Four.

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Reggaetón Lento

O primeiro semestre morando em Nova York acabou sendo mil vezes melhor do que eu esperava. Tudo estava saindo exatamente como planejado e até melhor.

Eu adorava o emprego, estava amando as aulas da faculdade, que eram de ficar boquiaberta (sem mencionar a Universidade, que é um dos lugares mais lindos que eu já vi) e a Academia só completava esse pacote maravilhoso. O Tom, depois de 2 meses, me passou para o nível 1 e eu não podia ter ficado mais animada. Eu mal tive tempo de assimilar que 6 meses já haviam se passado.

O Natal estava quase chegando, então começaram os feriados e ficaríamos sem aulas até a metade de janeiro. Eu queria muito voltar para o Brasil e passar as festas com a minha família, matar as saudades. Porém no contrato da empresa de intercâmbio dizia que eu não poderia voltar ao meu país de origem, apenas poderia receber visitas dos meus parentes por pouco tempo.

A Veronica iria ficar com a mãe durante esses feriados, então eu ficaria praticamente sozinha. O que me manteria distraída seria a dança e o trabalho na sorveteria aos fins de semana, quando eu encontraria a Roni também.

Por falta do que fazer, ia todos os dias para a EDA aprender coreografias novas e cumprir o que havia prometido para o Tom. Eu estava dando o meu melhor sem sombra de dúvidas.

Faltando por volta de uma semana para o Natal, o Tom enviou um comunicado para o meu e-mail, solicitando a minha presença na Einheart Dance Academy naquele sábado à noite. Só continha isso na mensagem, não explicava mais nada. Por mais que minha mente quisesse criar várias histórias e eu começasse a ficar apreensiva, tentei ao máximo não me preocupar.

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Já no sábado, me encontrei com a Roni na hora do trabalho e a perguntei se ela também tinha recebido o e-mail do Tom. Minha surpresa foi quando ela negou, porque eu achei que todos haviam recebido. Ela ficou super eufórica, falando que provavelmente ele iria me contratar para dar aulas, que seria alguma surpresa só para mim, etc. Tudo que eu fiz foi rir da cara dela e lhe dizer o quão tola estava sendo.

Após meu expediente ter acabado, fui direto para a Academia. Como ainda faltava algum tempo, tomei banho e coloquei uma roupa que havia levado, sem ser de academia. Mas caso precisássemos dançar, eu tinha levado uma roupa para isso também. Depois de pronta, fiquei esperando por alguns minutos na recepção, até a Iris chegar. Ela me desejou um breve "boa noite", que eu respondi, e sentou no banco em frente ao meu.

— Por acaso você sabe o motivo daquele e-mail? — Perguntei.

— Eu achei que fosse algo importante, mas você está aqui... Então sei que não é nada demais. — Ela respondeu, cruzando os braços e eu revirei os olhos.

— Qual o seu problema comigo, afinal? — Não me contive.

— Não tenho problema com você, eu só não concordo com a ideia do Tom de enfiar você no nosso grupo. Nós somos quatro desde sempre, eu não sou obrigada a aceitar.

— Eu sei que deve ser chato ter uma "intrusa" no seu grupo, mas isso não é culpa minha. Não fui eu quem pediu pro Tom me colocar no seu grupo, então não é em mim que você tem que descontar sua raiva. Mesmo que você não seja obrigada a aceitar, educação é primordial. — Falei com a maior naturalidade e ela me olhou por um instante antes de respirar fundo e se pronunciar.

— Tem razão. — Em nenhum momento ela pediu desculpas pelas suas grosserias, mas eu já imaginava que isso não ia acontecer.

Ficamos em silêncio, até outras duas meninas entrarem na recepção junto com o Tom. Uma delas era do grupo da Iris, a Rachel, que tinha gostado da minha escolha musical no dia da aula HeartStyle, e a outra eu não conhecia, mas ela se apresentou como Jade.

Feel Something | J.P.Onde histórias criam vida. Descubra agora