T8 C1: Dia um.

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Luciane sentou-se nos degruas da varanda de sua casa. As mãos sujas de sangue e um semblante devastador de quem acabará de perder alguém. Ela puxou uma folha dobrada do bolso, uma carta.

Isaac: É a carta dele? - se aproximou e encarou o pedaço de papel na mão da tia.

Luciane: Sim. - disse com a voz embargada.

Isaac: Eu sinto muito, tia...

Luciane assentiu e forçou um sorriso para o sobrinho. Isaac começou a caminhar para longe e Luciane abriu a carta.

"Mãe, se estiver lendo isso agora, aconteceu. Quero que não sofra. Sabíamos que não seria fácil. Tudo que fizemos, foi por um propósito. Perdemos nossos amigos, você me perdeu. É o que acontece em uma guerra. Quando decidi arriscar tudo, sabia que isso poderia acontecer. Talvez eu tivesse perdido você. Quero que saiba que apesar de tudo, eu não me arrependo de nada que fizemos. Aquela manhã, no dia um, eu disse que morreria por vocês se fosse preciso. Eu não me arriscaria em vão. Cuide de todos. Cuide do Gustavo, da Molly, mas antes de cuidar deles, cuide de você. Eu te amo. João."

Luciane secou as lágrimas que escorreram pelo seu rosto e olhou para o céu azulado com um sorriso no rosto.

______________

ANTES.

MOLLY.

João abriu a porta do nosso quarto comigo em seus braços e me colocou na cama. Ele fechou a porta às pressas e retornou para mim.

João: Está pronta? - perguntou, sorrindo.

Molly: Sim.

Fiquei de joelhos no colchão e me aproximei da ponta da cama para tocá-lo. Passei a mão por seu torso e levantei sua blusa. Passei a peça pela sua cabeça e ele a jogou no chão.

João: Espere.

Ele caminhou até o outro canto do quarto e começou a mexer em uma das gavetas da cômoda. Fechei os olhos e aquela voz familiar invadiu meus ouvidos.

Não era João...

Abri os olhos e João não estava mais no quarto. Em seu lugar estava Liam, apontando uma arma para mim.

Liam: Tire a roupa. - ordenou.

Tentei puxar o ar numa tentativa falha e ele destravou a arma. Senti meus olhos marejarem e os fechei novamente. Não os abri até escutar o disparo efetuado dentro do quarto.

Ao abrir os olhos vi meu sangue manchando o lençol e a pistola esfumaçado na mão de Liam. Ele me fitava com ódio...

Senti meu corpo sendo chacoalhado e abri os olhos. João estava ao meu lado, por mais que sua expressão ainda entregasse seu cansaço, conseguia perceber uma pontada preocupação. Fitei o relógio na cabeceira da cama. Ainda era madrugada.

Foi um pesadelo. Tudo não passou de um maldito pesadelo...

João: Você estava se debatendo e resmungando. Tive que acorda-la. Tudo bem?

Molly: Sim. Foi só um pesadelo.

João: Quer conversar?

Molly: Não. - fiquei em silêncio por uns segundos e levantei da nossa cama. – Vou beber água. Volte a dormir.

Ele assentiu. Olhei para o berço antes de sair, Gustavo continuava dormindo. Saí do quarto, desci a escada, cruzei a sala e adentrei a cozinha. Liguei a luz e sentei na cadeira perto da bancada. As lágrimas rolaram automaticamente e fui tomada por um choro intenso.

Zumbis: O Começo do Fim (Rascunho)Onde histórias criam vida. Descubra agora