Feel Something | J.P.

One.

Doctor Alexa
(Doutora Alexa)

Meu nome é Alexa Santiago, tenho 18 anos e nasci no Brasil.
Eu amo dançar e meu sonho é fazer faculdade de Medicina, mas como muitas pessoas sabem, meu país tem uma leve deficiência quando se trata de educação e "matérias extracurriculares", como a dança.

Desde pequena sempre gostei de colocar a música alta quando estava sozinha em casa e sair dançando pelos cômodos. Por ter uma tia bailarina profissional, já tive a oportunidade de fazer balé e ginástica olímpica, mas nenhum deles me cativou tanto, então eu parei.
Fiz natação e teatro na escola, porque era o único meio de fazer algum esporte ou algum hobby, já que meus pais tinham dificuldades financeiras e até a escola era difícil pagar, mas foi por pouco tempo e logo depois resolvi voltar para a ginástica... De novo, não deu certo.

Provavelmente foi por conta da minha preguiça excessiva.

Fiquei longe de qualquer tipo de esporte durante todo o ensino médio, devido ao vestibular e ao tempo desnecessariamente longo que eu passava na escola. Só ia caminhar de vez em quando para não ficar totalmente parada.

Meu sonho de fazer Medicina veio durante a adolescência mesmo, quando comecei a me importar mais com a minha aparência e querer cuidar mais da minha pele, principalmente meu rosto.
Peguei um amor muito grande por maquiagem (mesmo não tendo quase nada e só ganhando algum item no meu aniversário ou no Natal), mas claro que com tantos produtos na minha pele, isso deixaria meu rosto horrível. Então comecei a pesquisar e me aprofundar no assunto para poder melhor cuidar de mim. Assim decidi que queria ser uma dermatologista.

Ser chamada de Doutora Alexa tem sido meu sonho desde então.

Sem mencionar o fato de que meus pais sempre trabalharam muito e se esforçavam de uma maneira inimaginável para que eu ao menos pudesse ter bons estudos e frequentar uma boa escola. Eu queria retribuir todo o esforço deles para comigo e dar à eles uma vida melhor.

Com a grande dificuldade de passar para uma faculdade pública no Brasil, principalmente pela minha escolha de curso, e também por um outro sonho meu, que era fazer intercâmbio, comecei a pensar na possibilidade de estudar fora.

Minha mãe foi muito resistente quanto a isso e negou veementemente a minha ida... Até meu pai fazê-la mudar de ideia.

Não a culpo por não aceitar, afinal entendo que deve ser muito difícil para ela, como mãe, simplesmente deixar a filha ir morar em outro país totalmente diferente, que fala uma língua diferente, que é bem longe e ter que ficar lá por vários anos.

Sem falar que não seria barato me sustentar nos Estados Unidos e pagar uma faculdade de Medicina, então eu pedi ajuda para a minha tia e ela aceitou de primeira.

Inicialmente eu pesquisei sobre tudo: como eu faria para conseguir ir para lá, poder estudar com alguma bolsa de estudos e ainda trabalhar com algo que não exigisse muito de mim, mas que ainda me ajudaria a ter um dinheirinho e conseguir ajudar meus pais, pelo menos com coisas básicas.

Depois de juntar todas essas pesquisas, conversei com meu pai, esclareci e apresentei tudo o que consegui recolher de informações para que tudo fosse compreendido e aceito da melhor forma possível.
Eles precisavam ver o quanto eu estava interessada e empenhada para fazer isso dar certo. Precisavam notar a minha responsabilidade (a qual eu tentei melhorar bastante ao longo do tempo em que sondava meus pais) e a minha seriedade no assunto.

Após a confirmação de meu pai, pedi que me ajudasse a convencer a minha mãe.
Ficamos dois meses tentando, até que, no dia do aniversário dela, quando fui entregar o seu presente, ela virou para mim e falou: