palavra tivessem sido pronunciadas em um único segundo. Nesse instante o Goblin despertara.

Snothelm abrira os olhos e  virara a cabeça para o lado em um gesto de reflexo que nem mesmo ele sabia como tinha acontecido. A lâmina cinzenta e dentada da espada do Rei atingira o chão com força, lançando terra e grama em sua face. Sem pensar em mais nada o pequeno ser de pele verde rolara para o lado, se esquivando de mais três golpes consecutivos.

Qualquer ataque daqueles que o tivesse acertado teria lhe partido ao meio.

Zobeck, o Rei dos Goblins, diferente de todos os outros de Zaejin tinha a pele amarelada. Era muito gordo e forte, com um metro e sessenta, altura de um gigante para as pequenas criaturas.

—Agora entendo porque aqueles pequenos ratos vivem entrando em meu depósito e comendo minha comida! – berrara apontando com a espada para o Goblin que se levantava do chão com os olhos arregalados – Porque deixo um inútil cuidando de minhas fronteiras!

—Não, não, não – começara a explicar Snothelm gaguejando e atropelando as palavras – Não é bem assim como o senhor está dizendo. Se me der apenas um instante eu posso explicar. Estava apenas descansando...

O Rei dos Goblins usava um grande cinturão feito de couro prendendo a enorme tanga que cobria seu pequeno sexo. Tinha braceletes escuros e usava um capacete com dois enormes chifres de carneiro selvagem. A cara grande e gorda tinha dezenas de rugas, os traços da idade. Havia quem afirmasse que Zobeck tinha quase duzentos anos.

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