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Primeiro contato
O silêncio às margens do lago era tão profundo que se poderia ouvir uma mosca que passasse zunindo. O grupo de Goblins parecia ter sarado da ressaca que os assombrava em poucos segundos.
Nada melhor que um bom susto para nos trazer de volta à realidade!
Duh e os irmãos sussurravam sobre o que fazer. Trabalhavam bem juntos, mas naquele caso o apoio dos outros idiotas que seguiam com eles ajudaria.
Cerca de dez metros adiante pelo caminho por onde o bando passaria, sobre uma enorme rocha, uma majestosa criatura repousava. Observava o lago diante de si. Embora estivesse desperto, pelos gestos tinha acabado de acordar, assim como eles.
Quando o mesmo se levantara, ficando em pé, todos sentiram o frio que lhes corria pela espinha. Seus pequenos corações, já disparados, batiam ainda mais. Se tratava de um gigantesco Garou branco. Era humanoide, assim como eles, mas poderia bem ter seus dois metros e meio de altura.
Não apenas o dobro da altura de um Goblin, mas a criatura tinha porte físico de um lutador, era musculoso e tinha uma cicatriz sobre o olho esquerdo.
Com certeza é um mercenário, caçador ou algo assim.
Os irmãos cara-de-pau ponderavam que atitude tomar. Não podiam voltar e não podiam avançar sem passar pelo inimigo. O mesmo se vestia com uma calça negra, jaqueta marrom aberta cheia de botões dourados, botas e braceletes de couro escuros. Tinha brincos de argola dourados nas orelhas e carregava pelo menos uma dúzia de armas, pelo que tinham contado.
—Se o matarmos e eu estiver vivo, aquele punhal é meu! – sussurrara Eduh, apontando para uma adaga prateada cheia de adornos dourados na cintura da criatura.
—Quem está aí? – berrara a criatura olhando na direção do pequeno grupo – Sei que estão aí. Apareçam. Vão preferir se mostrar. Não vão gostar se eu tiver de ir até aí fazer vocês aparecerem! – exclamara.
—E agora? – sussurrara Duduh – Parece que não temos escolhas!
A criatura bloqueando o caminho tinha a cabeça de um lobo, mas o corpo era semelhante ao dos humanos, embora muito maior. tinha pelos brancos lhe cobrindo cada centímetro da pele, em destaque nos braços expostos.
—Se nos dividirmos e atacarmos ao mesmo tempo, podemos pegar o idiota de surpresa – dissera Duh, o mais velho e normalmente quem traçava os planos – Não adianta tentarmos matá-lo, os pontos vitais estão um pouco altos enquanto ele estiver de pé. Vamos usar a formação distrair e desarmar, só espero que o imbecil das bombas não nos mate junto com ele.
—Não vou dizer de novo, é melhor aparecerem! – voltara a berrar a criatura – Se não fossem amadores saberiam que o vento está contra vocês, pude sentir seu cheiro antes que se aproximassem cem metros, o cheiro de idiotas há dias sem tomar banho, quem sabe a vida toda! O que vocês são? Zumbis? Apareçam e posso os deixar ir, nem gosto de carne podre mesmo.
Se aquelas palavras eram sinceras, estúpidas ou provocação, uma coisa era certa, alguém tinha se sentido provocada.
Como é que é?
Baixando o capuz, Fizzbang se revelara dando alguns passos à frente. Os demais arregalaram os olhos. Qual o problema daquela garota? Snothelm ficara no mesmo lugar, chegara a pensar em segurá-la, mas era tarde demais.
—Quem você está dizendo que está sem tomar banho a vida toda, imbecil? – berrara a menina Goblin sem sequer considerar a diferença de tamanho entre si mesma e o inimigo.
—A vida toda é um pouco forçado – sussurrara Eduh – Um mês, talvez dois, mas certamente não mais que isso. Qual o problema dessa idiota? – finalmente se descontrolara, ainda tentando manter o silêncio.
Duh esboçara um largo sorriso maquiavélico.
—Não sei o que essa retardada está pensando, mas sei que temos a nossa distração, se espalhem e avisem aqueles dois idiotas para ajudarem! – dissera em um sussurro sacando duas pequenas facas das bainhas.
—O que você é, pequenina, uma fada? Não me lembro de já ter encontrado alguém dessa espécie antes – indagara o lobo.
—Você é idiota ou o quê? Já viu alguma fada verde por aí, cachorrinho?
Como se o sangue tivesse subido à cabeça de repente, o oponente sacara uma adaga e arremessara na direção de Fizzbang. Snothelm saíra da posição camuflada onde se encontrava e se lançara na direção da princesa, derrubando a garota ao chão um segundo antes que a lâmina atravessasse sua cabeça.
Ambos caíram juntos em meio à terra e grama, suas faces tão próximas que o nariz do jovem Goblin se esfregava na pele da garota. Fizzbang o empurrara para o lado e se sentara atordoada, agora sem o manto que usava.
Agora, à luz do dia e sem a capa que usava para se camuflar, todos podiam ver a princesa dos Goblins. Diferente da maioria, que não tinha cabelos, ela tinha uma cabeleira longa e escura, brilhando em tons azulados. Usava uma longa trança que lhe caía pelas costas e seus olhos púrpura emitiam um brilho interior como uma joia exposta ao sol.
Vestia um traje elegante para criaturas daquela espécie, confeccionado em couro e pintado na cor roxa. Era complementado com adornos em cobre que brilhavam e pequenos detalhes com caveiras prateadas.
Arqueara as sobrancelhas e torcera os lábios esverdeados. Sua pele verde emanava um brilho subcutâneo lhe dando o aspecto esmeralda. Estava furiosa – pensara Snothelm. Não parecia ameaçadora, mas furiosa. Sem dizer nada, a garota suspirara e esticara o braço esquerdo para o lado, abrindo a mão. Como mágica um cajado se materializara e ela fechara os dedos o segurando.
—Se me agarrar de novo, eu... – balbuciara em direção ao Goblin que lhe tinha salvo a vida, ignorando o inimigo que os fitava.
—Olha aqui, sua... eu... – tentara revidar Snothelm.
—Se está pensando que sou apenas uma garota mimada e indefesa, vou lhe mostrar que está muito enganado! – berrara a menina.
O Garou apenas encarava os dois, confuso. Qual era o problema daquelas pequenas criaturas?
Continua...
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Uma aventura Goblin
FanfictionEles são pequenos, verdes, encrenqueiros, trapaceiros, ladrões e têm mais uma centena de defeitos que os fazem ser odiados por quase todas as raças com quem já se envolveram. Mas individualmente cada um deles têm seus próprios desejos, sonhos e fant...