Capítulo 2 - Sentimentos

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Lá estava ele. Encostado na soleira de sua casa.

Tinha crescido bastante, usava uma camisa xadrez por cima do blusão verde, uma calça jeans e um par de tênis desbotados. Estava mais velho, diferente. Porém, ainda era o mesmo cabeça de bigorna por quem ela era apaixonada.

"Helga mudou bastante" pensou Arnold. Ela ainda usava rosa como ninguém, mas seu estilo tinha mudado um pouco. Seu corpo estava mais desenvolvido e ela parecia mais baixa do que ele. A monocelha, pelo menos, continuava lá. Ele amava aquele pequeno detalhe em seu rosto.

- Arnold, é você mesmo? - disse Helga. Tentando ao máximo não gaguejar.

- Eu mesmo, em carne e osso - ele se endireita e começa a descer os degraus. - Desculpa não ter avisado que vinha. Era meio que uma surpresa e...

Assim que ele desceu o último degrau, Helga se jogou em seus braços. Havia lágrimas no seu rosto.

- Seu idiota! Eu estava com tanta saudade!

- Que saudade que estava da sua voz me xingando - disse Arnold, retribuindo o abraço.

Ele não percebeu, mas estava chorando também. Foram tantos meses longe dela, que sentir o seu perfume de novo, poder toca-la de verdade, fazia o seu coração balançar.

- Seus pais vieram também? - perguntou Helga, se afastando um pouco.

- Vieram sim. Estão na pensão desfazendo as malas. Eu deveria estar ajudando também, mas queria passar aqui pra te dar um presente.

- Presente? Que pres...

Arnold puxou Helga pela cintura e tocou seus lábios como teclas de piano. Suave e sem pressa. Tinha ficado muito tempo longe daqueles lábios, precisava senti-los novamente. O gosto ainda era o mesmo: cítrico no início, mas adocicado no final. Um beijo único no mundo.

- Adorei o presente.

- Achei que fosse gostar.

- Então, o que quer fazer agora, cabeça de bigorna?

- Pensei em darmos um passeio no parque. Só passar um tempo juntos, sozinhos.

- Me parece uma excelente ideia.

- No caminho pode me contar como foi o primeiro dia do ensino médio.

- Você vai voltar para a PS 118?

- Já estou devidamente matriculado.

Helga não pode conter o sorriso. Arnold não só estava de volta, como também voltaria para a escola. Os dois poderiam se formar juntos e ir ao baile juntos. Seus sonhos ganhavam cor.

Os dois deram as mãos e foram andando. No meio do caminho, Arnold foi cumprimentado por vários vizinhos. Recebeu beijos e abraços. Porém, Helga sempre interrompia, puxando o Arnold para longe.

- Dêem espaço pra ele respirar, recém voltou de viagem. Além disso, a namorada aqui quer passar um tempo a sós com ele.

Eles riam e deixavam, por fim, o casal passar. Arnold prometia voltar outro dia para conversar e contar as novidades.

Assim que chegaram no parque, sentaram num banco. O mesmo banco do episódio do ovo. Depois de tanto tempo, quem diria que eles voltariam à aquele mesmo banco, não como amigos de escola, mas como namorados? O destino era realmente uma coisa engraçada.

- Parece que foi ontem que tive de me despedir de você. Foi um dia doloroso.

- Para mim também, mas vamos pensar no agora. Em eu e você.

- Tem razão.

- Como está sua família?

- Continua bem. Big Bob ainda está comprando flores para Miriam e Olga continua suportável.

- Fico feliz em saber. Você merecia muito mais do que aquilo que tinha antes.

- E tudo graças a Dra. Bliss. Ela é um verdadeiro anjo da guarda.

- E eu sou o que?

- Meu príncipe encantado, idiota!

- Me dá mais um beijo, minha princesa - Arnold pegou gentilmente o rosto de Helga e beijou seus lábios. - Estava com saudade disso.

- Nem me fale.

Seus olhos dilatados se encontravam em perfeita harmonia. Naquele momento, não existia mais nada. Apenas os dois no mundo. Tudo não podia ficar mais perfeito.

- Helga, eu te amo. Não se esqueça disso, tá?

- Eu também te amo, cabeça de bigorna idiota. Sempre irei te amar.

Mais um beijo por entre sentimentos jogados ao vento.

Segredos & IntrigasWhere stories live. Discover now