Two.

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New York

Claro que minha mãe não me deixaria ir sozinha para um país totalmente novo pela primeira vez, então ela viajou comigo e ficaria até eu já estar devidamente habituada.

A empresa nos providenciou um hotel até que eu me instalasse no dormitório da Universidade e enviou uma pessoa para nos ajudar. A mulher morava em Nova York há 7 anos e trabalhava para essa empresa há 4, e fez questão de nos tranquilizar quanto a tudo.

A primeira coisa que fizemos foi entregar os documentos que faltavam para a faculdade, pegar os meus horários/aulas do semestre e pegar as chaves do meu dormitório. Eles disseram que o nome da menina que dividiria o quarto comigo é Veronica, e eu realmente gostaria de me dar bem com ela, se não fosse pedir muito.

Demorei dois dias para conseguir arrumar tudo no dormitório, que era somente meu até agora. Todas as minhas roupas já estavam no armário e nas gavetas, e a parte do banheiro e da cama estavam organizadas também.

Eu já tinha confirmado a matrícula na escola de dança e fui em algumas entrevistas de emprego. Acabei escolhendo por trabalhar em uma sorveteria perto do dormitório da faculdade, que era uma gracinha. Tinha tons pastéis de azul, rosa e amarelo e era bem vintage. Eu trabalharia aos sábados e domingos nos turnos matutinos e vespertinos.

Eu estava tão animada com tudo o que estava acontecendo e o que estava por vir, que mal podia esperar para começar essa vida nova. Sabia que iria sentir muita falta dos meus pais, da minha casa e do Brasil, mas tinha certeza de que tudo valeria a pena no final. Tenho o objetivo de dar uma vida melhor para os meus pais e retribuir pelo menos uma parte da ajuda que minha tia e eles haviam me dado, então eu não pretendia desistir tão fácil assim.

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Após já ter tudo praticamente pronto, minha mãe teve que voltar ao Brasil. E aí sim era a minha hora de encarar tudo sozinha, me virar como desse.

Comecei a trabalhar antes mesmo de as aulas começarem e até estava gostando. Demorei um pouco pra pegar a prática de fazer aqueles sorvetes de casquinha perfeitos, então o dono me colocava pra servir outras coisas quando dava.
O chefe e todos os funcionários que trabalhavam comigo foram super compreensivos e me ajudavam sempre que podiam... Ou riam da minha cara quando eu ficava nervosa e o meu inglês embolava todo.

Assim como o trabalho, também comecei as aulas de dança. A academia era bem grande e possuía salas bastante espaçosas. Descobri que o sistema não funciona exatamente por turmas, as pessoas são divididas em 3 níveis, mas que podem se misturar para algumas apresentações.

Eu fiz o teste de nivelamento e fui colocada no nível 2, o intermediário. Havia um cronograma geral de aulas e eu poderia escolher o horário que eu quisesse; cada aula tendo 2 horas de duração e cada dia tendo uma coreografia diferente. No entanto, se em algum dia fosse uma apresentação só de mulheres, por exemplo, as garotas de todos os níveis poderiam se misturar para dançar. Essas aulas são chamadas de HeartStyle e os alunos podem montar a coreografia que quiserem com quaisquer alunos que se propuserem a dançar, por isso os níveis se juntam.

Eu achei que a minha primeira aula seria um desastre, mas acabou sendo melhor do que eu imaginava. A professora era animada e ficava incentivando todo mundo, ensinando a coreografia com a maior paciência. Fora que quem não conseguisse pegar a coreografia inteira na aula que foi, poderia ficar para treinar mais na aula seguinte. Como consegui pegar logo na primeira, não precisei ficar para o próximo horário.

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As primeiras semanas em Nova York foram literalmente o que eu sempre sonhei. Todas as pessoas pareciam me receber muito bem e até agora eu estava me adaptando.

Feel Something | J.P.Onde histórias criam vida. Descubra agora